Jornalista de A Gazeta desde 2008 e colunista de Política desde 2015. Publica aqui, diariamente, informações e análises sobre os bastidores do poder no Espírito Santo

Sacolejos da História: tal como A Gazeta, coluna segue em novo site

Comecei a ler A Gazeta no Transcol. O que muda agora é só o veículo, mais moderno, e a nova plataforma de embarque para a leitura. O diário impresso acaba. Mas este não é o ponto final

Publicado em 28/09/2019 às 15h43
Coluna Vitor Vogas - 29/09/2019. Crédito: Amarildo
Coluna Vitor Vogas - 29/09/2019. Crédito: Amarildo

Em raros dias de sorte, eu até que conseguia ir sentado. No mais das vezes, o trajeto era em pé mesmo, no corredor. No pé pesado do motorista, o corpo balançava para um lado, enquanto as folhas voavam para o outro. Na curva mais fechada do carro, o tronco era jogado em um sentido, refém do princípio da inércia, enquanto os olhos lutavam para não se desgrudarem do papel. Não era fácil, até porque o formato ainda era standard.

E assim, no sacolejo do Transcol, eu me iniciava na leitura deste querido diário, desenvolvendo a arte do equilibrismo e ignorando os alertas sobre um possível descolamento de retina. Começava a percorrer, diariamente, as páginas do jornal A Gazeta, enquanto realizava outro percurso diário: da minha casa ao campus de Goiabeiras da Ufes, onde, então com 17 anos, também vivia outra iniciação, na faculdade de Jornalismo.

Ao começar a frequentar o curso, pensei comigo: se quero me formar jornalista, não posso continuar lendo apenas as notícias do Flamengo, a Revista da TV e as tirinhas do Hagar, do Garfield e do Recruta Zero, as quais eu recortava e colecionava.

Eduquei-me, então, a iniciar a leitura desbravando as páginas de Política, as quais discorriam sobre temas que para mim então eram áridos, insondáveis, enigmáticos, mas que eu sabia importantes e necessários se queria entender um pouco melhor este mundo em que vivemos.

Descobri então, vejam só, uma certa coluna Praça Oito, então assinada pela jornalista Andréia Lopes. Texto agradável, assuntos interessantes e, caramba, acontece mesmo tudo isso na política capixaba?!? Posso dizer tranquilamente: minha “entrada”, para valer, no jornal A Gazeta, foi através da coluna Praça Oito.

Para encurtar a história: formei-me em 2008. No mesmo ano, comecei como repórter de Política deste mesmo jornal, a convite de Eduardo Caliman. No ano seguinte, a mesma colunista que eu lia no 507 tornou-se minha chefe. Foi quem me deu a oportunidade de assinar minha primeira Praça Oito, em 2009, como interino.

Em julho de 2015, passo a firmar, como titular, a mesma coluna com a qual me iniciara como leitor deste diário – e que, desde 2017, leva o nome do signatário. Gostaria de ter este número preciso, mas estimo ter escrito perto de 1,5 mil colunas, publicadas em tinta impressa no papel.

Não posso exprimir o prazer, a alegria e, vá lá, o orgulho que me dava, após a meia-noite de sexta (dia de fechamento difícil), poder atravessar a rua e recolher meu exemplar de sábado quentinho, das mãos do seu Conchinha da gráfica, que sempre partilhava comigo suas impressões, na dupla acepção do termo, sobre as notícias recém-escritas por nós da redação e recém-estampadas por ele e seus colegas, a quem aqui rendo minhas homenagens.

Tudo isso para dizer: como muitos dos leitores que hoje se despedem do jornal diário no formato de papel, também tenho uma ligação afetiva muito forte com o veículo. E é chato pensar que não terei mais aqueles dedinhos de prosa com o seu Conchinha enquanto as máquinas ainda recuperam o fôlego da noitada de trabalho.

Mas, assim como na viagem do Transcol, existem os sacolejos do tempo. Os sacolejos da História. Ou, para dar ares mais solenes a esta reflexão, a “inexorável marcha do progresso e da tecnologia”, contra a qual não adianta lutar, mas, antes, integrar-se da maneira mais sábia. E é isso que A Gazeta está fazendo.

A partir de amanhã, vocês continuam lendo tudo o que encontram no jornal diário impresso – inclusive esta coluna – e muito mais no novo site de A Gazeta. Ao mesmo tempo, o papel seguirá tendo um peso forte em nosso papel de informar, com a especialíssima edição semanal do impresso que estreia no próximo fim de semana, trazendo reportagens aprofundadas, muita análise e, claro, esta e outras colunas.

O que muda, então, é só o veículo, que fica agora mais moderno. Os passageiros, esperamos, seguirão sendo os mesmos de hoje e outros mais, na nova plataforma para embarque na leitura. Da minha parte, sigo sendo o condutor da coluna – ou o “cobrador”, quando o assunto assim exige.

