Nessa coluna, Nanda Perim fala de sua experiência como psicóloga e educadora parental, dando seu parecer sobre questões atuais da educação infantil, trazendo dicas, humor e muita novidade boa!

Você sabe o que é Ubuntu? Ele pode transformar sua vida

Quando descobri esse conceito africano fiquei maravilhada. Com certeza, um dos maiores aprendizados que tive nessa jornada. Quero gritar pra todo mundo essa filosofia, porque ela pode ser a solução, pode ser a saída

Publicado em 12/11/2020 às 12h06
Pessoa ajudando a outra: solidariedade
Quando abraçamos essa filosofia, quem está perto da gente, automaticamente, segue o mesmo fluxo. É lindo! . Crédito: unsplash

Com a pandemia e a quarentena uma coisa ficou muito clara para todos nós: como a comunidade nos faz falta! Aliás, a escassez tem essa vantagem: nos faz valorizar aquilo que não tínhamos tempo para apreciar. De repente não podíamos mais ver parentes e amigos, e aquele passeio no parque ficou sem poder acontecer. Sair para pegar um ar puro também não podia mais, porque mesmo saindo, era de máscara, respirando aquele ar abafado que conhecemos bem demais nesse ponto da pandemia.

A comunidade passou a nos fazer falta, e então temos a oportunidade de lembrar que somos animais, sim, e de manadas. Isso fica muito claro para todo mundo com filhos: os primeiros meses com o bebê são doloridos porque sentimos falta da manada. Da aldeia que deveria estar cuidando de nós enquanto cuidamos do bebê, cuidando do bebê enquanto cuidamos de nós. Essa vila faz falta, na verdade, durante toda a infância de nossos filhos. Acabamos substituindo  essa ajuda por escola, por vizinhos nos fazendo favores. Mas não é, de fato, uma substituição. É apenas um tapa-buracos, que incomoda, que dói, porque ficamos devendo favores, ficamos sobrecarregando outras pessoas, porque não nos sentimos com apoio que precisamos, mas na base de pedidos e agradecimentos que jamais conseguiremos retribuir.

Já a aldeia não vive de favores, ela vive de cooperação. Você ajuda a mãe recém-parida como foi ajudado, porque é assim, e não questionamos ajudar o outro, nem sermos ajudados

Nanda Perim

psicóloga

"A cooperação é baseada no sentimento incrível de união e co-dependência de vida. Eu sou porque você é, estou bem porque você está, você está bem porque eu estou. Isso é cooperação, isso é comunidade, isso é ubuntu."

Quando descobri esse conceito africano ‘ubuntu’, fiquei maravilhada. Com certeza, um dos maiores aprendizados que tive nessa jornada, e tenho tido muitos incríveis nos últimos seis anos. Essa filosofia eu quero gritar pra todo mundo, porque precisamos que todos saibam que ela pode ser a solução, pode ser a saída, pode ser a melhor coisa que aconteceu - ou vai acontecer - na sua vida. Quando você entende, sai do padrão de competitividade com as pessoas, profissional ou qual for. Você passa a educar seus filhos para entender ubuntu, e sua relação com eles também muda. Você passa a entender que tem tanto pra ensinar quanto pra aprender, e então se colocar no lugar de aprendiz. Assim, tudo se torna simples, leve e uma grande conquista. É muito delicioso aceitar que você estará aprendendo para o resto da vida.

Nanda Perim

psicóloga

"Ubuntu é entender que eu não sou sem você. É perceber que você é porque eu sou, que quando eu ganho, você ganha. E quando eu perco, você perde um pouco também. Que quando você ganha, ganhamos juntos. Eu sou porque você é, você é porque eu sou. Está fazendo sentido? É uma filosofia de vida bem simples e linda: eu sempre serei apoio e sempre serei apoiado. E não dá pra ser ubuntu sem comunidade. Mas dá pra ser ubuntu mesmo que sua comunidade não seja - ainda"

Eu percebo no meu dia a dia que quando abraçamos essa filosofia quem está perto da gente, automaticamente, segue o mesmo fluxo. É lindo! E sabe aquele medo de alguém se aproveitar? Não se preocupe com ele. Você, naturalmente, passa a perceber que esse é o medo da sua própria vulnerabilidade. Acontece que somos todos vulneráveis! E ubuntu é entender que somos vulneráveis porque o outro também é, eu sou  porque nós somos, e então abraçamos a humanidade que tem em cada um de nós, e então conseguimos ser ubuntu até em nossas fragilidades.

Olha, eu não sou expert em ubuntu, sou aprendiz e estou começando agora, mas quis aproveitar a oportunidade para trazer essa descoberta pra você. Agora, durante a pandemia, estamos nos estranhando, apesar de sentir falta da comunidade. Nos afastamos, e muitos de nós desaprendeu a estar. E ubuntu vai te ajudar. Espero que traga grande mudanças aí no seu dia a dia!

Ubuntu pra você, querido amigo e querida amiga!

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