Publicado em 3 de fevereiro de 2023 às 15:49
Uma pesquisa feita em Hong Kong com mais de 164 mil participantes apontou que tanto a vacina da Pfizer como a Coronavac mantêm alta proteção contra hospitalização causada pela ômicron seis meses após a aplicação.>
A proteção para evitar mortes no mesmo período também se manteve elevada, embora tenha apresentado uma queda na faixa etária acima de 50 anos. Já a proteção contra internação e para evitar mortes na população acima dos 80 anos sofreu uma redução maior nos dois tipos de vacinas.>
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina e do Centro para Pesquisas em Política de Saúde e Sistemas de Saúde, ambos da Universidade Chinesa de Hong Kong, e do Departamento de Epidemiologia da Escola Chan T. H. Harvard de Saúde Pública (Boston). Os resultados saíram no periódico científico Jama Network Open.>
Para avaliar a chamada efetividade (eficácia em vida real) das vacinas, os cientistas analisaram dados de 32.832 casos de hospitalização ou morte causado pela ômicron de 1º de janeiro a 5 de junho de 2022 e compararam com 131.328 que não tiveram a doença (funcionando assim como controle).>
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Nos primeiros seis meses após a vacinação, a efetividade do esquema de vacinação primário com duas doses de Coronavac ou de Pfizer manteve níveis parecidos de proteção contra hospitalização (86,4% para Coronavac e 92,9% da Pfizer) e óbito (74% e 77,4%, respectivamente) depois da segunda dose.>
Já após os seis meses, período em que há uma queda natural dos anticorpos produzidos pela vacina nos dois casos, a perda da imunidade foi maior nos indivíduos mais velhos, com mais de 80 anos (61,4% para a proteção contra hospitalização pela Coronavac e 52,7%, pela Pfizer).>
Por fim, o estudo também avaliou a aplicação de uma dose de reforço e constatou efetividades semelhantes usando só Coronavac ou só Pfizer, mas o reforço heterólogo (isto é, quando há a mistura de imunizantes) foi melhor para proteger contra hospitalização e morte (85,1% e 87,3%, respectivamente).>
A conclusão dos pesquisadores é que uma dose de reforço oferece alta proteção contra o desenvolvimento de Covid grave causada pela ômicron ao longo do tempo, como já observado em outros estudos.>
A recomendação, assim, é que embora a proteção contra hospitalização e morte se mantenha elevada nos indivíduos com menos de 50 anos, aqueles mais velhos podem se beneficiar de uma terceira dose para se prevenir da ômicron e suas sublinhagens.>
Outro dado interessante foi que o risco de hospitalização ou morte nos indivíduos não vacinados foi o dobro em comparação àqueles vacinados, o que reforça a importância da vacinação contra Covid.>
A pesquisa tem algumas limitações, como o fato de que no momento de chegada da ômicron a Hong Kong as medidas protetoras contra o coronavírus não estavam mais em vigor, dificultando o rastreamento de casos e o diagnóstico de pessoas assintomáticas ou com sintomas leves. Outro problema foi a superlotação de unidades de atendimento de saúde, o que pode ter provocado uma distorção nos dados de hospitalizados por Covid.>
Os autores reforçam, porém, que poucos estudos foram feitos com a Coronavac no contexto da ômicron e, em geral, as pesquisas de reforço consideraram um cenário de acompanhamento dos pacientes com menor intervalo entre as doses.>
No início da circulação da ômicron, diversas pesquisas apontaram uma redução na capacidade de neutralização das vacinas contra esta cepa. Esses estudos foram feitos em laboratório utilizando o soro de indivíduos vacinados, mas dados sobre a eficácia em vida real não estavam disponíveis.>
"Em comparação com o nível de anticorpos após duas doses da Pfizer [que decaiu 4,7 vezes em 5 a 6 meses], os indivíduos vacinados com Coronavac tiveram sim uma redução maior na taxa de anticorpos neutralizantes [de 6 a 10 vezes menor em seis meses], indicando, potencialmente, uma menor eficácia. No entanto, os indivíduos vacinados mantiveram imunidade celular capaz de proteger contra a progressão da Covid grave mesmo após o decaimento natural dos anticorpos", escreveram os autores no artigo.>
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