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Pedagoga é agredida com soco em abordagem da PM em Macapá

Pedagoga é agredida com soco em abordagem da PM em Macapá

A ação gerou críticas de movimentos sociais, que marcaram um ato para terça-feira (22) em frente ao batalhão da Polícia Militar

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 09:03

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Pedagoga levou soco no rosto durante abordagem policial na Zona Norte de Macapá
Pedagoga levou soco no rosto durante abordagem policial na Zona Norte de Macapá. (Reprodução)

Uma pedagoga negra de 39 anos foi agredida com um soco durante uma abordagem policial na noite da última sexta-feira (18) em Macapá. O policial foi afastado de suas funções.

O caso aconteceu na zona norte da capital do Amapá. Enquanto dois homens de sua família eram revistados por dois policiais -com um terceiro PM armado no meio da rua-, a pedagoga Eliane Silva estava do outro lado da rua filmando a ação.

Um dos policiais deixa o local em que estava, atravessa a rua e diz à mulher que ela está presa. Em seguida, tenta retirar algo das mãos dela e lhe passa uma rasteira. Eliane resiste, mas segundos depois, é jogada ao chão.

Com a mulher caída, o policial militar dá um soco em seu rosto e ela começa a gritar. Depois, Eliane foi levada à delegacia, presa por resistência e desacato, e solta após o pagamento de fiança. A reportagem não conseguiu ouvi-la neste domingo (20).

A abordagem foi filmada por moradores na zona norte da capital do Amapá. A ação gerou críticas de movimentos sociais, que marcaram um ato para terça-feira (22) em frente ao batalhão da Polícia Militar.

O governador Waldez Góes (PDT) disse que a agressão foi covarde e envergonha as forças de segurança e o Amapá. "A cena fica ainda pior pois é recheada de atitudes racistas", disse ele.

Segundo Góes, o fato é isolado e não reflete a atuação dos policiais militares do estado. "Determinei ao Comando Geral da Polícia Militar uma apuração criteriosa e rápida dos fatos mostrados no vídeo. Cenas como essa não podem ser toleradas e não podem se repetir."

A taxa de homicídios de negros no país saltou 11,5% de 2008 a 2018 (de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes), enquanto a morte de não negros caiu 12,9% no mesmo período (de 15,9 para 13,9 por 100 mil), de acordo com o Atlas da Violência 2020.

O mesmo padrão é repetido entre as mulheres: o assassinato de negras cresceu, e o de brancas caiu. O estudo foi elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.

A PM do Amapá, por meio de nota, disse lamentar "profundamente as imagens que estão circulando" e que tomou todas as providências que o caso requer.

Foi instaurado um procedimento administrativo pela Corregedoria Geral da PM para apurar a conduta dos policiais envolvidos na abordagem. "A instituição informa também que, assim que tomou ciência das imagens, imediatamente afastou o policial militar envolvido nas agressões físicas do serviço policial."

De acordo com a polícia, as abordagens devem respeitar a integridade física e a dignidade das pessoas e a corporação se disse "contra qualquer tipo de violência praticada ao cidadão". Em resposta numa rede social a uma pessoa que disse que a atitude envergonha as forças de segurança, a PM respondeu: "Estamos muito envergonhados. Lamentamos profundamente".

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