Publicado em 24 de setembro de 2021 às 18:07
Mesmo com desempenho negativo na sessão, em que acompanhou o mal-estar externo, o Ibovespa conseguiu interromper série de perdas que já durava três semanas, desde a virada de agosto para setembro, para acumular leve recuperação de 1,65% no agregado de segunda a sexta-feira. Hoje, cedeu 0,69%, aos 113.282,67 pontos, entre mínima de 112.504,99 e máxima de 114.062,20, da abertura. O giro financeiro ficou em R$ 29,6 bilhões. No mês, o Ibovespa limita as perdas a 4,63%, que chegaram a superar 8% no pior momento de setembro - no ano, cai agora 4,82%. >
Após relativa distensão nos últimos dias, a retomada da percepção de risco sobre a China manteve os mercados globais na defensiva desde cedo nesta última sessão da semana, afetando o Ibovespa. Investidores globais que possuem títulos da Evergrande em dólares não receberam o pagamento de juros que deveria ter sido feito ontem. Além disso, a aversão a risco foi reforçada pela proibição da China à negociação de criptomoedas - pressionando abaixo o valor das moedas virtuais nesta sexta-feira.>
Com a aversão a risco desde o exterior, setores e empresas de maior peso no Ibovespa, que mostravam ontem recuperação em geral bem distribuída, voltaram a cair hoje, ainda que moderadamente, devolvendo parte da recuperação do dia anterior, a terceira seguida. No plano doméstico, o dia também foi de ajuste na curva de juros, nos vencimentos curtos como nos longos, com mais uma leitura acima do esperado para a inflação, desta vez para o IPCA-15 de setembro, no maior nível para o mês desde 1994.>
"Os mesmos problemas continuam no radar à medida que nos aproximamos de outubro: inflação em alta, o 'tapering' nos Estados Unidos e a Evergrande, na China. O desconforto com a inflação talvez ajude a impulsionar a definição de questões importantes, como os precatórios e avanço nas reformas. Lá fora, o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, hoje, não trouxe sinal novo sobre o tapering e, na China, a injeção de recursos no sistema financeiro sugere que as autoridades podem vir a tratar a Evergrande como 'too big to fail", evitando crise sistêmica como a de 2008, nos Estados Unidos", diz Victor Licariao, líder de alocação de renda variável da Blue3.>
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"O Ibovespa estava muito esticado para baixo, depois veio esta correção dos últimos dias, voltando para as médias, mas ainda em tendência de baixa no curto e médio prazo. O cenário continua muito desafiador, e não há muito boas notícias para contar, o que inclui a inflação, que resultou hoje em ajuste na curva de juros. O dólar futuro, considerando o vencimento mais próximo, está perto da resistência de R$ 5,358 que, se superada, pode levá-lo a R$ 5,507 (no médio prazo)", observa o analista técnico Eduardo Marzbanian, da Wise Investimentos, referindo-se ao que pode vir a ser um fator de pressão adicional sobre a Bolsa, a alta do câmbio.>
De acordo com o analista gráfico da Wise, considerando as médias móveis de nove semanas e de 22 semanas, tendência de alta no médio prazo para o Ibovespa depende de o índice superar o intervalo entre 117.100 e 119.400 pontos - o que, a julgar pelo que se vê hoje, permanece um tanto distante. "Há muitos fatores de incerteza pendentes, aqui e no exterior, a começar pela cautela em torno de possível 'default' na Evergrande", diz Marzbanian.>
Assim, no curto e médio prazo, a tendência para o Ibovespa ainda é de baixa, diz o analista, apontando a linha de 107.300 pontos como suporte significativo para o índice. Se perdido, no médio prazo o Ibovespa poderia convergir para a média móvel de 200 períodos (no caso, semanas), aos 99 mil pontos, observa Marzbanian.>
"A perspectiva para a semana que vem ainda depende de como o governo da China vai interferir na Evergrande, e como vai ser esta recuperação (da empresa). Acredita-se que o governo está deixando sangrar para dar recado a outras empresas, para evitarem a alavancagem e altas dívidas", diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.>
Entre os setores de maior peso no índice, as perdas entre os grandes bancos ficaram nesta sexta-feira entre 1,34% (Bradesco ON) e 2,79% (Unit do Santander). Vale ON (-1,55%) e siderurgia (CSN ON -3,59%, Usiminas PNA -2,16%) voltaram a terreno negativo na sessão, com a retomada de dúvidas sobre a China.>
Na ponta negativa do Ibovespa nesta sexta-feira, Méliuz (-7,09%), CSN (-3,59%) e Americanas ON (-3,55%). Na face positiva, destaque para Minerva (+4,52%), PetroRio (+3,87%) e JBS (+3,72%), com o setor de proteína animal, exportador, sendo favorecido pelo avanço do dólar na sessão. Em dia positivo para o petróleo, com o Brent em torno de US$ 78 por barril, Petrobras ON e PN fecharam respectivamente sem variação (estável) e em alta de 0,22%, após terem oscilado entre perdas e ganhos ao longo desta sexta-feira.>
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