Publicado em 13 de setembro de 2020 às 10:32
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que as queimadas que estão ocorrendo na Amazônia não são "padrão Califórnia", referindo-se aos incêndios que também têm ocorrido no Estado norte-americano. Em entrevista concedida para a rede CNN, na noite de sábado (12), Mourão comentou que a medição do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) - que faz monitoramento dos focos de incêndios na região - acusa "focos de calor" nas imagens de satélite, "o que não significa incêndio". >
"Vários focos juntos é que vão constituir um incêndio, dependendo da área em que estiverem localizados", disse Mourão e continuou: "Qualquer área acima de 47 graus vira foco de calor; uma fogueira vira foco de calor, mas não é incêndio. Não estou desmistificando nada, mas temos de dar a devida proporção ao que está acontecendo na Amazônia." >
Mourão disse ainda que com o trabalho que tem feito no Conselho da Amazônia, em integração com vários outros órgãos do governo, como Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, o objetivo do governo Jair Bolsonaro, ao fim do seu mandato, é reduzir as taxas de queimadas e desmatamento na Amazônia Legal a 10% dos níveis históricos. >
"Temos de realizar todas as operações necessárias, no sentido de que haja essa redução, lembrando que a repressão pura e simples não contribuirá sozinha para isso. Isso passa pela conscientização das pessoas e também pela regularização fundiária, que é fundamental para a gente combater as ilegalidades, além de desenvolver atividades econômicas na região." >
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Sobre cortes orçamentários no Ministério do Meio Ambiente, Mourão disse "que não foi tão grande, perdeu alguma coisa". Lembrou, porém, que o trabalho de combate ao desmatamento e às queimadas na Amazônia não se resume somente à pasta do Meio Ambiente. "Por exemplo, a regularização fundiária está com o Ministério da Agricultura e a questão da proteção de terras indígenas está com a Funai; são vários organismos que também têm recursos e esse é o trabalho do Conselho da Amazônia, fazer com que os trabalhos tenham sinergia.">
Em relação a reclamações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de que iria perder R$ 60 milhões do orçamento de sua pasta, o que inviabilizaria, segundo ele, o combate ao desmatamento na Amazônia, Mourão disse que Salles usou seu direito de "jus sperniandi". "Ele defendeu sua pasta e colocou de forma pública isso. No fim das contas, foi resolvido e os recursos ficaram com ele; não há stress entre militares e o MME; aliás, o Salles é o tempo todo acionado pelo Conselho da Amazônia.">
Mourão acrescentou que "faltou melhor entendimento do ministro (Salles, sobre os recursos, que não estavam de fato bloqueados) e ele me acionar", disse. "Já conversei com Salles. Quando ele se sentir pressionado por outras alas, ele tem de recorrer a quem pode lhe auxiliar. E eu posso, por razões óbvias em relação a esse recurso e o trabalho que o Ministério do Meio Ambiente pode fazer." >
Sobre a campanha Defund Bolsonaro, que tomou as redes sociais na semana passada, Mourão disse que se trata de um trabalho "contra o Brasil" e que de "oposição política". "Temos de responder com trabalho, com ações e trabalhar", disse Mourão, acrescentando que já no fim de janeiro o presidente Bolsonaro deu uma resposta "enfática e pragmática" para lidar com a questão do desmatamento na Amazônia, ao criar o Conselho da Amazônia, que permite a "sinergia" dentro do governo para lidar com a questão. >
"Existem ilegalidades (na Amazônia), mas estamos combatendo. Lembrando que a Amazônia é uma região de dimensões ciclópicas e é pouco integrada ao território brasileiro", disse. "Esses fundos, esses investidores, têm de entender o que é a Amazônia." >
Mourão criticou, ainda, a pressão exclusivamente sobre a Amazônia brasileira. "Por que a pressão é só sobre a parte brasileira? Não tem desmatamento na Bolívia, na Colômbia, no Peru? Há um jogo geopolítico pesado, onde também participam empresas, que por sua vez, também são pressionadas pela agenda ESG.">
Mas o vice-presidente disse que tem recebido apoio de várias empresas brasileiras para combater o desflorestamento da Amazônia. "Nossos grandes frigoríficos estão ajudando, participando de uma política fundamental que é a rastreabilidade do rebanho criado no Brasil. A partir do momento em que não aceitarem mais comprar gado que venha de área desmatada estarão dando um passo enorme para se encaixar nessa agenda e cooperar com o governo.">
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