Publicado em 4 de julho de 2019 às 00:26
Principais doadores do Fundo Amazônia, Noruega e Alemanha se reuniram nesta quarta-feira (3) com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para discutir o impasse criado a partir da extinção, pelo governo federal, de comitês responsáveis pela gestão do fundo.>
Apesar do tom de diálogo, tanto Salles quantos embaixadores admitiram que o impasse pode levar ao fim do Fundo Amazônia.>
Ao ser questionado sobre o risco, Salles respondeu. "Em teoria, sim. Mas o que nós estamos falando aqui é de continuidade, diálogo, com mais afinco, mais dedicação e maior sinergia entre os diversos envolvidos.">
"Como o ministro disse, teoricamente isso é uma opção, mas nós trabalhamos para continuar", afirmou o Gunneng. Em seguida, o colega alemão complementou: "Existe essa possibilidade, mas queremos evitar".>
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Em declarações à imprensa após a reunião a portas fechadas em Brasília, os participantes disseram que as conversas continuarão durante as próximas duas semanas, mas nenhum dos lados quis detalhar quais são os pontos em negociação.>
"Foi uma surpresa para nós a extinção do Cofa (Comitê Orientador do Fundo Amazônia) e do comitê técnico, mas o ministro nos assegurou que o diálogo continua", disse o embaixador norueguês, Nils Gunneng, na saída do encontro. "Temos a oportunidade para chegar a uma conclusão que é boa para todos nós.">
O novo atrito entre os doadores e o governo Bolsonaro começou na semana passada, quando nenhum dos dois conselhos ligados ao Fundo Amazônia estava entre os conselhos recriados por decreto presidencial. Com isso, ambos deixaram de existir.>
Em carta conjunta enviada a Salles em 5 de junho, Noruega e Alemanha haviam defendido o modelo de governança do Cofa, formado por três blocos: governo federal, governos estaduais e sociedade civil, incluindo ONGs, que vêm sendo sistematicamente criticadas por integrantes do governo Bolsonaro.>
"O importante para nós é que, nessa arquitetura, a colaboração dos governos estaduais e da sociedade civil serão mantidas", afirmou o embaixador alemão Georg Witschel.>
A jornalistas, Salles disse que há "um esforço de continuidade" do Fundo Amazônia: "Nós discutimos, mais uma vez, bons parâmetros para aprimorar a governança do fundo, questões que eles entendem que podem ser mantidas e questões que, nós entendemos, podem ser alteradas.">
O ministro afirmou que, apesar dos comitês estarem parados, os projetos em andamento financiados pelo Fundo Amazônia não serão prejudicados.>
Não é a primeira vez que anúncios e mudanças a respeito do Fundo Amazônia pegaram os principais doadores de surpresa. >
Em maio, Salles disse ter encontrado evidências de má gestão dos recursos por parte de ONGs e que promoveria mudanças em comum acordo com Alemanha e Noruega. Ambas as representações diplomáticas, no entanto, disseram que não haviam sido consultadas a respeito.>
O fundo é o maior projeto de cooperação internacional para preservar a floresta amazônica. Em dez anos, recebeu US$ 1,3 bilhão (R$ 5 bilhões) dos dois países em doações -- US$ 1,2 bilhão desse dinheiro veio da Noruega. O dinheiro, gerido pelo BNDES, é repassado a estados, municípios, universidades e ONGs.>
"A prioridade da Noruega é apoiar o Brasil para cumprir o Acordo de Paris. Para nós, podemos fazer isso diminuindo o desmatamento e apoiando o desenvolvimento sustentável. Queremos continuar essa cooperação, vamos fazer a nossa parte para continuar", afirmou Gunneng. >
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