A frase “não há doenças, há doentes” deveria ser definitiva. Porém, por mais óbvia que seja, atravessa o blindado campo das certezas que invadem a Medicina sem transformar-se em estudos científicos suficientemente aprofundados. Mesmo com o empenho de respeitados estudiosos da pessoa em lutar contra esta colossal cegueira, “separando” o psíquico do físico, a nova concepção – psicossomática – não recebe o devido tratamento sequer dos axiomas históricos, científicos e experimentais.
Os pensamentos rígidos e encapsulados estão plenos de convicções específicas desde que o mundo é mundo. Tais posições surgem, frequentemente, quando o sistema oficializado do funcionamento humano desorganiza-se e localiza-se parcialmente no corpo. A bem da verdade está cada vez mais divulgada a concepção segundo a qual sintomas antes considerados “apenas” psíquicos possam ser encontrados em seu prolongamento no corpo anatômico, como um todo. A ciência, às vezes, é obrigada à pressa e à exatidão.
Adoraria dar um passeio sobre o curso e as vicissitudes da doença através dos tempos. Então, por ser um texto imperdível sobre a história das desorganizações humanas, gostaria de dar uma dica: um livro de Roy Porter, pesquisador de Cambridge, para ser lido com a alma por vocês leitores.
Deixo para este meu artigo algumas considerações sobre o que hoje me vem à mente. Quero crer que a boa prática em todos os confins nos dá hoje, de rotina, simplesmente a vida. Tenho observado colegas operando milagres na clínica e na cirurgia e, mais recentemente, na medicina social, que nos deve encher de esperanças para vivermos melhor.
Minhas observações sobre o homem e seus significados são apenas o ousar pensar junto com um time que me formou. Quando me especializei em Psicossomática e Psicologia Médica fui com a sede dos que tem certezas. Afinal, já era psiquiatra. Mas que nada. Não é fácil unir sequer as palavras físico e psíquico. Psicossomática, por exemplo. O original seria psico-somática.
A ausência de um traço de união não resolve a questão de considerar um sistema único em curso e essencialmente a presença do outro, do alter. Juro por Santo Agostinho. Lembro aos leitores que essa discussão é apenas literal, não se afobem.
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Escrevo atualmente para mim mesmo. Trabalhar pensando e sentindo o outro é assim como estar com um amigo, com prazer, e querendo escutá-lo, e eu a ele ou ela. Vou começar logo avisando que a amnésia é o momento em que se esquece que esqueceu. O resto é distração, não é Alzheimer.
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