Publicado em 27 de novembro de 2019 às 20:57
A cotação do dólar bateu o terceiro recorde seguido nesta quarta-feira (27), chegando a R$ 4,258, alta de 0,4%, segundo cotação da CMA. Desde segunda (25), a moeda renova sua máxima nominal, sem levar em conta a inflação, diariamente.>
Entre os principais motivos para a alta da moeda americana estão a saída de dólares do país, a frustração com o leilão do pré-sal e a fala do ministro da Economia Paulo Guedes na segunda (25) de que "é bom de acostumar com câmbio mais alto por um bom tempo".>
Investidores viram conforto por parte do governo no dólar acima de R$ 4,20, o que abriu espaço para sua valorização, com o mercado apostando na alta, de modo a testar o patamar limítrofe para atuação do Banco Central (BC).>
Desde o leilão do pré-sal, sem a esperada participação de estrangeiros e entrada de dólares no país, a moeda americana acumula alta de mais de 6%.>
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Tanto na terça-feira (26), quanto nesta quarta, a autoridade interveio ao redor de R$ 4,27. Na véspera foram feitos dois leilões à vista, que fizeram a moeda baixar de R$ 4,277, para R$ 4,2410. >
Nesta sessão, o BC vendeu 3 mil contratos de swap cambial reverso, somando US$ 150 milhões e venda de até US$ 785 milhões da moeda à vista. Adicionalmente, a autarquia vendeu 12.700 contratos de swap cambial tradicional em rolagem do vencimento janeiro 2020.>
Além destas vendas, que haviam sido anunciadas na véspera, o BC fez uma venda extraordinária de dólares à vista por volta das 12h40, quando o dólar estava a R$ 4,265, levando a cotação a perder força. Com a alta contida, o real foi a quarta moeda emergente que mais se desvalorizou na sessão, atrás dos pesos chileno e colombiano e do novo leu romeno.>
O diretor de Política Monetária da instituição, Bruno Serra, afirmou nesta quarta que o BC deve continuar a oferecer a venda de dólares no mercado spot conjugada com contratos de swap reverso (dólar futuro) neste final do ano, quando sazonalmente há maior demanda por liquidez pela remessa de lucros e dividendos ao exterior e pelo aumento da procura pelo dólar turismo.>
No entanto, Serra destacou que "uma hora a gente vai ter que interromper isso e ver como o mercado volta a funcionar sem [esse] instrumento, acho que é saudável [rever a política]. Vamos ter que avaliar ao longo do tempo qual vai ser o momento adequado", afirmou Serra durante evento da Associação de Profissionais do Mercado de Capitais (Apimec), em São Paulo.>
O diretor acrescentou que intervenções pontuais em venda de dólares no mercado à vista e vendas de swap "seguem na mesa como instrumentos que também vão ser usados quando o mercado tiver mau funcionamento".>
Serra reforçou discurso feito pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, na véspera, dizendo que as atuações do BC não visam uma meta para a taxa de câmbio.>
"O dever do Banco Central é prover liquidez quando o mercado estiver dando sinais de mau funcionamento", afirmou Serra.>
Na terça, Campos Neto voltou a dizer que o câmbio é flutuante e que o BC age apenas em caso de problemas de liquidez ou para atenuar movimentos que estão fora do padrão normal.>
Nesta sessão, a Bolsa de valores brasileira conseguiu se recuperar e desvincular do câmbio. O Ibovespa fechou em alta de 0,65%, a 107.707 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,5 bilhões, próximo a média diária para o ano.>
No exterior, o viés é positivo com a perspectiva do mercado de um acordo comercial ainda este ano. Na terça, o presidente americano Donald Trump disse que a fase 1 do acordo com a China está nos detalhes finais.>
Nesta quarta, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre deste ano foi revisado para cima. De 1,9%, o crescimento no período foi para 2,1%, acima das expectativas do mercado. Apesar dos dados de crescimento favoráveis, a inflação permanece fraca. A medida preferencial de inflação do Fed, o PCE sem alimentos e energia, subiu 1,6% nos 12 meses até outubro. O dado corrobora para a expectativa de manutenção da taxa de juros do país. >
Com acordo comercial à vista e PIB melhor que o esperado, os três principais índices americanos bateram recordes na sessão, pelo terceiro pregão seguido. Dow Jones fechou em alta de 0,15%, a 28.164 pontos, S&P 500, subiu 0,42%, a 3.153 pontos e Nasdaq se valorizou 0,66%, a 8.105 pontos.>
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