A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), ao analisar as possibilidades que levaram à queda na produção industrial do Estado em 17,4% apontou como causas a tragédia de Brumadinho, a escassez de eucalipto e a fase de maturidade dos campos de petróleo. Os índices de recuo foram apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo sido levada em consideração a produtividade do setor industrial referente ao mês de maio de 2019 em comparação ao mesmo mês do ano passado.
De acordo com Léo de Castro, presidente da federação, a avaliação da queda da produção deve iniciar com o reconhecimento de que em maio do ano passado o Espírito Santo contou com base industrial mais forte que a do restante do país, mesmo diante da greve dos caminhoneiros. "O mês foi de confusão e ainda assim o Estado se manteve melhor que o restante do país à época", iniciou.
"No tocante à indústria extrativa, o índice de queda foi maior que a média de 17,4%, tendo alcançado redução de 18,3%. Aí é preciso levar em conta que a principal fonte de abastecimento da Vale no Estado é uma mina situada em Minas Gerais, chamada Brucutu, que ficou interditada com a tragédia em Brumadinho. Isso acabou afetando o abastecimento das usinas da Vale por aqui e os efeitos vêm se prolongando desde então", explicou.
Outro ponto destacado pelo administrador é o da indústria de papel e celulose, que, sozinha, caiu 28,1% em produtividade. Segundo ele, a unidade de Suzano, em Aracruz, sofre com a escassez de matéria-prima. "Em um raio razoável de distância da fábrica, falta eucalipto e a unidade foi de certa forma sacrificada por isso. Com a aquisição da Fibria, opção de fábrica para produzir não falta e acaba que são escolhidas as mais produtivas. A nossa está perdendo competitividade e tem trabalhado de forma mais ociosa", comentou.
A grande questão relacionada ao papel, apontada pela autoridade no ramo, não é o mercado, que está relativamente aquecido. A falta de eucalipto no Estado estaria ligada, na verdade, à dificuldade de licenciamento ambiental. Léo afirmou que tem sido debatida a pauta entre a Findes e o governo para tentar agilizar o processo de obtenção de licença para plantio da matéria-prima. "Faz tempo que o Espírito Santo cria dificuldades e a conta agora chegou", disse.
Sobre o petróleo, a explicação para o recuo na produção vem da análise de que o Estado tem campos de produção e extração em fase de maturidade, e que novos campos devem começar a produzir apenas em 2021. Até lá, de acordo com o presidente da Findes, a produção apresentará queda.
GERAÇÃO DE EMPREGOS
A indústria, apesar de tudo, conforme narrou Leo de Castro, tem sido o setor que mais tem gerado empregos no Estado. "A produção física caiu em setores que não são os mais intensivos em mão de obra. Outros setores como o de alimentos, com crescimento positivo, são mais intensos nesse sentido. Estou otimista para o resto do ano, apesar de tudo, já que temos uma matriz industrial ampla, que compreende calçados, alimentos, bebidas, entre outras áreas, conectadas com a capacidade nacional. Haverá recuperação", projetou.
As ações que estão sendo tomadas, que vão ao encontro do otimismo demonstrado, são voltadas ao diálogo para aumentar o volume de licenciamentos ambientais e o enfrentamento, em conjunto com outras instituições, para que a operação das minas retome a condição normal, sem, no entanto, perder de vista a atenção aos padrões de segurança. "Além disso, com esse cenário de reformas enfrentadas no país, o consumo deve crescer e a indústria passa a reagir", finalizou.
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