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Governo estuda reajuste de 5% para todos os servidores do executivo federal

Governo estuda reajuste de 5% para todos os servidores do executivo federal

Essa é uma 'alternativa' para tentar distribuir de forma mais equânime o aumento de salário reivindicado por empregados de diversos órgãos públicos

Publicado em 31 de março de 2022 às 10:16

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Diante da mobilização crescente no funcionalismo público, setores do governo agora estudam a concessão de um reajuste de 5% para todos os servidores do Executivo federal. O aumento seria dado a partir de julho e teria um custo de cerca de R$ 5 bilhões para os cofres públicos neste ano.

De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, essa medida é uma "alternativa" para tentar distribuir de forma mais equânime o aumento de salário reivindicado por servidores de diversos órgãos públicos, como Receita Federal, Banco Central e Tesouro Nacional, que fizeram paralisações e intensificaram o movimento nas últimas semanas depois de o presidente Jair Bolsonaro prometer no ano passado aumentar os vencimentos apenas de policiais federais.

Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro desistir de enviar uma medida provisória com reajuste para as forças de segurança. (Isac Nóbrega/PR)

Depois de o presidente Jair Bolsonaro desistir de enviar uma medida provisória até sábado com reajuste para as forças de segurança, como mostrou o Estadão/Broadcast, uma ala do governo trabalha com um "plano B". A avaliação é que é possível aumentar salários sem ferir a lei eleitoral, desde que o reajuste seja abaixo da inflação acumulada neste ano.

Por isso, o número de 5% ganhou força nas discussões: como a inflação anual acumulada está em 10% e a projeção é de que, até o fim de junho, as perdas salariais de 2021 não serão menores do que a metade disso.

O prazo de julho foi adotado porque a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) proíbe aumento de despesas com pessoal nos últimos 180 dias do mandato. Então esse passou a ser o limite com que o governo trabalha, tanto para um reajuste geral quanto para "reestruturação" de carreiras, o que poderia ser adotado, por exemplo, para policiais, como defende Bolsonaro.

O reajuste geral esbarra, no entanto, no teto de gastos (regra que atrela o crescimento das despesas à inflação), que hoje não tem espaço para novas despesas. Na semana passada, a equipe econômica bloqueou R$ 1,7 bilhão em gastos de 2022 para não romper o limite fiscal. Ou seja, para dar aumento de pessoal, no cenário atual, R$ 5 bilhões de despesas teriam que ser cortadas para não ultrapassar o teto.

Nesta terça-feira, 30, o secretário do Tesouro, Paulo Valle, disse que o bloqueio deve ser revisto em maio, quando será divulgado um novo relatório bimestral de receitas e despesas. "Se for fazer aumento, tem que achar espaço dentro do teto, é pequeno. Temos dificuldades [para dar reajustes a servidores] vamos buscar soluções. Estamos caminhando para consolidação fiscal depois de 9 anos de déficit", disse o secretário.

Segundo Valle, uma estimativa feita pelo governo em janeiro apontava que os aumentos salariais de 10% para o funcionalismo público teriam impacto de R$ 20 bilhões nas contas públicas ao ano.

'Verdadeira afronta'

O presidente Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, disse que o reajuste de 5% para o funcionalismo federal é insuficiente e "uma verdadeira afronta" aos servidores. "A ausência de política salarial desde 2019 elevou as perdas do funcionalismo para 30%. Então, conceder 5% é completamente insuficiente para recompor o poder de compra dos salários, pior, é uma verdadeira afronta a mais de 1 milhão de servidores federais civis, ativos e aposentados", afirmou.

O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, afirmou que não há chance de um reajuste linear de 5% para todo o funcionalismo atender as demandas da categoria. "Acho que se trata de mais uma cortina de fumaça, vou repetir mais uma, para esse governo fazer e depois dar o reajuste aos policiais."

No BC, os servidores aprovaram greve por tempo indeterminado a partir desta sexta-feira (1º), após não conseguir avanços nas negociações de reestruturação da carreira e recomposição salarial de 26,3%. O movimento foi iniciado na virada do ano, após o presidente sinalizar a intenção de atender apenas os pleitos salariais dos policiais federais. (Colaborou Thaís Barcellos)

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