Publicado em 15 de outubro de 2019 às 10:46
A deputada federal Tabata Amaral disse nesta segunda-feira (14) que entrará com ação na Justiça Eleitoral para tentar sair do PDT sem perder seu mandato. A declaração foi dada em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. >
Segundo Tabata, além dela, outros seis deputados dissidentes na votação da reforma da Previdência, do PDT e do PSB, também deverão mover ações judiciais individuais com a mesma intenção -para deixarem as siglas sem que sejam enquadrados por infidelidade partidária. >
A deputada disse que "não há diálogo com o PDT", que o partido "não foi leal" e que alguns parlamentares se sentiram alvo de uma exposição partidária "completamente desproporcional". >
"O PDT deixou de ser meu partido. Não atuo mais como vice-líder, os projetos que eu tinha em São Paulo foram cancelados. Eu estava construindo esse partido. Tudo isso foi cancelado", afirmou.>
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Assim como Tabata, outros 18 deputados considerados infiéis pelo PDT e pelo PSB sofreram punições por terem descumprido o fechamento de questão na votação da Previdência -eles votaram a favor da reforma, enquanto seus partidos eram contrários.>
No jargão político, quando uma sigla fecha questão, significa que determinou que aquela decisão deve ser cumprida por todos os seus integrantes, sob risco de punição.>
No Roda Viva, Tabata disse que a decisão de mover ações judiciais para preservação dos mandatos deve ser seguida pelos deputados do PDT Marlon Santos (RS), Flávio Nogueira (PI) e Gil Cutrim (MA) e pelos deputados do PSB Rodrigo Coelho (SC), Jefferson Campos (SP) e Felipe Rigoni (ES).>
A legislação prevê, de modo geral, que o mandato pode ser reivindicado pelo partido no caso da saída de um deputado fora da janela para a troca de legenda.>
No entanto, alguns advogados apontam brechas, como situações de justa causa para desfiliação partidária -e que também são avaliadas por deputados do PSL em meio ao racha na sigla do presidente Jair Bolsonaro. >
Tabata faz parte do movimento Acredito, fundado em 2017 com a bandeira da renovação política.>
Líder do PDT, o ex-presidenciável Ciro Gomes pediu a saída de Tabata após a votação da reforma da Previdência e chamou organizações suprapartidárias como o Acredito de "partidos clandestinos".>
Em julho, a comissão de ética nacional do PDT oficializou a abertura de processo contra Tabata e outros sete parlamentares que contrariaram o partido e que ficaram sujeitos a punições que variam de uma advertência até a expulsão. >
Em agosto, o PSB decidiu expulsar o deputado Átila Lira (PI) e suspender outros nove parlamentares que votaram a favor da reforma da Previdência na Câmara.>
Questionada sobre seu futuro político, Tabata afirmou que não conversou ainda com nenhum partido. Mas que buscará uma legenda que permita a ela defender uma visão que considera de centro-esquerda, que concilie questões sociais com o desenvolvimento econômico.>
"Esse espaço vai ser construído. Há um grupo de deputados e senadores que toparia ir comigo para esse partido", disse, ao responder à bancada do programa sobre qual legenda permitiria essa atuação.>
A Constituição e as leis brasileiras estabelecem a fidelidade partidária como princípio e assegura às siglas o direito de estabelecer regras para o cumprimento, bem como sanções em caso de desobediência.>
O fechamento de questão é quando uma instância da sigla estabelece a forma como os parlamentares devem votar um determinado projeto. O descumprimento pode acarretar as punições previstas no estatuto.>
O entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é que o partido não pode requerer o mandato de um parlamentar que tenha sido expulso por ele. O político que foi afastado pode se filiar imediatamente a outra legenda.>
Geralmente o processo é aberto após alguma representação. A direção do partido encaminha o caso à comissão de ética, que instaura um procedimento e deve garantir amplo direito de defesa. A direção recebe o relatório e dá a palavra final.>
As punições para infidelidade, como no caso de desobediência ao fechamento de questão, estão no estatuto da legenda. Há gradações que vão de advertência e censura pública até expulsão. No caso de parlamentares, a lei admite, por exemplo, desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas e perda de funções.>
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