Publicado em 12 de maio de 2020 às 18:07
Em recomendação formal enviada ao Palácio do Planalto,economia" class="link" target="_blank"> o Ministério da Economia pede que o presidente Jair Bolsonaro vete integralmente a possibilidade de aumentos salariais de servidores públicos até 2021. A medida travaria reajustes também para médicos e enfermeiros que atuam no combate ao novo coronavírus.>
A pasta não trabalha com a possibilidade de editar uma MP (Medida Provisória) para restabelecer essa autorização para carreiras específicas. Técnicos do órgão argumentam que profissionais da saúde já devem receber mais com horas extras durante a pandemia e poderão ganhar bônus.>
A decisão final do Executivo cabe ao presidente, que já afirmou nesta semana que vai "atender em 100%" a recomendação do ministro Paulo Guedes (Economia). Depois, o Congresso tem o poder de derrubar ou manter o veto.>
Após idas e vindas do projeto de socorro a estados e municípios no Congresso, Guedes conseguiu articular um acordo com o Senado. A nova versão do projeto incluiu como contrapartida, a pedido do ministro, o congelamento salarial de servidores das três esferas até dezembro de 2021.>
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No projeto dos senadores, que contava com apoio do governo, foi colocada uma exceção para servidores da saúde, segurança pública e forças armadas, desde que estivessem envolvidos diretamente no combate à pandemia. Essas carreiras ficariam livres para receber aumento no período.>
Na Câmara, porém, o espectro de beneficiados foi ampliado para profissionais como agentes socioeducativos, de limpeza urbana, policiais federais, policiais legislativos e professores.>
Com as alterações no texto, a economia aos cofres públicos estimada pelo governo despencou de R$ 130 bilhões para R$ 43 bilhões.>
Embora a ampliação do número de carreiras beneficiadas tivesse recebido apoio inicial de Bolsonaro, o presidente mudou de ideia após conversa com Guedes e prometeu vetar os aumentos.>
Pessoas que acompanham a análise do texto aprovado pelo Congresso relataram à reportagem que o Ministério da Economia enviou ofício a Bolsonaro recomendando o veto do dispositivo que permite os reajustes a essas carreiras.>
Como não é possível desmembrar trechos do parágrafo do texto, o veto fará com que todas as carreiras do serviço público federal, estadual e municipal fiquem impedidas de receber aumento no período.>
Chegou a ser aventada a possibilidade de o governo editar uma MP para restabelecer esse direito ao menos para os profissionais de saúde. Técnicos do Ministério da Economia, porém, afirmam que essa ideia está fora de discussão.>
Como normalmente ocorre na tramitação de MPs, eventual texto do governo para beneficiar poucas carreiras poderia novamente ser ampliado pelos parlamentares, voltando a gerar impacto fiscal.>
Internamente, membros da pasta afirmam que a elevação da carga de trabalho de médicos e enfermeiros durante a pandemia do novo coronavírus fará com que eles aumentem os ganhos com horas extras, ampliando rendimentos.>
Técnicos argumentam ainda que está mantido o dispositivo do texto que autoriza os gestores públicos a darem bônus e gratificações a profissionais de saúde e assistência social durante o período de vigência do estado de calamidade pública, que se encerra em dezembro deste ano.>
Ao mudar de posição e anunciar que pretende congelar os salários de todos servidores, Bolsonaro elevou o desgaste do governo no Congresso e provocou reação da oposição, que se articula para derrubar o veto, caso confirmado.>
A disputa envolve o lobby do funcionalismo, um dos mais poderosos no Legislativo, e deverá colocar à prova a relação que Bolsonaro tenta construir com o centrão -grupo de partidos independentes e que, juntos, representam grande parte do Congresso.>
Guedes defende a suspensão dos reajustes a servidores como forma de que esses trabalhadores também sejam afetados pela crise econômica causada pelo novo coronavírus.>
A medida é considerada uma contrapartida leve porque os servidores seguiriam protegidos durante a crise, sem risco de demissão ou corte de salário.>
Enquanto isso, trabalhadores com carteira assinada já enfrentam cortes de remuneração e jornada, suspensão de contratos e até demissões. Em outra parcela expressiva da população, informais perderam trabalho e renda por conta das medidas restritivas nas cidades.>
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