Publicado em 29 de outubro de 2020 às 15:43
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (29) que a decisão de Roberto Campos Neto de vazar conversas privadas não condizia com a atitude de um presidente de Banco Central de país sério.>
Maia usou uma rede social para criticar Campos Neto por expor um diálogo com o deputado em que o presidente do BC questionava sobre a tramitação de reformas econômicas.>
"A atitude do presidente do Banco Central de ter vazado para a imprensa uma conversa particular que tivemos ontem [quarta] não está à altura de um presidente de Banco de um país sério", escreveu, em uma rede social.>
Na quarta-feira (28), o presidente do BC ligou para Maia cobrando a votação de reformas.>
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O presidente da Câmara, então, respondeu que Campos Neto estava ligando para a pessoa errada, porque quem estava obstruindo as votações na Casa era a base do próprio governo. Campos Neto teria, então, divulgado o diálogo a jornalistas.>
Maia já havia feito declarações contra a base do governo na terça-feira (27), antes do início de mais uma sessão deliberativa que foi encerrada por obstrução.>
Na ocasião, ele criticou a estratégia adotada pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) para tentar vencer a disputa pelo comando da CMO (Comissão Mista de Orçamento), que se tornou uma prévia da sucessão à Câmara.>
Lira, que quer substituir Maia na presidência da Câmara, tenta emplacar um nome para comandar a CMO. Maia defende o acordo feito em fevereiro entre partidos para eleger o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) como presidente do colegiado.>
Maia, então, afirmou que a obstrução da base atrapalha a votação de medidas importantes. "É um direito. Agora, quando também tiver uma medida provisória importante que vá vencer, talvez outros façam obstrução para que o governo entenda que a Câmara precisa trabalhar", complementou.>
"Espero que a responsabilidade prevaleça em relação à obstrução que, no meu ponto de vista, não tem relação com a Câmara dos Deputados.">
Na mensagem crítica a Campos Neto na rede social, Maia não abordou a ofensa feita pelo ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) na mesma rede social.>
No sábado (24), Maia disse que Salles, "não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo". Na noite de quarta, Salles chamou o presidente da Câmara de "Nhonho", em referência a personagem do programa humorístico Chaves.>
Nesta quinta, Salles afirmou que suas redes sociais foram usadas "indevidamente".>
"Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto à conta do Pres. da Câmara dos Deputados, com quem, apesar de diferenças de opinião sempre mantive relação cordial", afirmou o ministro na mesma rede social, nesta manhã.>
Após a publicação, a conta do ministro Salles foi bloqueada, um sinal de que o ministro pode ter acionado o procedimento de segurança para invasões.>
Os atritos com Campos Neto e com Salles se somam aos embates, por ora suspensos, que o presidente da Câmara teve com o ministro Paulo Guedes (Economia). No auge da crise, Maia chamou Guedes de "desequilibrado" depois que o ministro afirmou que o deputado estava travando privatizações.>
Não foi a primeira desavença pública entre ambos. Na entrega da reforma administrativa, no início de setembro, o presidente da Câmara deixou evidente, em entrevista à GloboNews, que ambos não estavam conversando e que havia encerrado, na ocasião, a interlocução com Guedes.>
Ambos já tinham entrado em atrito durante a tramitação da reforma da Previdência. Após o desgaste, Maia passou a falar apenas por meio de interlocutores.>
O ministro se irritou com a estratégia adotada pelo deputado e passou a cobrar de sua equipe que, caso fossem procurados pelo presidente da Câmara, encaminhassem a demanda para Guedes.>
A divergência se aprofundou durante os debates sobre a reforma tributária. Maia estaria estimulando o repasse de recursos a estados e municípios, a título de compensação pelas mudanças, em detrimento da União (ponto que desagrada Guedes).>
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