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Coronavírus leva dívida bruta do Brasil ao maior patamar da história

Coronavírus leva dívida bruta do Brasil ao maior patamar da história

Em razão do aumento de gastos públicos para ações de enfrentamento ao vírus, a dívida aumentou 1,3 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (29)

Publicado em 29 de maio de 2020 às 15:56

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Pandemia de coronavírus: saúde e economia de mãos dadas
Pandemia de coronavírus: saúde e economia de mãos dadas. (Divulgação)

Com os efeitos da crise gerada pela pandemia de Covid-19, a dívida bruta do governo atingiu em abril o maior patamar da história: 79,7% do PIB (Produto Interno Bruto)

Em razão do aumento de gastos públicos para ações de enfrentamento ao vírus, a dívida aumentou 1,3 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (29).

A dívida bruta é o conjunto de passivos (débitos) que o governo tem a pagar junto aos setores privado e público, além do resto do mundo.

"O BC não faz estimativas de variáveis fiscais, cabe ao Tesouro, mas a tendência da dívida bruta é de aumento com o aumento significativo do déficit primário e elevação das despesas. A trajetória deve ser de crescimento", pontuou Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas da autoridade monetária.

A estimativa do Tesouro é que a dívida bruta ultrapasse 90% do PIB até o fim de 2020.

Com aumento das despesas e diminuição das receitas, o déficit primário do setor público consolidado (União, estados e municípios) alcançou em abril o maior patamar da série histórica, com R$94,3 bilhões. É a primeira vez que há resultado negativo para o mês de abril.

"O déficit primário bateu recorde em função das ações extraordinárias tomadas para combater a conjuntura econômica atual e compensar as medidas de distanciamento social que foram tomadas por conta da pandemia", analisou Rocha.

Segundo ele, em abril o governo costuma arrecadar mais com o recebimento de imposto de renda. "O mês tem esse fator sazonal. Além dos gastos extraordinários, o governo não teve esse efeito porque a entrega das declarações foi prorrogada", explicou.

Em março, o rombo foi de R$ 23,7 bilhões. Em abril do ano passado, o resultado tinha sido positivo em R$ 6,6 bilhões.

No acumulado do ano, o resultado primário foi negativo em R$82,6 bilhões, ante superávit de R$20 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Neste ano, apenas janeiro registrou superávit, de R$ 56,2 bilhões.

O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, exceto os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há déficit.

A meta fixada em lei era de déficit de R$ 118,9 bilhões para 2020. Mas, com o decreto de calamidade pública por conta da pandemia da Covid-19, esse valor poderá ser maior.

O resultado nominal, que inclui os juros da dívida pública, foi deficitário em R$ 115,8 bilhões em abril, também o pior da série.

Nesta quinta-feira (28), durante a divulgação dos dados fiscais do Tesouro Nacional, o governo afirmou que o déficit deve ficar acima de R$ 700 bilhões neste ano, devido ao aumento de gastos públicos entre abril e junho por conta da pandemia.

Os números divulgados pelo Tesouro e pelo Banco Central têm metodologias diferentes. A autoridade monetária utiliza o cálculo "abaixo da linha", que leva em conta a necessidade de financiamento do setor público descontando os juros da dívida.

O Tesouro calcula os dados fiscais "acima da linha", que são receitas menos despesas, exclusive juros.

Segundo os números do BC, a dívida líquida -que desconta os ativos- do setor público aumentou em 1 ponto percentual, alcançando 52,7% do PIB (Produto Interno Bruto), ou R$3,84 trilhões. Esse resultado refletiu, em especial, o impacto do déficit primário no mês.

"A dívida líquida havia recuado em março em razão da depreciação cambial. Em abril também houve, mas em intensidade menor, de 4,4%. A alta do dólar continuou contribuindo para baixo, mas com cenário de aumento do déficit, esse impacto foi maior", ponderou o técnico do BC.

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Quando há valorização da moeda americana, há também redução do valor da dívida líquida em reais por conta das reservas internacionais.

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