Colunista de Esportes

Mundial Sub-17 mostra que padrão tático é valorizado e drible perde espaço

Seleções são inteligentes taticamente e jogadores possuem bons fundamentos, enquanto o improviso e os lances geniais estão cada vez mais escassos

Publicado em 02/11/2019 às 06h00
Em um dos jogos mais aguardados da primeir fase, Argentina e Espanha empataram em 0 a 0 no estádio Kleber Andrade. Crédito: Ricardo Medeiros
Em um dos jogos mais aguardados da primeir fase, Argentina e Espanha empataram em 0 a 0 no estádio Kleber Andrade. Crédito: Ricardo Medeiros

Até a manhã deste domingo (03), o estádio Kleber Andrade já recebeu dez partidas da Copa do Mundo Sub-17. Passaram por aqui diferentes escolas do futebol mundial como Argentina, Espanha, Holanda Japão e Senegal. Vários estilos já desfilaram no gramado, cada um com sua particularidade, mas muito em comum. Não tem jeito, o jogo caminha cada vez mais para a eficiência do padrão tático, enquanto o drible e o improviso perdem espaço. 

É óbvio que estamos tratando aqui de uma microanálise. Um pequeno recorte de uma competição, mas que pode nos dizer um pouco sobre como os jovens jogadores são orientados em seus países. Principalmente pelo fato do Estado receber seleções de diferentes cantos do mundo, já que temos por aqui atletas da América do Sul, Europa, Ásia e da África. 

Em todos os jogos é perceptível a eficiência técnica das equipes. Jogadores com fundamentos aprimorados: bons passes, domínio de bola, lançamentos e que sabem bater na bola. A inteligência dentro de campo também é notável. Mesmo novos, os atletas sabem qual é a melhor movimentação, jogam alinhados taticamente e apostam nas jogadas ensaiadas. O que reflete no equilíbrio da competição até aqui, que tem poucos resultados marcantes. 

O Tajiquistão venceu Camarões por 1 a 0, com um gol de pênalti, no Klebão. Crédito: Ricardo Medeiros
O Tajiquistão venceu Camarões por 1 a 0, com um gol de pênalti, no Klebão. Crédito: Ricardo Medeiros

É justamente esse preciosismo técnico/tático que em muitos momentos deixa o jogo chato. Se tem o lado positivo de privilegiar os fundamentos, o aspecto negativo é que apaga o fator encantador do futebol, que é o improviso. Em raros momentos, o torcedor que foi ao Kleber Andrade vibrou com um drible desconcertante ou uma jogada de encher os olhos. Falta o recurso que faz a torcida se apaixonar, o lance que ninguém espera, que muitas vezes fica mais marcado na memória do que um gol. 

Nem o Brasil se salva

O próprio Brasil, referência para o mundo e de quem se espera algo diferente, já não é mais o mesmo. Apesar de duas vitórias elásticas - 4 a 1 sobre o Canadá e 3 a 0 em cima da Nova Zelândia - a forma de jogar não fica muito distante das outras seleções. Mesmo com jogadores como Talles Magno, uma das maiores promessas recentes do Vasco e que já protagonizou lances mágicos em São Januário, a seleção não consegue encantar. 

É bom destacar que os jogadores são ainda muito novos e estão em formação. Muita coisa passará por transformação em suas carreiras. Contudo é possível perceber o encaminhamento que os treinadores oferecem em um contexto que as categorias de base no mundo ainda não se decidem sobre o que é necessário: formar jogadores ou conquistar títulos? Uma eterna discussão.

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