Publicado em 18 de novembro de 2021 às 19:13
O Ibovespa suportou o teste da linha de 102 mil pontos nesta quinta-feira (18), mas não o suficiente para impedir a quarta perda diária consecutiva, igualando em extensão a série negativa entre as sessões de 26 a 29 de outubro. Após três perdas acima de 1%, o Ibovespa cedeu hoje 0,51%, aos 102.426,00 pontos, agora no menor nível de fechamento desde 6 de novembro de 2020, então aos 100.925,11 pontos. Na mínima desta quinta-feira, aos 102.013,98 pontos (-0,91%), foi ao menor nível intradia desde 9 de novembro do ano passado (100.953,95 pontos). O giro financeiro foi de R$ 28,7 bilhões na sessão. Na semana, o índice da B3 cai 3,68% e, no mês, 1,04%, enquanto, no ano, a retração chega agora a 13,94%. >
Pela manhã, o Ibovespa chegou a mostrar um leve repique após as fortes quedas dos dias anteriores, especialmente das empresas com foco na economia doméstica, como varejo e construção civil, observa Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos. Mas desde a manhã, acrescenta ele, o desempenho do Ibovespa já era limitado por empresas do setor de mineração, como Vale (ON -4,11% no fechamento), Usiminas (PNA -5,70%) e CSN (ON -5,35%), acompanhando a desvalorização forte, de ontem para hoje, no minério de ferro. A commodity fechou em queda de 4,18% em Qingdao (China), a US$ 87,27 por tonelada, menor nível desde 6 de maio de 2020.>
O tom relativamente mais fraco observado nas bolsas do exterior nas últimas sessões, em meio a novo avanço da Covid-19 na Europa e a alertas de autoridades monetárias dos Estados Unidos sobre pressões inflacionárias, contribui para que os ativos brasileiros sigam na defensiva - ainda que, em Nova York, duas das referências (S&P 500 e Nasdaq) tenham renovado hoje máximas históricas de fechamento, apesar da recente perda de ímpeto. Por outro lado, na B3, a ruptura do suporte dos 103 mil pontos, apontam analistas, abre caminho para que o Ibovespa venha a testar os 100 mil.>
Além do ambiente externo menos favorável, o aumento da percepção de risco sobre a situação fiscal doméstica continua a ser o principal indutor da correção, com apresentação de versão alternativa da PEC dos Precatórios por um grupo de senadores que, caso venha a prevalecer, resultará em nova apreciação na Câmara dos Deputados, alongando o processo de tramitação da matéria - e, portanto, a incerteza sobre o que emergirá ao final>
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"Há uma apreensão com a movimentação para o texto substituto. A reação ruim não é por conta da proposta em si, que manteria o teto de gastos em pé, algo positivo, sem pedalada nos precatórios, mas sim em razão do prolongamento do período de incerteza, com a volta para a Câmara sem garantia de adesão. Quando há incerteza, com extensão do período de discussão, a volatilidade fica e a Bolsa patina, com o micro à sombra do macro", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.>
O temor maior é de que a postergação tire o governo da zona de conforto, levando-o a buscar alternativa, em medida provisória, para encaminhar o Auxílio Brasil por meio de crédito extraordinário. "É um orçamento que já está dado, inclusive com início de pagamentos (do benefício). A perspectiva de mudança no Senado fará o texto voltar à Câmara. O adiamento e a dificuldade de aprovação preocupam todo o mercado. Ainda temos questões significativas a serem resolvidas com relação ao risco fiscal", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.>
Em outro desdobramento, um grupo de seis deputados federais de diferentes partidos apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de reconsideração da decisão da ministra Rosa Weber, que negou suspender a tramitação da PEC dos Precatórios. Os parlamentares, que haviam acionado a corte questionando diferentes aspectos da votação em primeiro turno na Câmara, pedem que o caso seja discutido no plenário do STF.>
Na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque pelo segundo dia para Méliuz (+10,22%), com resultados trimestrais que animaram os investidores - e elevação pelo Bank of America (BofA) da recomendação do papel, de neutra para compra -, à frente mais uma vez de Alpargatas (+4,95%), ambas seguidas por Intermédica (+3,77%) e Hapvida (+3,73%). No lado oposto, as empresas de siderurgia, com Usiminas (-5,70%) e CSN (-5,35%), à frente de PetroRio (-4,42%) e Bradespar, esta com participação na Vale, em baixa de 4,32% no fechamento.>
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