Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 09:44
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Estudo da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), que desenvolve projetos de inovação para o governo, mostra que o país precisa resolver ao menos dois problemas para aproveitar as vantagens que a telefonia 5G oferecerá ao setor produtivo.>
O país está carente de mão de obra qualificada e precisa ajustar a tributação à realidade dos negócios em tecnologia.>
O 5G permitirá velocidades de conexão à internet sem fio dez vezes superiores às do 4G, abrindo caminho para o que se chama de internet das coisas, pivô do projeto do governo conhecido como "Indústria 4.0".>
Para o presidente da ABDI, Igor Calvet, o país precisará de mão de obra especializada para desenvolver plataformas digitais e operar com dados em massa se quiser surfar na onda dos benefícios advindos da tecnologia de quinta geração.>
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No entanto, a grade curricular ainda está concentrada em profissões tradicionais.>
O resultado disso, segundo pesquisa recente da agência, é um déficit de 38 mil profissionais por ano na área de tecnologia em funções relacionadas a automação, robótica, tecnologia da informação, big data, programação, entre outras, pilares da economia digitalizada.>
"As escolas formam 32 mil profissionais nesse segmento por ano, mas o mercado tem mais de 70 mil vagas", diz Calvet. Por isso, a ABDI, em parceria com entidades do Sistema S e com os ministérios da Economia e da Educação, está trabalhando para modificar o catálogo nacional de cursos técnicos.>
"Hoje, na ABDI, mapeamos as competências do setor privado. Tentamos, pela primeira vez, promover um encontro entre a oferta e a demanda.">
Se avançar, será a primeira vez que o setor produtivo conseguirá influenciar na definição da grade curricular, que terá de ser aprovada pelo CNE (Conselho Nacional de Educação).>
A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que presidirá a recém-criada Frente Parlamentar do Varejo, Ecommerce e Franchising, é uma dos congressistas que encamparam a causa. "Não podemos desperdiçar essa oportunidade que a tecnologia 5G abre para o país", disse. "Com a internet das coisas, haverá uma revolução na produtividade. No campo, era assim. Queremos levar essa inovação para o varejo.">
A economia do comércio (em lojas físicas e virtuais) movimenta 3% do PIB. Para a senadora, com as novas possibilidades tecnológicas, será possível dobrar essa participação.>
No entanto, ela considera a falta de mão de obra especializada uma das barreiras a serem vencidas.>
"Tem gente deixando as profissões tradicionais para se dedicar à programação. Precisa resolver esse gargalo.">
A senadora foi escolhida pelo setor para liderar o varejo na esfera legislativa e replicar o que ela fez com o agronegócio.>
Segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a frente deverá entrar em atividade no início de 2020 e já tem a adesão 35 senadores.>
O estímulo à qualificação profissional será um dos cinco projetos a serem defendidos pela frente no Congresso.>
Mas nada disso, diz a senadora, terá sentido se o Ministério da Economia não resolver outro problema: a isenção de tributos para os chips 5G.>
Hoje, diversas máquinas de venda automática operam com chips de celular. Meios de pagamento também acessam contas bancárias via internet (por chips) das operadoras.>
Com o 5G, mais máquinas poderão desempenhar diversas outras funções e até "conversar" entre si.>
Pela legislação vigente, a União cobra de cada chip de celular R$ 14,29 por ano entre tributos e contribuições. Na telefonia celular (voz e dados) os serviços geram receita considerável por chip.>
Na comunicação entre máquinas, essa receita média por chip é estimada em R$ 12 por ano pelas operadoras. Ou seja: mantida essa estrutura tributária, a internet das coisas se torna inviável e, sem ela, o país avançará lentamente na era da indústria conectada.>
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