Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 10:36
Como mães e pais, as pessoas têm inúmeras preocupações com o futuro de nossos filhos. Entre elas, está a segurança financeira.>
No Brasil, oito em cada dez pais ou mães dizem conversar com seus filhos sobre finanças, segundo pesquisa realizada pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, publicada em outubro de 2023. >
O levantamento mostrou que 24% desses adultos disseram que começaram a falar com as crianças sobre o tema quando elas tinham até 5 anos. >
Outros 23% afirmaram que tiveram a primeira conversa quando os filhos tinham de seis a oito anos, e 16%, de nove a 11 anos.>
>
A pesquisa concluiu que os pais estão conversando cada vez mais sobre educação financeira com os filhos. >
Seis em cada 10 adultos entrevistados disseram que nunca tiveram uma conversa sobre finanças com os seus pais quando crianças.>
Estudos mostram que, quanto mais cedo as crianças aprendem sobre finanças pessoais, mais preparadas elas ficam para lidar bem com o dinheiro.>
Mas poupar para o futuro não é nada tão simples, como explica o especialista em economia comportamental e escritor Dan Ariely, da Universidade Duke, nos Estados Unidos.>
"Uma das desvantagens do dinheiro é que ele é abstrato. Por causa disso, achamos muito difícil pensar sobre o que ele realmente significa no longo prazo.">
O podcast Money Box, da BBC, conversou com Kirsty Stone, planejadora financeira da consultoria The Private Office, e Stephanie Fitzgerald, diretora de programas para jovens da ONG britânica The Money Charity. >
As especialistas elencaram três dicas para ajudar os pais na tarefa de garantir um futuro financeiro mais tranquilo para os filhos.>
"O que realmente importa é dar-lhes a oportunidade de ter algum controle e tomar algumas das decisões em relação ao dinheiro, para que talvez possam cometer alguns erros. Ou pelo menos experimentem a sensação de pensar: 'Gostaria de poder economizar ou gastar em algo que seja mais duradouro.'", resume Fitzgerald.>
Como os filhos não precisam de dinheiro imediatamente e os produtos de poupança a longo prazo sempre oferecem benefícios maiores, o melhor é comparar as contas que são ofertadas pelos bancos e os juros de cada uma.>
"Existem contas infantis simples, e essa é uma excelente forma de começar a educar a criança sobre a entrada e a saída de dinheiro", acrescenta Fitzgerald.>
Os bancos geralmente oferecem dois tipos de contas. >
Em geral, com as contas de acesso instantâneo, você pode sacar ou depositar dinheiro a qualquer momento, mas normalmente tem acesso a uma taxa de juros mais baixa do que com contas ou aplicações de prazo fixo ou de prazo mais longo (que podem ficar presas por 12, 18 ou mais meses).>
Há sites que fazem esse tipo de comparação e eles são um bom ponto de partida para quem está tentando encontrar a conta poupança ideal para os filhos.>
Você também pode escolher uma conta que a criança só poderá acessar quando completar 18 anos.>
"Isso limita a possibilidade de alguém remover dinheiro desnecessariamente para cobrir um custo que não é uma necessidade essencial", disse Fitzgerald no podcast.>
Mas, acima de tudo, é preciso preparar as crianças e ter uma conversa prévia para estabelecer as expectativas sobre como esse valor será utilizado no futuro. O dinheiro pagará a universidade? Será usado para contingências futuras? Ou na entrada do primeiro carro?>
Outro ponto positivo ao economizar desde cedo é conversar com os filhos sobre como ter dinheiro reservado para imprevistos.>
Isso pode fazer com que eles se sintam mais seguros.>
Começar a poupança para uma criança hoje representa um grande presente para o futuro. >
Com essa quantia, os jovens adultos não apenas conseguem começar a vida independente com mais tranquilidade. >
Envolver as crianças no processo, desde cedo, também os ajuda a aprender lições importantes sobre dinheiro e economia.>
