Jornal A Gazeta acompanhou história do navio que bateu na Terceira Ponte
Jornal A Gazeta acompanhou história do navio que bateu na Terceira Ponte. Crédito: Cedoc | A Gazeta

O dia em que um navio cargueiro bateu na Terceira Ponte

Acidente registrado em ponte dos Estados Unidos nesta terça (26) trouxe à tona um episódio que aconteceu no Espírito Santo em 1990

Tempo de leitura: 4min
Vitória
Publicado em 26/03/2024 às 12h15

Uma ponte na cidade de Baltimore, em Maryland, nos Estados Unidos, desabou depois de ser atingida por um navio cargueiro na madrugada desta terça-feira (26). O acidente foi flagrado por uma câmera que monitorava a ponte em tempo real. A imagem é impressionante e mostra a estrutura da ponte caindo em partes na água após a colisão. A 13 horas de viagem da cidade norte-americana e a há 34 anos, um outro caso chamou a atenção, desta vez dos moradores do Espírito Santo. Por trás da grandiosidade e importância da Terceira Ponte, que liga os municípios de Vitória e Vila Velha, há curiosidades e casos inusitados: um deles é o dia em que um navio cargueiro bateu na estrutura da ponte.

Nos Estados Unidos, segundo jornais locais, pessoas teriam caído no rio, uma vez que vários veículos trafegavam normalmente antes do acidente. O navio cargueiro que derrubou a ponte em Baltimore é de Singapura e tinha como destino o Sri Lanka. A ponte, conhecida como Francis Scott Key, foi inaugurada em 1977 e tem quase 3 quilômetros de extensão.

O acidente sob a Terceira Ponte aconteceu no dia 27 de janeiro de 1990, ou seja, há 34 anos. Diferentemente do caso norte-americano, a batida do navio no Espírito Santo não comprometeu a estrutura da Terceira Ponte e não chegou perto de colocar a vida das pessoas em risco. Entre Vitória e Vila Velha, foi um navio da Noruega, intitulado de Nortween Merchant, o responsável pela batida. O acidente foi registrado na época nas edições do jornal impresso de A Gazeta e em vídeo pela TV Gazeta.

Chamou a atenção, naquela época, além da batida, o fato de o acidente ter acontecido meses após a inauguração da ponte. A Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça, a Terceira Ponte, foi inaugurada em agosto de 1989. Menos de um ano após a abertura para os veículos, o navio da Noruega, então, protagonizou a cena inusitada. O prejuízo teria sido de US$ 7,5 milhões de dólares, que deveriam ser pagos pela empresa dona do navio.

Jornal A Gazeta

Edição de 28/01/1990

"O navio [...] saía da baía de Vitória sem auxílio de um rebocador quando um defeito no leme fez o prático perder o controle da manobra, indo se chocar com o anel de proteção do vão central da ponte"

A Gazeta destacou ainda que o anel foi destruído e o navio chegou a encostar no pilar da ponte. Após o acidente, rebocadores saíram do Porto de Vitória para o socorro do navio.

A batida foi assunto até fora do Espírito Santo. A Folha de São Paulo destacou no dia seguinte o choque entre o navio e a ponte. Segundo o jornal paulista, o navio perdeu o controle e bateu contra o anel do vão central da ponte por volta das 8h30 daquele dia 27 de janeiro, um sábado.

Folha de São Paulo registrou caso de navio no ES
Folha de São Paulo registrou caso de navio no ES. Crédito: Arquivo | Folha de São Paulo

Ainda de acordo com o jornal, foram necessários apenas 30 minutos para que os rebocadores conseguissem retirar o navio do local. Na época, a Capitania dos Pontos informou que o acidente não causou fechamento da ponte e não houve congestionamento de carros ou navios.

Navio só foi liberado quatro dias após acidente no ES

O jornal A Gazeta noticiou no dia 31 de janeiro daquele mesmo ano que o navio da Noruega só foi liberado a seguir viagem quatro dias após a batida na ponte. A previsão era que ele fosse para o Rio de Janeiro, onde passaria por reparos. A Capitania dos Portos, durante o período em que o navio ficou no Estado, ouviu depoimentos de membros da tripulação, apontando que a causa do acidente seria mesmo uma falha no leme, o que dificultou a ação do timoneiro e do prático. Não foi informado, no entanto, o que causou a falha no leme.

Apesar do estrago, ponte seguiu sem riscos

Jornal A Gazeta acompanhou história do navio que bateu na Terceira Ponte
Jornal A Gazeta acompanhou história do navio que bateu na Terceira Ponte. Crédito: Cedoc | A Gazeta

Uma foto publicada pelo jornal dias depois mostra como ficou a defensa da ponte, parte que protegia o pilar. O bulbo, parte da frente do navio, bateu na chamada "saia" do pilar do vão central, abrindo um buraco.

O então presidente da Companhia de Exploração da Terceira Ponte (CETERPO), João Luiz Tovar, garantiu ao jornal A Gazeta na época que a batida não colocou em risco a estrutura. Mergulhadores estiveram no local e informaram que as estruturas de concreto não sofreram avarias em decorrência do acidente.

Navio virou "embarcação non grata" no Espírito Santo e pagou fiança "de milhões"

A edição do jornal A Gazeta do dia 26 de janeiro de 1991 encerrou a história que durou quase um ano. O que começou com um acidente acabou virando uma confusão, inclusive com uma demora para pagamento de uma espécie de fiança. Como registrado por A Gazeta, o navio foi liberado para sair do Estado, uma vez que precisava passar por reparos. Ao longo do ano de 1990 e o início de 1991, A Gazeta relatou que era necessário pagar o reparo da ponte após a batida.

Jornal A Gazeta acompanhou história do navio que bateu na Terceira Ponte
Jornal A Gazeta acompanhou história do navio que bateu na Terceira Ponte. Crédito: Cedoc | A Gazeta

No início do ano seguinte, em 1991, o mesmo navio voltou ao Espírito Santo. O que chamou a atenção neste caso foi o nome do navio. Quando chegou ao Estado em 1990 tinha "Nortween Merchant" como nome. Quase um ano depois, voltou ao Espírito Santo com o nome de "Northern Merchant". A ideia, como mostram os jornais da época, era despistar a Companhia de Exploração da Terceira Ponte (Ceterpo). O navio, então, foi preso no dia 9 de janeiro de 1991, não podendo sair de Vitória.

No dia 26 de janeiro de 1991, na véspera do acidente completar um ano, o navio saiu de Vitória após apresentar uma carta de fiança expedida pelo Banco do Brasil no valor de US$ 5 milhões de dólares. A empresa proprietária do navio tentou e conseguiu diminuir o valor da fiança, inicialmente estipulada em US$ 7,5 milhões.

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