Publicado em 22 de março de 2021 às 18:51
- Atualizado há 5 anos
O presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou nesta segunda-feira (22), o projeto de lei que classifica a visão monocular (cegueira de um dos olhos) como deficiência. Ele cogitou vetar a proposta, que foi patrocinada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, após ser alertado sobre um aumento de despesas sem compensação, que pode ser classificado como crime de responsabilidade. >
O projeto pode turbinar as despesas públicas em pelo menos R$ 5 bilhões. Apesar do orçamento pressionado por gastos obrigatórios, o Ministério da Economia afirmou não se opor à sanção. A pasta, responsável pela política fiscal do governo, disse que a medida "não envolve renúncia de receita".>
A proposta classifica a visão monocular - cegueira de um dos olhos - como deficiência sensorial, do tipo visual, para todos os efeitos legais. >
Além de permitir que 400 mil pessoas de baixa renda com visão monocular acessem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência com renda per capita de até um quarto do salário mínimo, a lei pode obrigar o Executivo a conceder isenções tributárias e aposentadorias por invalidez, o que levantou a possibilidade de o presidente vetar o projeto.>
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Bolsonaro escolheu o aniversário da primeira-dama, nesta segunda-feira, para sancionar a proposta, cuja autoria é do senador Rogério Carvalho (PT-SE). Durante a cerimônia, Michelle afirmou que o impacto financeiro é "pequenininho".>
O presidente, por sua vez, afirmou que foi ela quem convenceu os ministros do governo a concordarem com a sanção. "Quero fazer o bem, faço o bem, mas baseado na lei e, obviamente, em grande parte, deve-se à primeira-dama o trabalho de conversar com os ministros, convencer os ministros da importância do projeto.">
Em fevereiro, antes da aprovação do texto pela Câmara, Michelle convidou Amália Barros, uma das principais lideranças monoculares e que mais trabalhou pela lei, para jantar no Palácio da Alvorada. Depois do encontro, o casal posou para fotos cobrindo um dos olhos - um dos símbolos da campanha dos monoculares. O ministro Paulo Guedes também posou para foto cobrindo um dos olhos ao lado de Amália, e da deputada Luísa Canziani (PTB-PR), que relatou a proposta na Câmara.>
O texto recebeu críticas dos movimentos que representam pessoas com deficiência, que temem efeitos perversos para os grupos que já enfrentam grandes dificuldades para se colocar no mercado de trabalho. >
Há o temor de que, com a sanção do texto, empresas passem a cumprir a cota de contratação de pessoas com deficiência com monoculares, em detrimento de cegos, e que haja reserva de vagas em concursos públicos. >
Existe ainda receio de que o projeto abra a possibilidade de equiparação de deficiência para condições como surdez unilateral e doenças crônicas, o que aumentaria o gasto público.>
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