Publicado em 1 de outubro de 2019 às 18:31
FolhaPress - Diante do impasse nas negociações com os sindicatos sobre o acordo coletivo de trabalho, a Petrobras comunicou a seus empregados que começará a retirar benefícios e migrar para a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Para parte deles, será oferecido acordo individual, com alguns benefícios adicionais.>
O anúncio aumenta a crise entre a estatal e as federações de petroleiros, que vêm tentando negociar sem sucesso os termos do acordo desde maio. Em setembro, a pedido da empresa, as conversas passaram a ser mediadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), mas também não houve aproximação.>
Em comunicados aos trabalhadores nesta terça-feira (1º), a direção da estatal diz que, como o acordo atual encerrou-se nesta terça, "a Petrobras esta iniciando a migração para a legislação trabalhista vigente, uma vez que, na ausência de acordo coletivo, a empresa não pode ter práticas distintas das previstas em lei".>
Com a migração para CLT, os empregados perdem benefícios como adicional de férias de 100% do salário, adicionais por tempo de serviço ou ajuda para educação de filhos na universidade -que constavam de acordos trabalhistas assinados nos últimos anos. O índice de reajuste será zero.>
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Para empregados com nível superior e salários acima de R$ 11.678, é oferecido um acordo individual, possibilidade estabelecida pela reforma trabalhista de 2017. Neste caso, o reajuste proposto é de 70% do INPC, conforme a empresa propôs desde o início, e são mantidos alguns benefícios.>
Ao todo 6.692 dos 44.845 empregados estariam elegíveis para negociar individualmente.>
A empresa disse que, em caso de novo acordo coletivo ou decisão em dissídio, os empregados que optarem pelo acordo individual podem migrar para os novos termos. >
Depois de questionamentos pelo TST, os sindicatos ganharam novo prazo e têm até quarta (2) para decidir se levam a proposta do tribunal a assembleias. Em despacho publicado na segunda, o vice-ministro criticou a postura das entidades e afirmou que os termas eram mais favoráveis do que a proposta original da Petrobras.>
Há no TST a preocupação de que a estratégia sindical tem como objetivo forçar uma greve de conotação política contra a venda de refinarias da estatal. Os petroleiros, por outro lado, dizem não aceitar a perda de direitos e que só levariam aos trabalhadores uma proposta da empresa.>
Em apresentações internas, a estatal alega que seu custo com pessoal subiu 56% desde 2014, para R$ 21 bilhões, o equivalente a 40% de seu investimento ou 90% do lucro de 2018. Diz ainda que entre 1995 e 2018, concedeu ganho real acumulado de 40% aos seus empregados.>
A empresa argumenta também que eu efetivo tem baixa produtividade em relação aos seus concorrentes -US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 4,5 milhões) em receita gerada por empregado, contra US$ 4,9 milhões (R$ 20 milhões) da Shell e US$ 4,4 milhões (R$ 18 milhões) da Equinor, por exemplo.>
Ao mesmo tempo em que propôs os cortes, porém, a estatal aprovou um novo programa de distribuição de lucros que beneficia os empregados com cargos mais altos na hierarquia enquanto o presidente pode receber até 13 salários, um empregado sem função gratificada receberá, no máximo 2,6.>
Procurada, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) disse que ainda esta discutindo a proposta do TST e questionou o anúncio de mudanças sem que a Petrobras tenha se manifestado sobre a proposta de mediação. A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) informou que terá reunião nesta quarta para discutir medidas cabíveis.>
A entidade já vinha se posicionando a favor de greve em caso da retirada de benefícios.>
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