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PEC dos Precatórios decreta morte da regra de ouro com atalho no Orçamento

PEC dos Precatórios decreta morte da regra de ouro com atalho no Orçamento

Considerado um dos pilares necessários para o equilíbrio das contas públicas, o dispositivo impede a emissão de dívida pelo governo para o pagamento de despesas correntes

Publicado em 10 de agosto de 2021 às 15:41

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Fachada do Ministério da Economia, em Brasília
Fachada do Ministério da Economia, em Brasília. (Washington Costa/Ministério da Economia)

PEC dos Precatórios entregue na segunda-feira (09), pelo governo ao Congresso Nacional decreta a morte da "regra de ouro", uma das principais normas fiscais que vigorou no País desde a Constituição de 1988. Considerado um dos pilares necessários para o equilíbrio das contas públicas, o dispositivo impede a emissão de dívida pelo governo para o pagamento de despesas correntes, como salários e conta de luz, por exemplo.

O problema é que desde 2014 a arrecadação de tributos e as demais receitas correntes não têm sido suficientes para cobrir todas essas despesas do Orçamento. Os sucessivos rombos nas contas públicas nos últimos anos forçaram todos os governos desde então a pedirem autorização ao Congresso para usar os chamados créditos suplementares, a única exceção hoje prevista na regra de ouro.

Somente no ano passado, o crédito suplementar aprovado pelo Congresso para burlar a regra de ouro totalizou R$ 346,6 bilhões O valor se refere a despesas orçadas antes mesmo da pandemia que não teriam cobertura pela arrecadação de tributos prevista para 2020. Em 2019, esse crédito extra somou quase R$ 260 bilhões.

Em todos os últimos anos o governo enviou ao Congresso uma proposta orçamentária incompleta, dependente da aprovação desses créditos extraordinários para ser de fato executada em sua totalidade.

O que a PEC dos Precatórios propõe agora é simplesmente um novo atalho para burlar a regra de ouro, permitindo que o governo se endivide para pagar despesas correntes desde que isso já esteja incluído na própria proposta orçamentária.

Dessa forma, o governo não mais precisaria negociar com os parlamentares a aprovação da fatura adicional do orçamento, ficando livre para pagar despesas correntes com a emissão de mais dívida.

Ao ser questionado pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) sobre a sentença de morte para a regra de ouro, um técnico que acompanha o Orçamento federal confirmou que a PEC dos Precatórios de fato enterra a norma fiscal, mas avaliou que ela já tinha de fato pouca serventia nos últimos anos - em que o teto de gastos se tornou praticamente a única âncora fiscal do País.

De acordo com o Tesouro Nacional, no acumulado em 12 meses até junho de 2021, as receitas com operações de crédito superaram as despesas de capital em R$ 96,8 bilhões.

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