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Reforma tributária: tire suas dúvidas sobre o que muda com nova proposta

Reforma tributária: tire suas dúvidas sobre o que muda com nova proposta

Construção civil, serviços financeiros, seguros, cooperativas e combustíveis serão exceções

Publicado em 4 de julho de 2023 às 13:08

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Uma nova proposta de reforma tributária foi apresentada em junho pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator do tema na Câmara dos Deputados. O que está em discussão é uma reforma dos principais impostos e contribuições sobre o consumo.

Veja quais as principais mudanças para consumidores, empresas e entes públicos.

residente da Câmara, Arthur Lira (C), comandou a sessão do Plenário
Presidente da Câmara, Arthur Lira (C), durante sessão do Plenário. (Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Em que pé está a reforma?

  • O relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou um novo texto que deve ser votado em julho
  • O novo texto substitui a versão atual da PEC 45, proposta apresentada em 2019
  • O texto será votado diretamente no Plenário da Câmara. Depois, precisa do aval do Senado. Por se tratar de uma PEC (proposta de emenda à Constituição), ele precisa ser votado em dois turnos por cada Casa

Objetivo da reforma

  • Simplificar o sistema, reduzir custos e a judicialização
  • Desonerar investimentos e exportações
  • Tornar mais justa a divisão da arrecadação entre estados e municípios
  • Reduzir a tributação das famílias mais pobres
  • Não incide sobre investimentos e exportações

Como funciona o IVA ou IBS

  • Acaba a cobrança de imposto em cascata (imposto sobre imposto)
  • Cada empresa paga apenas o imposto referente ao valor que adicionou ao produto ou serviço
  • Legislação única (hoje, cada município e Estado tem a sua)
  • Arrecadação fica no local (estado ou cidade) onde a mercadoria ou serviço foi consumido
  • Recursos destinados obrigatoriamente para saúde e educação e outras vinculações constitucionais serão mantidos

Outros países seguem esse modelo?

  • Os novos tributos seguem o sistema conhecido como IVA (Imposto sobre Valor Agregado)
  • Ele é utilizado em mais de 170 países (na maior parte da Europa e da América Latina)

Carga tributária muda?

  • Novas alíquotas serão calibradas para manter a carga tributária sobre o consumo

Que tributos serão substituídos?

  • Três tributos federais (PIS, Cofins e IPI)
  • ICMS (estadual)
  • ISS (municipal)
  • Representam cerca de 50% da carga tributária e 90% da arrecadação com bens e serviços

Que tributos serão criados?

  • Um tributo federal: CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)
  • Um IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) dividido entre estados e municípios
  • Imposto Seletivo federal: sobre itens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, e também sobre bens produzidos na Zona Franca de Manaus até 2073, quando forem produzidos em outras regiões

Qual será a alíquota?

  • A soma das alíquotas do CBS federal + IBS é estimada em 25% (percentual médio que já é pago hoje), segundo cálculos de especialistas
  • Haverá uma alíquota padrão, outra 50% menor e isenções
  • Sub-alíquotas: cada estado ou município pode aumentar ou reduzir sua parcela na alíquota geral, mas a mudança vale para todos os bens e serviços, ou seja, não pode beneficiar um setor

Que itens terão alíquota 50% m

  • Serviços de saúde;
  • Serviços de educação;
  • Dispositivos médicos;
  • Alguns medicamentos (outros terão alíquota zero);
  • Transporte público coletivo (podendo chegar a isenção);
  • Produtos agropecuários in natura;
  • Produtos da cesta básica (insumos agropecuários, alimentos e produtos de higiene);
  • Atividades artísticas e culturais nacionais.

O que será tributado?

  • Todos os bens e serviços, sem diferença quanto à característica do produto
  • Inclui operações com intangíveis, como cessão de direitos e locação de bens
  • Alcança bens e serviços de plataformas digitais, inclusive aquelas sediadas no exterior

Diferenças regionais

  • Para evitar perda de arrecadação para estados e municípios, haverá um período de transição na divisão das receitas
  • Benefícios para empresas serão bancados com um fundo de desenvolvimento regional

Exceções previstas

  • Simples Nacional: adesão opcional ao novo sistema. Em todos os casos, o insumo da empresa vai gerar crédito para outras pessoas jurídicas
  • Zona Franca de Manaus: haverá regra especial para manter o benefício
  • Construção civil e setor imobiliário
  • Serviços financeiros
  • Empresas de seguros
  • Cooperativas
  • Combustíveis e lubrificantes
  • Prouni (educação)
  • Perse (setor de eventos)
  • Produtor rural pessoa física com receita anual inferior a R$ 2 milhões

O que é "cashback do povo"?

  • O cashback é a devolução de parte do imposto pago, beneficiando sobretudo as famílias de menor renda
  • Esse mecanismo já vem sendo utilizado por países como Canadá, Uruguai e Colômbia para possibilitar que os pobres paguem menos impostos do que os ricos
  • O modelo a ser adotado ainda será detalhado

Quando a mudança entra em vigor?

  • Haverá um período de transição para o fim dos tributos antigos
  • 2026-2027: transição federal (CBS)
  • 2029 a 2032: transição para o IBS de estados e municípios
  • 2033: Novo sistema pleno

Quem fiscaliza e cobra?

  • O tributo federal é de competência da Receita Federal
  • Conselho composto por estados e municípios para fiscalização, cobrança e arrecadação do IBS

O que mais está em debate?

  • IPVA sobre veículos aquáticos e aéreos
  • Atualização da base de cálculo do IPTU
  • Progressividade do ITCMD: imposto sobre herança e doação (inclusive no exterior)

Resultados previstos

  • Crescimento adicional da economia de 12% ou mais em 15 anos
  • Isso equivale a R$ 470 a mais de renda por mês para cada brasileiro
  • Benefício para todos os setores: agro (+11%), serviços (+10%) e indústria (+17%)
  • Geração de 12 milhões de empregos em 15 anos

Problemas do sistema atual

  • Desde a Constituição de 1988 foram editadas 37 normas tributárias por dia útil no Brasil
  • Uma grande empresa gasta 34 mil horas por ano para apurar e pagar impostos
  • Uma empresa de médio porte gasta 1.500 horas por ano
  • Hoje ninguém sabe quanto paga de impostos sobre o consumo
  • Imposto cobrado "por dentro" (18% de ICMS + 9,25% de PIS/Cofins sobre energia viram 34%)
  • Brasil é a única economia relevante que trata a tributação de bens diferente da taxação dos serviços

Fontes: Elaboração própria, com informações da Câmara dos Deputados, do Ministério da Fazenda, CCiF (Centro de Cidadania Fiscal), BVZ Advogados e Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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