Publicado em 25 de maio de 2018 às 14:45
Cerca de um milhão de pintinhos terão de ser sacrificados no Espírito Santo por não ter comida suficiente para alimentá-los, devido à greve dos caminhoneiros. Com as pistas bloqueadas para a movimentação de cargas em vários trechos de rodovias, os empresários ficaram sem receber a ração dos animais.>
De acordo com o diretor executivo das Associações dos Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (Aves), Nélio Hand, a paralisação dos motoristas também não permite que as aves abatidas sejam levadas até os consumidores, e como elas não podem ser congeladas, mas apenas resfriadas, há risco de perdas de produtos.>
Além disso, os incubatórios das granjas capixabas estimam o descarte de um milhão de ovos de galinhas férteis. A produção de ovos também está comprometida. Segundo Hand, as granjas podem armazenar os ovos por até 30 dias, mas não há mais espaço para estocar a produção diária. Como há cinco dias sem transporte para levar as mercadorias até os consumidores e os armazéns já estão lotados, a única alternativa que resta para os produtores, de acordo com Hand, é descartar a produção.>
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Além dos prejuízos, que segundo estimativa da Aves já passa de R$ 30 milhões, a condição sanitária dos criadouros por conta dos animais mortos também preocupa os produtores.>
Temos relatos de morte de animais que ficaram muito tempo na estrada. Já temos granjas com falta de ração e animais entrando na fase de canibalismo, tanto de galinhas como de porcos. O descarte e morte de animais pode gerar problemas sanitários e ambientais. A falta de ração e a manutenção dos animais em ambientes inadequados geram problemas de bem-estar animal, afirma Hand.>
Entre os maiores abatedouros do Estado, a Uniaves e a Kajory estão parados desde quarta-feira (23). A Oi Frango e a Proteinorte estão abatendo, mas não descartam suspender as atividades.>
Em relação à produção suína, três unidades da Cofril em Cachoeiro de Itapemirim e Atílio Vivácqua, no Sul do Estado, estão com abate parcial de porcos e não estão abatendo bovinos, segundo a Aves. A Fazenda Zucoloto, em Viana, voltou a abater, mas segundo a associação, pode voltar a parar na segunda-feira (28).>
Dois grandes abatedouros do Estado pararam de abater e outros dois devem paralisar na segunda-feira, por falta de espaço para estocar. Entre os abatedouros de suínos, alguns voltaram a abater parcialmente hoje, mas já informaram que vão voltar a suspender as atividades na segunda-feira (28).>
AGRICULTORES TEMEM TER QUE DESCARTAR ALIMENTOS>
O presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), Julio Rocha, afirma que muitos caminhões carregados com laticínios e cargas vivas, como galinhas e suínos, deverão ter que descartar parte desses alimentos. Ele explica que este tipo de produto é altamente perecível, alguns com um prazo máximo de 48 horas para serem consumidos.>
"As cooperativas de produtores não conseguem designar os caminhões nem para levar até o destino e nem para retornar para as propriedades. Mesmo na zona rural, a ração para bovinos e aves já começa a faltar. Muitos deles já estão atingindo um nível alto de estresse e devem morrer. Independentemente do prejuízo, a gente se preocupa também com a saúde pública, porque a possibilidade de contaminação desses ambientes também é grande, se essa paralisação continuar", contou.>
Rocha ressalta que a federação apoia a reivindicação dos caminhoneiros, mas pede bom senso para que itens muito perecíveis e produtos de primeira necessidade, como materiais hospitalares e medicamentos, possam passar pelos pontos de bloqueio.>
"A greve é legítima. Nós produtores viemos trabalhando há algum tempo com preços que não cobrem o custo do transporte. O preço do diesel, de alguns anos para cá, subiu muito", afirma.>
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