Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 15:41
- Atualizado há 5 anos
Questionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após novos reajustes dos preços dos combustíveis, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, não planeja ceder à pressão por sua saída do cargo. >
A avaliação interna é que a decisão cabe ao conselho de administração da empresa, que tem boa avaliação da gestão atual e é formado hoje, em sua maioria, por executivos independentes do governo. Na terça (23), o colegiado discute a composição da diretoria, cujo mandato vence em março.>
O assunto já tinha sido pautado antes mesmo das queixas de Bolsonaro e a expectativa da empresa era pela recondução de Castello Branco.>
As declarações de Bolsonaro sobre mudanças na empresa pegaram a cúpula da estatal de surpresa. Castello Branco tem se mantido em silêncio e a companhia até o momento não se manifestou sobre o assunto.>
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Entre os 11 membros que compõem o conselho atualmente Bolsonaro teria ascendência apenas sobre o presidente do colegiado, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira.>
Se Castello Branco mantiver a posição de permanecer no cargo, portanto, o presidente da República teria que convencer o conselho atual ou convocar uma assembleia de acionistas para renovar o colegiado, já que a última palavra é dos conselheiros.>
O acionista controlador tem outros cinco representantes no conselho, além do próprio presidente da empresa. Mas optou por escolher nomes no mercado financeiro -ao invés de membros do governo, como ocorria nas gestões petistas- com o objetivo de blindar a empresa de ingerência política.>
Outros três membros são indicados pelos acionistas minoritários e o último, pelos trabalhadores da companhia.>
Indicado pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, Castello Branco foi nomeado no fim de 2018 e reconduzido para um mandato de dois anos em 20 de março de 2019.>
Não é a primeira crise entre o presidente da República e o comando da estatal. Em 2019, a empresa chegou a recuar em um reajuste no preço do diesel após interferência de Bolsonaro. A iniciativa levou a estatal a perder R$ 32 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.>
Naquela ocasião, Castello Branco defendeu que uma nova paralisação de caminhoneiros provocaria prejuízos à economia. "Faz parte da minha atividade como administrador não só olhar para os retornos mas olhar para os riscos", afirmou.>
Desta vez, Bolsonaro demonstrou irritação com declarações do executivo em evento dias antes da frustrada greve dos caminhoneiros do início de fevereiro, quando Castello Branco disse que a insatisfação da categoria não era um problema da Petrobras.>
Na quinta (18), logo após o anúncio de reajustes de 15% no preço da gasolina e 10% no preço do diesel, lideranças dos caminhoneiros voltaram a se queixar, culminando com a reação do presidente em sua live semanal.>
As críticas recentes de Bolsonaro aos reajustes dos combustíveis geraram reações também das outras petroleiras que operam no país, que divulgaram um posicionamento por meio do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás).>
"Neste mercado com múltiplos agentes, a dinâmica de preços livres deve ser preservada, com alinhamento à paridade internacional, equilibrando a oferta e a demanda. Os derivados são commodities comercializadas internacionalmente e a paridade traz previsibilidade e transparência ao mercado", disse a instituição.>
As empresas defendem que a liberdade de preços é fundamental para a atração de novos investimentos em logística e refino de combustíveis.>
A Petrobras disse que não comentaria o assunto.>
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