Publicado em 26 de abril de 2021 às 17:09
A UFPR (Universidade Federal do Paraná) anunciou nesta segunda-feira (26) que uma equipe de pesquisadores da instituição avançou no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. A perspectiva é que o estudo possa ser finalizado até o ano que vem. As informações são da Agência Brasil. >
Em entrevista coletiva virtual, os pesquisadores responsáveis explicaram que a tecnologia utiliza parte de material do próprio vírus. Um gene é escolhido e é recombinado com partículas e sintetizado em um biopolímero, então é injetado no paciente para estimular a produção de anticorpos.>
"Uma vez preparada a proteína e a partícula, nós reunimos os dois in vitro, e a automontagem da partícula resulta em um polímero, uma partícula que mimetiza a partícula viral. Ele tem propriedade de estimular o nosso sistema imune contra o SARS-Cov2", explicou o professor Emanuel Maltempi, um dos responsáveis pelo projeto.>
De acordo com os pesquisadores, dados preliminares indicaram que a vacina pode ter uma eficácia maior do que a Oxford/AstraZeneca. Pelos cálculos dos responsáveis, o imunizante poderia ter baixo custo, de R$ 5 a R$ 10 cada dose.>
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A taxa de eficácia só será confirmada após o fim dos estudos, especialmente aqueles em humanos na fase clínica. Atualmente, o projeto está na fase de testes de eficácia em animais e de análises como testes toxicológicos.>
Os representantes da UFPR afirmaram que o imunizante poderá chegar à fase dos ensaios clínicos em humanos em até seis meses. Esse cronograma depende da capacidade de dar andamento aos demais ensaios que precisam ser feitos.>
O reitor da UFPR, Ricardo Fonseca, destacou que, mesmo com o cronograma previsto para o ano que vem, a inovação é importante, já que ainda há riscos concretos dos imunizantes contra a Covid-19 terem que ser aplicadas mais do que uma vez nos cidadãos.>
"É plausível que esperemos que a vacina contra a Covid-19 tenha que ser reaplicada permanentemente. Ademais, temos questões das variantes e precisamos, dentro deste cenário de incerteza, fazer apostas para o futuro. Ela vai ser estratégica e necessária em 2022, em 2023 e, quem sabe, até depois", disse o reitor.>
Fonseca acrescentou que o projeto é importante também por sinalizar um avanço na autonomia tecnológica do país ao caminhar com a produção de um imunizante 100% nacional, que não dependa nem de tecnologia nem de ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) fabricados em outros países.>
A primeira fase da pesquisa foi apoiada com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. A segunda fase, de novos testes em animais, terá recursos de programas de fomento à pesquisa do governo do estado do Paraná.>
O reitor da UFPR observou que os custos devem crescer fortemente com o avanço do projeto, especialmente na fase clínica e com uma eventual montagem de uma planta para a fabricação do imunizante.>
"Segundos alguns reitores, este custo pode chegar a R$ 50 milhões na fase clínica. Nenhuma universidade teria condições de fazer isso sozinha. Aí será uma parceria que teremos que celebrar", comentou Fonseca.>
O superintendente geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do governo do Paraná, Aldo Bona, informou que a administração estadual pretende levar a frente a instalação de uma planta de produção de imunizantes no TecPar (Instituto de Tecnologia do Paraná).>
Até o momento foram anunciados dois desenvolvimentos de vacinas brasileiras, ainda que com parcerias com instituições de pesquisa de fora. Uma delas é a ButanVac, elaborada pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo.>
Outra está sendo produzida por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), campus de Ribeirão Preto, com apoio de recursos federais. Ambas já entraram com pedido para a realização de estudos clínicos na Anvisa.>
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