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Meirelles: 'Primeiro, preservar vidas. Depois, a economia'

Meirelles: "Primeiro, preservar vidas. Depois, a economia"

Ele também explicou o que vê de diferente em relação à crise financeira de 2008, quando ele era presidente do Banco Central

Publicado em 25 de março de 2020 às 15:42

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Durante participação em conferência online transmitida ao vivo pelo BTG Pactual, o secretário da Fazenda e do Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, fez críticas à postura do presidente da República, Jair Bolsonaro, na condução da crise do coronavírus e disse quais são as suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020.

Henrique Meirelles
Henrique Meirelles foi ministro da Fazenda no governo Lula e disputou contra Bolsonaro em 2018. (Rogerio Resende/Divulgação)

Ele também explicou o que vê de diferente em relação à crise financeira de 2008, quando ele era presidente do Banco Central (BC), no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao comentar o pronunciamento feito por Bolsonaro, Meirelles disse que, "como todos os brasileiros de responsabilidade e senso crítico", recebeu mal o discurso do presidente. "Compete ao presidente liderar o país na direção certa, enfrentar a crise de saúde primeiro, preservar vidas e, depois, trabalhar na recuperação da economia", disse o secretário, que foi candidato à Presidência da República em 2018, ano da vitória de Bolsonaro.

Meirelles, que também foi ministro da Fazenda no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), considerou positivo que muitas autoridades do país tenham reagido ao pronunciamento do presidente, "com muita firmeza e mantendo o direcionamento de proteção da população".

O secretário evitou fazer críticas às medidas econômicas do governo. Afirmou que as apoia e que, quando tem alguma sugestão, encaminha ao Ministério da Economia. "Pregando o confronto já basta o presidente Jair Bolsonaro, que já é muito. O restante da sociedade tem de ser unido e com o pé no chão", afirmou.

CENÁRIOS

Meirelles afirma que trabalha com um cenário no qual o PIB brasileiro passa por uma retração de 10% no segundo trimestre. Com o início de recuperação de julho, a economia deve terminar o ano, portanto, com recuo de 3%, ele estima.

Segundo ele, se as projeções dos infectologistas estiverem corretas, de a pandemia atingir o pico em 60 dias e começar a cair em mais 60 dias, a economia poderá se recuperar rapidamente. "Mas a rapidez vai depender dos efeitos que a pandemia tiver na população", ponderou.

O secretário, que elogiou o trabalho do BC em adotar medidas que deem liquidez ao sistema financeiro, disse que a diferença da crise atual para a crise de 2008, quando ele era presidente do BC, é que, à época, sabia-se "totalmente" as causas do problema, ligadas ao sistema financeiro, e a duração projetada, para poder tomar as medidas. "Agora é diferente, não se trata de uma crise com causas econômicas ou financeiras. Para projetar a saída da crise, é preciso saber a duração", comentou Meirelles, em referência às incertezas que existem quanto à extensão da pandemia.

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