Publicado em 15 de outubro de 2020 às 14:14
A pandemia provocada pelo novo coronavírus trouxe forte impacto para a lucratividade dos bancos na primeira metade de 2020. Dados divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central mostram que, no primeiro semestre do ano, os bancos registram lucro líquido ajustado de R$ 40,8 bilhões. O valor representa uma queda de 31,9% em relação ao mesmo período de 2019.>
Outra medida importante para avaliar o desempenho dos bancos, o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema atingiu 11,2% ao ano em junho de 2020, ante taxa de 17,8% em junho do ano passado. Já o ROE acumulado em 12 meses até junho deste ano foi de 13,6%, ante 16,7% do acumulado até dezembro de 2019.>
Esta retração do retorno obtido pelos bancos está diretamente relacionada à pandemia. Em meio à crise, as instituições financeiras elevaram o volume de provisões para fazer frente à inadimplência. As despesas dos bancos com provisões somaram R$ 65,0 bilhões no primeiro semestre de 2020, o que representa um aumento de 80% em relação ao visto no primeiro semestre de 2019. Os números foram divulgados por meio do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BC.>
Na prática, os bancos estão reservando mais recursos para fazer frente a mais casos de inadimplência de empresas e famílias, o que reduz seu lucro. >
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Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, o lucro do sistema financeiro em 2020 deve cair para um patamar entre R$ 80 bilhões e R$ 85 bilhões, na esteira da pandemia. "Estimamos uma redução do lucro entre 30% a 35% neste ano, devido ao aumento de provisões. Deve haver certa retração ainda na rentabilidade dos bancos até o fim deste exercício", avaliou, em entrevista coletiva.>
Souza disse ainda que, mesmo com a queda nas taxas de juros, a mudança de mix das carteiras tem permitido a manutenção da margem dos bancos. "Mas as despesas com provisões e a queda de receitas de serviços vai puxar a rentabilidade do sistema como um todo para baixo", completou.>
Conforme o diretor do BC, mesmo antes da pandemia existia a visão de que uma redução da Selic (a taxa básica de juros) levaria a uma diminuição do lucro dos bancos. Atualmente, a Selic está em 2,00% ao ano, no menor patamar da história. Antes da crise da covid-19, em dezembro de 2019, a taxa já estava em níveis baixos (4,50% ao ano). "Com Selic menor, já era normal esperar redução do nível de retorno dos bancos", pontuou.>
Para Souza, um retorno na faixa de 13% ainda traz "atratividade" para o sistema financeiro. "Fica difícil prever o que vai acontecer em 2021, porque a pandemia é severa e houve provisões", disse o diretor. "Mas em um cenário com juros mais baixos, o retorno de qualquer empresa tende a ser menor. Uma rentabilidade entre 10% e 12% é o que devemos observar no sistema financeiro.">
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