Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 20:38
A Bolsa brasileira operou na contramão dos principais mercados globais nesta segunda-feira (2), com alta de 0,64%, atingindo 108.927 mil pontos. Investidores se dizem otimistas com as vendas superiores ao esperado na Black Friday e com a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do terceiro trimestre de 2019 na terça (3). Também beneficiou o mercado brasileiro a melhora da indústria chinesa. >
A expansão na atividade industrial da China em novembro também chegou a animar mercados europeus pela manhã, mas com a divulgação, por volta das 12h, da queda na atividade de manufatura dos EUA, os índices tombaram.>
A Bolsa de Frankfurt fechou em queda de 2,05%, assim como o índice Euro Stoxx 50, que reúne 50 empresas de 11 países da zona do euro. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,96%, S&P 500, 0,86% e Nasdaq, 1,12%.>
Enquanto a indústria chinesa se expandiu inesperadamente em novembro no ritmo mais rápido em quase três anos, a americana teve um desempenho menor que o esperado. >
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O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit da China subiu a 51,8 em novembro de 51,7 no mês anterior, marcando a expansão mais rápida desde dezembro de 2016, quando ficou em 51,9.>
A marca de 50 separa crescimento de contração. Segundo a mediana de 14 economistas consultados pela Bloomberg, a expectativa era de queda para 51,5. >
Apesar do aumento da produção e das novas encomendas na China, a confiança empresarial caiu e as empresas mostraram-se relutantes em reabastecer seus estoques, preocupadas com as incertezas para a demanda e a prolongada guerra comercial com os Estados Unidos. >
No lado dos americanos, a queda na atividade manufatureira, medida pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) caiu de 48,3 em outubro para 48,1 em novembro, contra a expectativa mediana de 49,2 de 61 economistas consultados pela Bloomberg. Em setembro, o ISM teve pior resultado em três anos, em 47,8 pontos. >
Com a piora na economia americana, o dólar perdeu força ante as principais moedas globais. O índice DXY, que mede a força internacional da moeda americana, caiu 0,42% e foi ao menor patamar desde a última terça (19).>
O real foi beneficiado pelo movimento e se valorizou. No Brasil, a cotação do dólar caiu 0,540%, a R$ 4,2180. Pela manhã, a moeda subiu aos R$ 4,26 com as possíveis tarifas dos Estados Unidos às importações de aço e alumínio. Nesta segunda-feira (2), o presidente americano Donald Trump disse que iria reestabelecer as taxas de de importação destes produtos, hoje isentos. >
A cotação inverteu o sinal com a venda do Banco Central de US$ 480 milhões à vista, em uma oferta de até 500 milhões. A autoridade monetária também colocou à venda 9.600 contratos de swap cambial reverso, fazendo a troca da liquidez do mercado de derivativos para o mercado à vista.>
Em um primeiro momento, o mercado interpretou a declaração de Trump como negativa, por gerar um conflito comercial com o Brasil. Em seguida, a leitura é que há chances de Trump não seguir adiante com as tarifas e, caso siga, o impacto nas grandes siderúrgicas seria pequeno.>
"Esses anúncios surpresa geram mais incerteza no mercado. Tensões comerciais são sempre negativas. Como o empresário se prepara e programa a produção se não sabe a quanto vai vender? Isso é ruim para a economia. Qualquer imposto adicional sobre o comércio externo tem uma conotação negativa. Precisamos de informações mais específicas sobre essa tarifa, mas não esperamos grandes impactos financeiros e econômicos", diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.>
As ações de siderúrgicas tiveram fortes altas no pregão. Os papéis preferenciais (preferência na distribuição de dividendos) da Gerdau subiram 2,65%, a R$ 17,45, maior valor desde setembro de 2018. Os ordinários (com direito a voto) tiveram alta de 1%, a R$ 14,44, patamar semelhante a semana passada.>
As ações preferenciais da Usiminas subiram 2%, a R$ 8,68. As ordinárias, 1,8%, a R$ 9,46. A CSN (Companhia Siderurgia Nacional) disparou 5,7%, a R$ 13,28. >
Segundo Daniel Sasson, analista de siderurgia do Itaú BBA, a alta é explicada pela melhora no PMI chinês, que indica maior demanda pelas matérias-primas brasileiras.>
Ele também aponta que a exportação de aço aos Estados Unidos foi apenas 7% do total exportado pela Gerdau em 2018. No caso da Usiminas, nos primeiros nove meses deste ano, cerca de 8,5% do total exportado foi para os EUA, o que corresponde a apenas 0,9% do total produzido. Para a CSN, as exportações de aço aos americanos são menos de 1,5% do total exportado, equivalente menos de 1% do total produzido.>
"Em volume é pouco, em EBITDA (indicador de geração de caixa) é ainda menor. Também em parte porque as exportações têm uma margem de lucro menor que as vendas ao mercado doméstico pelo custo logístico", diz Sasson.>
Sasson afirma ainda que as principais siderúrgicas acreditam que a tarifa deva ser implantada, mas não deve ter grande impacto. "O preço para colocar aço e alumínio dentro dos EUA vai aumentar, resta saber quem vai pagar a maior conta. Uma parte do será pago pelos produtores e outra pelos consumidores", diz. >
No caso do alumínio, as exportações pesam mais, cerca de 43% do produzido vai para os Estados Unidos. As principais empesas do setor, no entanto, tem capital fechado.>
O Ibovespa também teve um bom desempenho, com alta de 0,64%, a 108.927 pontos. O giro financeiro na média diária para o ano, em R$ 16,937 bilhões.>
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