E professor de Economia

Identificar prioridades é o ponto de partida para cidades sustentáveis

Parques, praças e calçadas se tornam cada vez mais importantes em qualquer cidade nestes novos tempos

Publicado em 02/08/2019 às 16h00
Esqueleto de concreto do Cais das Artes está inacabado na Enseada do Suá. Crédito:  Vitor Jubini - 15/10/2018
Esqueleto de concreto do Cais das Artes está inacabado na Enseada do Suá. Crédito: Vitor Jubini - 15/10/2018

Local privilegiado de interações sociais, a cidade sintetiza o processo civilizatório de cada tempo da humanidade. Sempre em mutação ela reflete vontades de forças sociais.

Reflexo que a ele impõe que de tempos em tempos se desapegue de padrões superados por avanços tecnológicos e seus desdobramentos. Cidades se desenvolveram ou perderam importância - quando, por exemplo, deixaram de ser nós em redes de transporte em razão do surgimento de modais como o ferroviário e o rodoviário.

Elas atingem padrões mais sofisticados quando, por exemplo, abandonam o crescimento baseado na industrialização e procuram se inserir na chamada sociedade da aprendizagem. Inserção que exige mudanças em seu funcionamento.

A maneira das pessoas circularem pela cidade ilustra isso. O pendular casa-trabalho que caracteriza a cidade dinamizada pela indústria passa a ser inadequado para a circulação de pessoas quando o que a impulsiona são serviços que exigem outros tipos de interação.

Mais do que reconfigurar o uso de instalações industriais e de serviços pesados, agir sobre a cidade hoje é privilegiar espaços de convivência em todo o seu tecido. Parques, praças e calçadas se tornam cada vez mais importantes em qualquer cidade nestes novos tempos.

A chamada infraestrutura viária montada para circulação casa-trabalho, que transforma as cidades em áreas de rápida fluidez para veículos, precisa ser reconfigurada. Reconfiguração que precisa estabelecer prioridades.

Prioridade, para as pessoas, exige calçadas que levem em conta necessidades de idosos, crianças e portadores de deficiências. Prioridade também para veículos, por sua forma de propulsão - como bicicletas - ou quantidade de pessoas transportadas - ônibus, por exemplo -, e que respondem à crise do clima.

Identificar prioridades e superar padrões ambiental e socialmente nocivos é ponto de partida para que as cidades se (des)envolvam sustentáveis.

Esse pode ser um exercício para obras pensadas para a Avenida Rio Branco, em Vitória. O que se quer dela? Continuar sendo passagem rápida de automóveis ou que priorize faixas para bicicletas e ônibus? Que abrigue calçadas mais adequadas para encontros de seus moradores e de áreas vizinhas e de pessoas que vêm para comprar ou que preserve áreas de estacionamento de automóveis?

Temas para o necessário diálogo entre quem quer Vitória em sintonia com o que acontece em cidades mundo afora. E que quando visitadas são admiradas por todos.

 

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