Porém, se você não puder economizar para eles devido à situação familiar ou à crise financeira, não há problema em postergar os planos por um tempo.>
O essencial é não se endividar, nem usar cartão de crédito sem condições de pagar o boleto no mês seguinte.>
"É muito natural que um pai queira garantir que os filhos tenham o melhor futuro possível. Mas a realidade é que estamos numa crise financeira e a capacidade das pessoas para poupar está obviamente bastante restrita neste momento", pondera Fitzgerald.>
"Encorajaria as pessoas a garantirem que não se endividem ou nem deixem de pagar as próprias dívidas na esperança de poupar para o futuro dos filhos. As crianças não ficarão ressentidas, e o importante é garantir que a família esteja financeiramente segura neste momento. Esperamos que, à medida que as coisas melhorem, todos consigam poupar mais no futuro", acrescenta.>
Alguns definem o juro composto como "dinheiro grátis" — outros, como a oitava maravilha do mundo. >
Há quem diga que eles são uma bola de neve que aumenta o seu capital sem você perceber.>
Tudo começa com uma conta poupança que rende juros. Vamos supor que você coloque US$ 100 (ou o equivalente em qualquer moeda) em uma conta que oferece uma taxa de juros de 5%.>
Para entender a magia durante a leitura desta reportagem, você precisará se concentrar um pouco. Observe atentamente os números:>
No final do primeiro ano, você terá US$ 105 na conta poupança.>
Ou seja: os US$ 100 que você tirou do bolso + os US$ 5 que o banco te deu por ser um bom cliente e não tocar naquele depósito durante um ano inteiro.>
O conceito-chave é: a magia dos juros compostos acontece enquanto você não faz movimentações com esse dinheiro. Nem o valor inicial, nem aquele extra que o banco te dá.>
"Você pode ganhar dinheiro de graça apenas ao manter capital em uma conta", resume Fitzgerald.>
Vamos agora para o segundo ano.>
A poupança do filho agora tem US$ 105, mas este ano as finanças não permitem que você acrescente nada a mais. >
Ainda assim, o dinheiro continuará a crescer. Como?>
Porque no segundo ano você não vai ganhar US$ 5. >
No final deste segundo ano você terá mais. Com a mesma taxa de juros de 5%, o banco passa a dar uma remuneração superior.>
Os 5% que você ganha não são mais sobre os US$ 100 investidos no início. Os juros agora são aplicados ao total que sua conta possui no segundo ano (ou US$ 105).>
Os juros para o segundo ano são, portanto, de US$ 5,25.>
O filho começará o terceiro ano, portanto, com US$ 110,25 — e terminará com US$ 115,76.>
Quarto ano: US$ 121,55.>
Quinto: US$ 127,63>
Quando ele completar 18 anos, graças à magia dos juros compostos, a poupança estará com US$ 240,66.>
Imagine que, em vez dos US$ 100 iniciais, você colocou US$ 1.000. Ao completar 18 anos, a conta estará com US$ 2.406,62.>
O recardo então é: economize aos poucos e deixe a matemática fazer o resto.>
Mas atenção sobre qual investimento fazer: o retorno tem que ser superior à inflação do período, caso contrário, apesar de nominalmente você ter mais dinheiro, como vimos no exemplo, ele pode não valer tanto assim.>
E, se você quer ensinar finanças ao filho, dê a ele um cofrinho. >
Essa é a dica dada pelo site Money Helper.>
"Essa é uma boa ideia para crianças muito pequenas. A principal coisa que elas precisam aprender é que o dinheiro não é um brinquedo e que deve ser guardado num lugar seguro", apontam os especialistas da Money Helper.>
Um cofrinho ajuda as crianças a compreender o valor de diferentes moedas e notas — eles também passam a perceber que moedas maiores não são necessariamente as mais valiosas.>
"Essa também é uma boa oportunidade para começar a dar mesadas ao filho, sem que o valor importe. Pode até ser uma moeda de pequeno valor. O importante é a prática", diz a Money Helper.>
Além do que os pais poupam para os filhos, é importante que eles próprios desenvolvam uma compreensão de como funciona o dinheiro.>
Essa certamente é uma habilidade que os acompanhará pelo restante da vida.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta