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Suposto namoro que Bolsonaro mandou investigar é irrelevante para caso Marielle

Suposto namoro que Bolsonaro mandou investigar é irrelevante para caso Marielle

Relacionamento foi mencionado por delegado no dia da prisão dos réus pelo homicídio da vereadora

Publicado em 25 de abril de 2020 às 16:36

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Renan Bolsonaro e o pai, o presidente Jair Bolsonaro
Renan Bolsonaro e o pai, o presidente Jair Bolsonaro, que pediu para a PF investigar seu suposto namoro com a filha do policial acusado de mandar matar Marielle Franco. (Reprodução/Facebook)

O suposto namoro que o presidente Jair Bolsonaro disse ter pedido para a Polícia Federal investigar é irrelevante para a apuração sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes. Não há notícia sobre outro inquérito em que o relacionamento tenha relevância criminal.

O presidente afirmou que pediu à PF para apurar se seu filho Renan Bolsonaro namorou a filha do policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado do crime. A informação sobre o suposto relacionamento entre os dois circulou no dia da prisão de Lessa, em março de 2019, e foi mencionada pelo delegado Giniton Lages, responsável à época pela apuração, em entrevista na mesma data.

"Bom, isso tem. Isso tem. Mas isso, para nós, hoje não importou na motivação delitiva", disse o delegado, após ser questionado por um repórter sobre o suposto namoro.

Esse é o único registro oficial de menção ao suposto relacionamento entre os dois durante a investigação do caso Marielle e Anderson. O fato, contudo, foi usado politicamente contra Bolsonaro, para demonstrar uma suposta proximidade entre ele e a família do acusado.

Apesar da irrelevância criminal, o presidente afirmou em pronunciamento nesta sexta-feira (24) que mobilizou a PF para apurar o relacionamento. Ele não explicou os motivos da determinação e no âmbito de que inquérito isso se deu.

"E daí fiz um pedido para a Polícia Federal, quase que um por favor. Cheguem em Mossoró [onde Ronnie Lessa está preso] e interrogue o ex-sargento", disse.

"Foram lá, a PF fez o seu trabalho, e está comigo a cópia do interrogatório onde ele diz simplesmente o seguinte: 'A minha filha nunca namorou o filho do presidente Jair Bolsonaro. A minha filha sempre morou nos Estados Unidos'. Eu que tenho que correr atrás disso? Ou é o ministro ou a Polícia Federal quem tem que se interessar? Não é para me blindar porque não estou incurso em nenhum crime", completou.

O presidente mencionou em seu discurso a sugestão de troca do superintendente do Rio de Janeiro pouco antes de relatar a investigação sobre o namoro.

"Sugeri a troca de dois superintendentes, entre 27. O do Rio, a questão do porteiro, do meu filho 04, o Renan, que agora tem 20, 21 anos de idade. Quando no clamor da questão do caso Adélio, que os dois ex-policiais teriam ido falar comigo, também apareceu que meu filho 04 teria namorado a filha do ex-sargento", disse o presidente.

"Comecei a correr atrás. Primeiro chamei meu filho. 'Abre o jogo'. [Ele respondeu] 'Pai, saí com metade do condomínio, nem lembro quem era essa menina, se é que eu estive com ela'. A intenção de dizer que meu filho namorava a filha do ex-sargento era que nós tínhamos um relacionamento familiar", afirmou Bolsonaro.

O advogado de Lessa, Fernando Santos, disse não ter informações sobre o depoimento do policial aposentado à PF sobre o tema. Ele disse não saber se o ato foi acompanhado por outros advogados que atendem o acusado.

A vizinhança de Bolsonaro só se tornou relevante para a apuração em outubro do ano passado, quando um porteiro do condomínio disse à Polícia Civil que foi o presidente quem autorizou a entrada do ex-PM Élcio Queiroz no local para se encontrar com Ronnie Lessa.

A informação, contudo, foi desmentida pelo sistema de gravação de voz do interfone do condomínio, que apontou Lessa como o responsável por dar a autorização. Bolsonaro também estava em Brasília no dia. O porteiro, semanas depois, disse ter se equivocado.

A Polícia Federal, então, instaurou um inquérito para apurar a denunciação caluniosa contra o presidente, medida apoiada por Sergio Moro. O ex-ministro saiu inclusive em defesa do presidente na ocasião. "Esse é um caso que tem que ser investigado com neutralidade, dedicação e sem politização", disse Moro.

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"Essa questão do envolvimento do nome do presidente nisso aí, para mim, é um total disparate. Uma coisa que não faz o menor sentid o. O que se constatou foi um possível envolvimento fraudulento do nome do presidente", afirmou ele, em entrevista à rádio CBN, em novembro.

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