Publicado em 7 de dezembro de 2019 às 17:17
Polícia Militar de São Paulo afastou três policiais militares envolvidos em uma operação que terminou com a morte de um homem em um baile funk em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, na madrugada último domingo (1º) --mesmo dia em que outra ação, em uma festa em Paraisópolis, deixou nove pessoas mortas.>
Heliópolis e Paraisópolis são duas grandes comunidades na capital paulista.>
Segundo a polícia, em Heliópolis, um suspeito teria fugido da PM em direção ao baile funk que ocorria na Rua do Pacificador. Ao chegar ao local, os policiais teriam sido recebidos por pedradas e garrafadas. Alvejado durante uma troca de tiros, o suspeito foi socorrido no Pronto Socorro de Heliópolis, mas não resistiu aos ferimentos. >
De acordo com relatos de moradores, os policiais utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o pancadão. Vídeos que circulam na internet mostram PMs encurralando frequentadores e, supostamente, agredindo-os com um cassetete.>
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O caso é similar ao ocorrido em Paraisópolis no mesmo dia. Nove jovens morreram, aparentemente pisoteados, em um baile funk. Ainda há várias dúvidas sobre o episódio; a polícia diz que perseguia uma moto que entrou no baile e atirou nos PMs, causando pânico e correria. Já moradores dizem que a polícia fechou os acessos à rua em que acontece o baile e agrediu frequentadores, fazendo com que se aglomerassem em vielas, onde ocorreram os pisoteamentos.>
Inicialmente, o governador João Doria (PSDB) havia afirmado que não mudaria o modo de agir da polícia. "A política de segurança pública não vai mudar. As ações na comunidade de Paraisópolis e em outras comunidades de São Paulo, seja por obediência da lei do silêncio, por busca e apreensão de drogas ou fruto de roubos, vão continuar. A existência de um fato não inibirá as ações de segurança. Não inibe a ação, mas exige apuração", afirmou ele em entrevista na segunda-feira (2).>
Na quinta (5), porém, mudou de tom. Disse-se chocado com um vídeo que mostrou agressões de um policial a jovens, recuou e afirmou que revisaria os protocolos da Polícia Militar.>
O governador afirmou que os casos de violência desproporcional praticada pelos policiais devem ser punidos. "Isso é incompatível com o respeito à corporação", disse. "É uma circunstância inaceitável que a melhor polícia do Brasil utilize de violência ou de força desproporcional, sobretudo quando não há nenhuma reação de agressão.">
Doria vinha fazendo do combate aos pancadões uma bandeira de sua gestão. Mas as bombas de gás e os disparos durante bailes funk já haviam se tornado modus operandi da polícia na última década.>
As cenas são filmadas e compartilhadas na internet, em perfis que exaltam os casos de violência e pedem a criminalização do funk.>
A Secretaria da Segurança Pública, sob gestão do tucano, se recusa a informar onde foram realizadas ações da chamada Operação Pancadão pela PM neste ano no estado.>
Também não diz quantas pessoas ficaram feridas ou morreram em decorrência desse tipo de ação policial. A reportagem contabilizou ao menos 16 mortos em três anos.>
Em nota, a pasta se limitou a divulgar que, desde janeiro, a polícia realizou 7.597 operações em 14 mil pontos para, segundo a corporação, "garantir o direito de ir e vir do cidadão e impedir a perturbação do sossego". Foram presas 1.275 pessoas e apreendida 1,7 tonelada de drogas.>
Em uma ação em outubro, na Brasilândia (zona norte), policiais invadiram uma casa, encurralaram mãe e filho numa escada e um dos agentes usou o skate do rapaz para bater nos dois. Um vídeo mostra a agressão, também durante operação contra bailes funk.>
Outra vítima que carrega sequela permanente desse tipo de ação é uma adolescente de 16 anos baleada no olho durante dispersão de um pancadão em novembro, em Guaianases, na zona leste. Ela perdeu a visão do olho esquerdo.>
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