É professor do mestrado em Segurança Pública da UVV

Segurança pública também precisa se adequar às novas tecnologias

Nossas autoridades devem se adaptar tão rápido quanto a mídia, porque os criminosos já deram o seu start

Publicado em 30/09/2019 às 06h02
Policiais operam drone. Crédito: Divulgação
Policiais operam drone. Crédito: Divulgação

De tempos em tempos, alguma tecnologia revoluciona a vida humana, estabelecendo um mundo novo tão aparentemente imutável quanto o antigo, só até a próxima novidade disruptiva. Foi assim com o fogo e a roda, mas também com a penicilina, que dobrou a nossa expectativa de vida e criou todo esse problema para os nossos sistemas de aposentadoria.

Não poderia ser diferente no campo da comunicação, desde a imprensa de Gutemberg, passando pelo rádio, pela televisão e pela internet. Tarefas, profissões, hábitos e modelos de negócios são substituídos e quem não aceita as mudanças é tragado.

A informática teve esse mesmo efeito no campo da segurança pública, especialmente no que diz respeito ao crime organizado. Já vai longe o tempo daqueles adolescentes superdotados que passavam noites solitárias espalhando pequenas maldades pela rede.

Fraudes virtuais e outros crimes cometidos literalmente no mundo virtual ou apenas utilizando os computadores como instrumento têm empregado grandes equipes de profissionais altamente qualificados, em estruturas verdadeiramente empresariais, e cada vez mais deixam a comer poeira os ladrões de esquina, tolos incompetentes que continuam se arriscando diariamente em busca de um celular ou alguns trocados.

Em compensação, não apenas os crimes informáticos ou cometidos com emprego da tecnologia da informação são sujeitos a combate por policiais com um novo perfil e novos meios, mas qualquer espécie de delito. Câmaras de segurança têm sido de enorme importância tanto para o patrulhamento preventivo como para a investigação, mas há um enorme potencial de efetiva automação de grande parte das atividades, tal como aconteceu no setor bancário.

Programas de reconhecimento tanto servem para identificar rostos (e, claro, coisas mais simples, como as placas de automóveis) como impressões digitais. Padrões de comportamento e de desvio, as ligações entre pessoas, a localização de coisas e seres humanos, enfim, tudo o que interessa às policias podem ser acessados, frequentemente em bancos de dados públicos ou em redes sociais, e podem ser analisados pela inteligência artificial.

O ser humano continuará sendo indispensável, mas só nas pontas desses processos: criando os instrumentos tecnológicos, analisando os materiais obtidos e indo a campo. Tudo aquilo que é braçal, repetitivo ou burocrático pode ser automatizado.

Queira Deus que nossas autoridades tratem de se adaptar tão rápido quanto a mídia, porque os criminosos, esses já deram o seu start.

*O autor é professor do mestrado em Segurança Pública da UVV

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