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Majeski e Roberto Martins podem se juntar para disputar Vitória

Um é deputado estadual e o outro é vereador de Vitória. Ambos vêm do magistério e podem estar juntos na briga pela prefeitura da capital.

Publicado em 21/09/2019 às 14h10
Atualizado em 25/09/2019 às 19h17

Opositor do prefeito Luciano Rezende (Cidadania) na Câmara de Vitória, o vereador Roberto Martins (PTB) está decidido: na próxima janela para troca de partidos, a ser aberta em março do ano que vem, voltará para a Rede Sustentabilidade – de onde na verdade gostaria de jamais ter saído. Na corrida à sucessão de Luciano, ele já tem outra decisão tomada: apoiará a possível candidatura do deputado estadual Sergio Majeski, também cotadíssimo para entrar na Rede.

Sergio Majeski e Roberto Martins podem se unir na disputa pela Prefeitura de Vitória. Crédito: Amarildo
Sergio Majeski e Roberto Martins podem se unir na disputa pela Prefeitura de Vitória. Crédito: Amarildo

Assim, pode estar em construção uma "aliança docente", ou uma "chapa histórico-geográfica", já que Martins é professor de História (ainda em atividade), enquanto Majeski é professor de Geografia (não lecionando no momento). Os dois, inclusive, conheceram-se há muitos anos, no exercício do magistério. Foram colegas no corpo docente do colégio Darwin.

Segundo o prognóstico de Martins, o deputado federal Amaro Neto (PRB), também fortemente cotado a disputar essa eleição, com certeza estará no 2º turno, mas, nessa etapa do processo, deve encontrar resistência. Para o vereador, na verdade, o maior adversário de Majeski será outro antigo conhecido seu: o deputado estadual Pazolini (sem partido), o qual, vejam só, foi aluno de Martins no ensino médio, no Leonardo da Vinci.

Portanto, na eleição a prefeito de Vitória em 2020, Martins pode se ver entre um ex-aluno e um ex-colega de docência.

Por que o sr. acha que Pazolini será o principal adversário de Majeski?

Fui professor dele. Vejo-o como um quadro muito preparado. Por isso acho que vai dar trabalho nesse processo eleitoral, se for mesmo candidato. E ele está com um posicionamento mais conservador. Por isso vejo que ele vai ser o grande adversário do nosso grupo, já que temos um posicionamento mais progressista. Esse será o grande embate nessa eleição, na minha opinião. Não vejo que a candidatura do Gandini [candidato do prefeito Luciano, pelo Cidadania] vá ser exitosa.

Por quê?

É um peso muito grande carregar os problemas advindos da atual gestão. Acho que ela foi muito falha, e isso recairá sobre os ombros do Gandini. Então já vejo o Pazolini e o nosso grupo. "Nosso grupo" que digo somos eu ou o Majeski, para essa disputa entre um campo mais conservador e outro mais progressista. É evidente que agora, nesse ano eleitoral, temos uma série de obras que estão vindo, financiadas pelo BID e pelo Finisa, e eles acreditam que isso possa alavancar a candidatura dele. Mas eu acredito que não. Vimos algo parecido com o governo Paulo Hartung: tinha um monte de obras para entregar, deixou para a última hora e deu no que deu: aquela desistência.

E Amaro, como o sr. o avalia?

Amaro, se vier, é uma candidatura forte no 1º turno. Com certeza estará no 2º turno. Mas, no 2º, não sei... Acho que existe uma rejeição de boa parte do eleitorado à candidatura dele. Não sei se consolida no 2º turno.

E Majeski é candidato mesmo?

Vejo três alternativas. Já anunciei que apoiarei Majeski se ele for candidato. Ele pode vir pelo próprio PSB, se conseguir se viabilizar no PSB. Acho difícil essa alternativa, mas, se ocorrer, vamos apoiá-lo mesmo que ele esteja no PSB. A 2ª alternativa seria ele migrar para a Rede. Já recebeu o convite. Se ele for para a Rede, ele será candidato pela Rede. E a 3ª possibilidade, se ele não for candidato, é eu, no caso, ser candidato pela Rede. Então essa é uma candidatura certa: ou vem Majeski, ou eu sou candidato à prefeitura.

Não haveria aí uma 4ª opção? A Rede não lançar candidato próprio, o PSB sim, e vocês apoiarem esse candidato do PSB, de repente o vice-prefeito Sérgio de Sá?

Não há essa opção. Só se for Majeski.

Nem apoiar Gandini?

Nem apoiar Gandini.

ENQUANTO ISSO, NO PT DE CARIACICA...

