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O que explica o calorão e as poucas chuvas no Espírito Santo?

O que explica o calorão e as poucas chuvas no Espírito Santo?

O meteorologista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Ivaniel Foro trouxe explicações sobre o comportamento das temperaturas em janeiro no Espírito Santo

Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 17:06- Atualizado há 3 anos

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Calor na Grande Vitória
Jovem se refresca em chuveiro na Curva da Jurema. (Vitor Jubini | Arquivo)

Já é esperado que o verão seja uma estação marcada pelas altas temperaturas, mas o início de 2021 parece que não poderia ser mais quente. Nesta quinta-feira (28), por exemplo, a Capital capixaba bateu o recorde de calor já registrado neste ano. De acordo com o Instituto Climatempo, a maior temperatura registrada em Vitória este ano era de 33,5° C, no dia 20 de janeiro. Na tarde de ontem (28), as estações de medição automática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registraram 35,2 °C. Nesta sexta-feira (29), a expectativa é de manutenção por volta dos 35°C nos termômetros de Vitória.

Mas como explicar este calor? Inicialmente, conforme veiculado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nessa quinta (28), o sudeste vem enfrentando um período de poucas chuvas, com consequente acúmulo de calor na atmosfera. Isso acontece porque desde 2020 o oceano está mais quente nesta região, facilitando a formação dos sistemas de alta pressão, que tem a função de secar o ar, impedindo a formação das nuvens de chuva.

O que explica o calorão e as poucas chuvas no Espírito Santo?

Com isso, associado ao vento girando no sistema anti-horário, na borda continental é como se houvesse um paredão. Simplificando, o que acontece é que as frentes frias sobem, batem no paredão e vão embora para o mar. Com o tempo, o paredão será quebrado e a chuva deverá chegar ao Espírito Santo e estados vizinhos. Mas esta ainda não é a previsão para os próximos dias, em que grande parte do sudeste vai continuar com o tempo firme e quente.

Em entrevista ao jornalista Fábio Botacin, na CBN Vitória, o meteorologista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Ivaniel Foro explicou o comportamento das temperaturas em janeiro no Espírito Santo. Segundo ele, o mês de janeiro já é, de fato, um mês muito quente. Neste ano, em especial a primeira e a última semana do mês têm sido as com maiores elevações de temperaturas.

CHUVA

Também de acordo com Foro, o calor, desta vez, não tem sido amenizado pelas quebras esperadas pelas chuvas. "Como temos aqui a zona de convergência do Atlântico Sul (um dos principais provedores de chuva sobre o Brasil durante o verão), a temperatura acaba não subindo bastante. Mas os dias têm sido de muito sol, consecutivos. Esta ausência de chuvas nós chamamos de veranico, que se estende por mais de 4 dias seguidos e provoca sensação de dias mais quentes que não acabam. Então esse janeiro foi bem diferente dos outros", disse.

"Em janeiro de 2020, houve muita chuva que arrasou municípios. Já neste ano não tivemos isso. Existe um sistema chamado de alta pressão que impede o avanço das frentes frias. Mas o arranjo que temos neste ano tem impedido a formação da zona de convergência e causado diminuição das chuvas nessa época do ano".

O QUE ESPERAR PARA FEVEREIRO

Para fevereiro, o meteorologista acredita que não haja grandes mudanças. "Tivemos agora nossa reunião climática e fevereiro não tende a ser um mês com muita chuva. Já é naturalmente um mês com pouca chuva, com a característica do veranico. E em março geralmente temos as chuvas como sendo normais. Mas em fevereiro não temos expectativa de chuvas volumosas, e as temperaturas continuam elevadas", afirmou.

Segundo Ivaniel Foro, as chuvas devem ficar dentro do nível normal ou até abaixo do que se espera para fevereiro. "Não teremos chuva para repor a que não caiu em janeiro. Isso indica tempo preocupante mais à frente, pois no meio do ano já há a tendência do tempo ser mais seco, o que acende um sinal de alerta. Nós no Incaper monitoramos as secas, e com base nos acumulados de chuva de dezembro e janeiro, estamos em estágio de seca fraca. O campo já começa a sofrer com o solo mais seco e isso pode trazer resultados negativos mais para frente em alguns setores", acrescentou.

Como temperatura média esperada para fevereiro, o especialista diz que será abaixo dos 30°C e próxima aos 28°C nas regiões mais baixas, e 26°C nas mais altas, como a região Serrana do Estado. "Mesmo com a temperatura média abaixo dos 30 graus, haverá dias que, sem dúvidas, ultrapassam os 30 graus, com certeza, inclusive na região Serrana", concluiu.

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