Estejam certos, então: este não é o ponto final.

FORÇA, VASQUINHO!

O ex-prefeito Vasco Alves enfrenta tratamento contra doença grave. Seu quadro de saúde é delicado. Desejamos pronta recuperação ao histórico líder político de Vila Velha e Cariacica.

NEGOCIAÇÃO NA SESP

Formada por entidades que representam servidores das forças estaduais de segurança pública, a Frente Unificada de Valorização Salarial teve, na última terça-feira, sua primeira reunião com o secretário estadual de Segurança, Roberto Sá. Também participaram os subsecretários da pasta. Líderes da Frente apresentaram suas reivindicações e uma proposta de cronograma de reajuste salarial, contemplando 2019. Segundo a assessoria do movimento, Sá ficou de lhes dar uma resposta até o dia 11 de outubro.

“DIÁLOGO ABERTO”

De acordo com a assessoria da Sesp, as categorias “reforçaram o pleito que foi feito em reunião com a Seger e a Sesp no dia 11 de setembro, onde foi apresentada uma proposta pela Frente. Naquela ocasião ficou acordado que uma nova reunião seria realizada no mês de outubro”. O encontro de terça, completa a assessoria, “reforça que o diálogo está aberto com os representantes das categorias e que as propostas apresentadas estão sendo analisadas pelo governo”.

RIGONI PASSA LONGE

O deputado federal Felipe Rigoni foi convidado, formalmente, para participar do seminário “Perspectivas do Socialismo Contemporâneo”, realizado na sexta-feira pelo PSB, com a presença do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira. Mas não chegou perto do hotel em Nova Almeida que sediou o evento. Siqueira assina a punição decretada pela direção nacional do PSB a Rigoni, Ted Conti e outros deputados da sigla que votaram a favor da reforma da Previdência na Câmara. Foram suspensos por um ano das vagas nas comissões temáticas da Casa.

MAJESKI, NÃO

Já o deputado estadual Sergio Majeski, que também cogita sair do PSB, não só foi ao seminário como comandou um dos grupos de trabalho: “Demografia, alimento e energia”.

BÍBLIA E "O CAPITAL"

A vice-prefeita da Serra, Marcia Lamas, inovou na concepção: “Isto aqui não é socialismo do PT! É socialismo de Jesus!”, lançou ela, durante o seminário do partido. Marcia está filiada ao PSB desde 2015, mas, pelo visto, precisa reler o programa e o manifesto da própria agremiação, os quais não contêm uma só menção a Jesus Cristo. Aliás, nesses dois documentos, não há sequer a palavra “religião”. Está tudo lá no site do PSB.

QUESTÃO DE PERSPECTIVA

Serão essas as novas “Perspectivas do Socialismo Contemporâneo”, nome do seminário em questão?

MONTANHA DE VAGAS

Na última quarta-feira, publicamos o dado, apresentado pelo conselheiro Rodrigo Chamoun, durante seminário do TCES promovido dois dias antes, sobre a relação vagas X ocupação nos anos iniciais do ensino fundamental em Montanha, no Norte do Estado. Há 490 vagas, mas só 11% de ocupação. A prefeitura esclarece que esses números estão corretos, mas se referem à rede estadual no município. Na rede municipal, a taxa de ocupação, nas mesmas séries, é de 87%.

MARCANTE

Foram muitos os fatos registrados e analisados, desde que assumi a coluna, no jornal impresso diário. Um dos mais marcantes foi a morte do ex-governador Gerson Camata, que recebeu aqui um obituário em 27/12/2018.

Gerson Camata chora em público, no palanque de evento do governo Paulo Hartung, um dos últimos de que participou. Crédito: Secom
Gerson Camata chora em público, no palanque de evento do governo Paulo Hartung, um dos últimos de que participou. Crédito: Secom

CENA POLÍTICA

Durante a sabatina do novo PGR, Augusto Aras, na CCJ do Senado, a senadora Rose de Feitas enveredou por um debate capilar: “Eu por exemplo tenho o cabelo bem preto e pinto um pouquinho da raiz, porque sou descendente de índia, então conservo os pretos aqui. Não que sejam por experiência, mas tenho certeza que, com preto ou branco, eu tenho o respeito dos meus colegas nesta Casa. E Vossa Senhoria conquistou o meu respeito”. Antes de Rose concluir, a presidente da CCJ, Simone Tebet, fez um aparte, reforçando questionamentos que Rose fizera a Aras acerca da pauta das mulheres. Cid Gomes não resistiu à troça: “Pensei que ia falar dos cabelos brancos”. E Simone Tebet: “Eu não ouso, porque tenho certeza que tenho mais brancos do que ela. É melhor deixar esse assunto para depois (risos)”.

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