O vereador de Cariacica André Lopes, candidato a presidente municipal do PT de Cariacica, é o autointitulado "fiel da balança" na eleição para a presidência estadual do partido, disputada por Helder Salomão e Jackeline Rocha e marcada para o congresso estadual do partido, no fim de outubro. No congresso, 250 delegados votarão em Helder ou em Jackeline. A chapa de Helder terá 124 delegados. Ficou perto, mas não fez a maioria. Os delegados com Jackeline somam 112. Os outros 14 delegados são os do grupo liderado por André Lopes.

Por isso, o apoio de Lopes e de seu grupo passou a ser extremamente cobiçado pelos dois lados. Na eleição à presidência de Cariacica, marcada para hoje, ele concorre com o candidato de Helder, Jorge Davel. Em entrevista à coluna, publicada no último dia 13, ele disse com todas as letras: a sua prioridade é se tornar presidente do PT em Cariacica e quem o ajudar a chegar lá dará um passo enorme para garantir seu apoio no congresso estadual. "Aonde quer que eu vá, ou um ou outro vai ter que garantir a minha vitória em Cariacica."

Na mesma entrevista, ele disse que, se Helder retirasse a candidatura de Davel contra ele, daria um forte "sinal" para garantir o seu apoio. Isso não ocorreu.

Na verdade, na última quinta-feira, André Lopes recebeu o apoio do grupo político de Jackeline para vencer em Cariacica. Isso significa que Jackeline terá o seu apoio, então, contra Helder, para ser a presidente estadual? Lopes responde, sem rodeios: "Não é uma condicionante, mas é um sinal forte de que ela larga em vantagem. Não vou negar isso para você". Abre o olho, Helder!

PTB com o PRB

Histórico colaborador de Rodney Miranda (PRB), Toninho Magalhães foi empossado, oficialmente, presidente do PTB em Vila Velha, em solenidade na Câmara Municipal, na última quarta-feira. Toninho garante que sua prioridade será colaborar para o fortalecimento de uma aliança com o PRB de Amaro Neto, Erick Musso e Roberto Carneiro, em vários municípios, visando às eleições de 2020. A dúvida é se o PTB se tornará correia de transmissão do PRB no Espírito Santo.

Convite a Arnaldinho

Segundo Toninho, ele assumiu a direção municipal convidando o vereador Arnaldinho Borgo (MDB), opositor do prefeito Max Filho (PSDB) e pré-candidato a prefeito, para se filiar ao PTB e concorrer à prefeitura pela sigla. A questão é que o deputado estadual Hudson Leal (PRB) também está obstinado a entrar nesse páreo. E aí como fica a aliança com o PRB em Vila Velha? "Se Arnaldinho topar nosso convite, não poderemos apoiar Hudson", afirma Toninho.

Rodney só à espera

E quanto a Rodney Miranda nisso tudo? Segundo Toninho, o ex-prefeito de Vila Velha está bem como secretário de Segurança de Goiás. Suplente de Amaro Neto na Câmara Federal, Rodney, segundo o antigo auxiliar, apostaria na eleição de Amaro a prefeito de Vitória em 2020, para herdar a vaga. Não tentaria novamente em Vila Velha.

Petebista acidental

O vereador Roberto Martins pertenceu ao PSOL, entrou na Rede e, na verdade, queria ter concorrido a vereador de Vitória em 2016 pelo partido de Marina Silva, mas se desentendeu com Gustavo de Biase (outro que passou do PSOL para a Rede). Sua filiação ao PTB foi puramente casual: ele precisava de um partido e aceitou convite do ex-vereador Serjão Magalhães, então dirigente estadual do PTB e vizinho dele na Praia do Canto. O próprio Martins admite que não tem nada a ver com o PTB.

A parede do gabinete de Roberto Martins é decorada com um quadro retratando o polonês Zygmunt Bauman, seu ídolo intelectual. Com humor, o vereador recorda seu pé frio: ele acabara de adquirir o quadro, na segunda semana do mandato, quando o grande filósofo faleceu, em 09/01/2017. Crédito: Vitor Vogas
A parede do gabinete de Roberto Martins é decorada com um quadro retratando o polonês Zygmunt Bauman, seu ídolo intelectual. Com humor, o vereador recorda seu pé frio: ele acabara de adquirir o quadro, na segunda semana do mandato, quando o grande filósofo faleceu, em 09/01/2017. Crédito: Vitor Vogas

Proximidade e defesa

A proximidade entre Martins e Majeski é tão grande hoje que, no início de setembro, os dois estiveram juntos em uma mesa, ao lado do presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho, em evento no qual ele e o advogado defenderam a liberdade de expressão de Majeski no caso em que o deputado criticou projeto do MPES, podendo ainda vir a ser processado pelo chefe da instituição, Eder Pontes.

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