Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

“Para Todos os Garotos 3” traz bom fim à trilogia da Netflix

“Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre” encerra a trilogia de comédia romântica da Netflix e abre novas possibilidades para a história de Lara Jean Covey

Vitória
Publicado em 11/02/2021 às 23h16
Atualizado em 11/02/2021 às 23h16
Filme “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”, da Netflix
“Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”. Crédito: Katie Yu / Netflix

Lançado em 2018, “Para Todos os Garotos que Já Amei” é um dos marcos dos originais Netflix. O filme dirigido por Susan Johnson a partir do livro de Jenny Han é leve, ágil, divertido e mostrava a guinada da plataforma para um público alvo mais jovem. A comédia romântica adolescente foge dos padrões com uma protagonista de ascendência coreana (Jenny Han exigiu isso ao vender os direitos do livro) e usa referências explícitas do cinema de John Hughes, mas atualizando-as com temas contemporâneos. O resultado é ótimo.

No início de 2020, “Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você” chegou cheio de expectativas. O segundo filme é uma continuação direta do primeiro, mas não tem o mesmo charme. O arco principal parece artificial e sem força para segurar uma trama inteira - rende um ou outro bom momento, mas oferece pouca novidade ao continuar trabalhando as cartas do primeiro filme.

Filme “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”, da Netflix
“Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”. Crédito: Katie Yu / Netflix

Eis que agora, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021, chega à Netflix a terceira parte da saga de Lara Jean Covey (Lana Condor). “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre” foi filmado simultaneamente ao segundo filme, mas felizmente consegue ter uma identidade própria.

Tendo encerrado o arco das cartas, a gênese da franquia, o terceiro “Para Todos os Garotos” é mais maduro. Com o ensino médio chegando ao fim, Lara Jean agora tem todas as atenções voltadas para a universidade. Seu plano inicial é estudar na mesma instituição que Peter (Noah Centineo), mas ela logo percebe que sua vida pode trilhar outros caminhos não só no que diz respeito ao seu futuro estudantil.

“Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre” é construído sobre duas viagens. A primeira é a de toda a família de Lara Jean à Coreia do Sul, onde a família percebe que Kitty (Anna Cathcart) está crescendo, algo que nunca é muito bem explorado. A outra, a Nova York, é a que mais importa à trama principal, mas não vou entrar em spoilers aqui.

Assim como o segundo filme, “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre” é dirigido por Michael Fimognari. Diretor de fotografia habituado ao terror (“Maldição da Residência Hill”, entre outros), mas responsável pela fotografia do primeiro filme, Fimognari está na com Lara Jean desde o início de sua saga. Na terceira parte, ele usa novidades como alguns grafismos interessantes que dão uma sensação de frescor ao filme.

Filme “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”, da Netflix
“Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”. Crédito: Katie Yu / Netflix

A trama aproveita melhor a força pop da Coreia; da já citada viagem familiar a Seoul às músicas de K-pop na trilha sonora. Outro mérito do filme é mais uma vez subverter a dinâmica de estereótipos escolares dos filmes oitentistas que, mais uma vez, são reverenciados pelo roteiro.

Como acontece em filmes e séries dessa nova leva de comédias românticas, o texto não cria conflitos pelas diferenças, mas sim pelas escolhas exigidas de cada personagem. Não há escolhas erradas, apenas caminhos diferentes a serem seguidos. É interessante também como o filme desconstrói a relação de codependência de um casal, por exemplo; Lara Jean e Peter funcionam bem juntos, mas é possível vê-los tanto como um casal quanto como separados pelas já citadas escolhas sem vilanizar nenhum dos dois.

Ao fim não só do filme, mas da trilogia, “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre” é bem superior à segunda parte da saga, mas ainda não alcança a qualidade do primeiro. De qualquer forma, os filmes representam bem essa nova forma de se fazer comédias românticas, com representatividade e sem comportamentos tóxicos. É uma pena, assim, que o primeiro filme seja tão superior aos outros dois, pois a impressão que temos ao fim é de que talvez não valha continuar a história.

De qualquer forma, se a Netflix optar por novos filmes (ou até uma série) para acompanhar Lara Jean e Peter na universidade, uma nova dinâmica pode ser interessante à franquia que ganharia, assim, diversas possibilidades de se reinventar em um novo cenário.

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