Publicado em 13 de junho de 2019 às 23:52
Com servidores de Estados e municípios fora da nova versão da reforma apresentada nesta quinta-feira (13) pelo relator da proposta na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB), o déficit da Previdência estadual deve continuar crescente nos próximos anos. Se nenhuma mudança for feita no regime de aposentadoria e pensões, o rombo acumulado do Instituto de Previdência de Servidores Estaduais do Espírito Santo (IPAJM) deve chegar a R$ 37,3 bilhões até 2030.>
A projeção atuarial mais recente do instituto, divulgada no final de 2018 e que avalia os recursos que serão necessários para a garantia dos pagamentos dos benefícios previstos nos próximos anos, mostra que o aporte necessário pelo governo do Estado para bancar os benefícios de servidores ligados ao fundo financeiro, estimado em 2019 em R$ 2,4 bilhões, cresça em média R$ 88 milhões ao ano até atingir a marca recorde de R$ 3,4 bilhões em 2030, totalizando esse déficit acumulado em 12 anos de mais de R$ 37 bi a preços de hoje.>
Com todo esse recurso que terá que sair dos cofres do Estado para pagar os benefícios, deixando de ser aplicado em investimentos e comprometendo o caixa do governo, seria possível construir mais de 130 hospitais como o futuro Hospital Geral de Cariacica, orçado em R$ 280 milhões; ou 66 aeroportos como o novo de Vitória, inaugurado no ano passado com o custo de R$ 559,4 milhões.>
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ECONOMIA>
É preciso deixar claro que a reforma não resolveria o problema por completo, mas já seria um grande alívio para o caixa do governo capixaba. Segundo projeções do Ministério da Economia, se os Estados fossem incluídos no texto, o Espírito Santo teria uma economia de R$ 6,47 bilhões ao longo de dez anos, ou seja, cerca de 17% do déficit do período.>
Parece pouco, mas além de reduzir os valores dos aportes, o governo do Estado estima que a reforma seria capaz de barrar o crescimento do rombo nos próximos 12 anos, conforme é esperado atualmente.>
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DRAMA>
Só partir de 2030, segundo projeções, é que o rombo deve começar a diminuir lentamente, mas seguirá existindo enquanto houver servidores ligados ao fundo financeiro, que abrange quem ingressou no serviço público estadual até 26 de abril de 2004.>
Esse fundo funciona no sistema de repartição, ou seja, os ativos contribuem para pagar o benefício que quem está inativo, ao contrário do chamado fundo previdenciário, que inclui servidores que ingressaram no funcionalismo a partir dessa data e que é capitalizado: cada um contribui para sua futura aposentadoria, formando uma poupança que é aplicada no mercado financeiro.>
Somando os dois fundos, o Estado já possui hoje mais servidores inativos e pensionistas do que contribuintes na ativa. É por esse e outros fatores que o secretário nacional da Previdência, Leonardo Rolim, afirmou recentemente ao Gazeta Online que o regime de Previdência dos servidores do Espírito Santo é um dos mais críticos do país. Ele também apontou que o crescimento da receita corrente líquida da Estado não acompanha o aumento das despesas previdenciárias.>
Mantendo-se de fora da reforma, o Espírito Santo precisaria de fazer uma reforma estadual, passando pela Assembleia Legislativa, para tentar resolver esses problemas. Um grupo de estudo chegou a ser criado pelo governo para analisar possíveis medidas, mas nenhuma chegou a ser anunciada até o momento.>
Por nota, o IPAJM informou que desde 2004 o governo promove ações que minimizam esse déficit previdenciário, como a segregação de fundos, a instituição da previdência complementar e a adoção de novas regras de concessão do benefício de pensão por morte.>
Relator diz que ainda vai tentar incluir Estados e municípios >
Após a leitura do relatório substitutivo da reforma da Previdência na comissão especial, o autor do parecer, deputado Samuel Moreira (PSDB), afirmou que o trabalho não acabou e ainda é preciso encontrar uma solução para incluir Estados e municípios na proposta.>
Ele disse que poderá fazer um complemento ao seu voto na comissão para permitir que as mudanças nas regras da aposentadoria valham também para os servidores estaduais e municipais.>
O relatório apresentado ontem deixa claro que Estados e municípios terão que aprovar leis específicas para seus regimes próprios, ou seja, as mudanças para servidores previstas na reforma só serão aplicadas para funcionários da União.>
No Espírito Santo, além do governo do Estado, a exclusão afeta 38 municípios que possuem Instituto de Previdência próprio.>
A grande questão agora é continuarmos um trabalho para ver como os Estados e municípios vão ser introduzidos nessa reforma, disse o relator.>
Outra solução aventada para incluir Estados e municípios na reforma é, quando a proposta for analisa pelo plenário, os parlamentares ligados aos governadores apresentarem um destaque para beneficiar os entes federados. Dessa forma, a inclusão dos Estados seria analisada de maneira separada do texto principal.>
Moreira defendeu ainda que os governadores que querem os benefícios da reforma passem a apoiar de forma mais efetiva as mudanças para convencer os parlamentares do seu partido e da bancada estadual.>
O presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos, não quis estabelecer uma data para a votação. Ele afirmou, porém, que pretende encerrar os trabalhos da comissão ainda no mês de junho.>
(Com informações do jornal O Globo)>
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