Publicado em 30 de junho de 2020 às 19:50
Com crescimento exponencial do novo coronavírus e escassez de leitos livres para pacientes da Covid-19, o governo do Paraná baixou nesta terça-feira (30) um decreto restringindo comércio e serviços em um terço das cidades do estado. Apesar de chamar as medidas de "quarentena mais restritiva", as novas regras pouco diferem de um "lockdown".>
Em 134 dos 399 municípios do estado, incluindo Curitiba, somente os serviços essenciais vão funcionar pelo prazo de 14 dias, prorrogáveis por mais tempo. Os supermercados só vão atender de segunda a sábado com 30% da capacidade de público e as compras poderão ser feitas apenas por uma pessoa da família, que seja maior de 12 anos.>
Bares e serviços de conveniência em postos de combustíveis serão fechados. Restaurantes e lanchonetes só vão funcionar com entrega e retirada no balcão. Parques, praças e outras áreas de atividade coletiva ao ar livre também serão bloqueadas. Já os ônibus estarão restritos para pessoas que atendam em serviços essenciais, respeitando o número de assentos.>
O documento também suspende a realização de cirurgias e outros procedimentos não urgentes e autoriza todos os municípios do Paraná a instalarem barreiras sanitárias nos seus limites territoriais para conter o avanço da pandemia. O decreto determina que reuniões sejam feitas apenas virtualmente. Sendo imprescindível a presença, ficam restritas ao máximo de cinco pessoas, com distanciamento de dois metros.>
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Ainda estabelece multas que variam de aproximadamente R$ 105 a R$ 525 para pessoas físicas e de R$ 2.100 a R$ 10.500 para empresas que descumprirem medidas.>
As novas regras atingem as regiões oeste e leste do estado, onde fica a capital Curitiba, impactando 6,3 milhões de pessoas, pouco mais da metade da população paranaense.>
As regiões estão com média de 75% na taxa de ocupação de UTIs exclusivas para tratamento da Covid-19. Na capital, o porcentual atingiu 87% nesta terça-feira, considerando os leitos intensivos reservados somente para pacientes adultos. Outros cinco municípios já esgotaram vagas em UTIs, segundo consta no último boletim do governo estadual.>
Até então, a gestão de Ratinho Jr. (PSD) não havia tomado medidas mais severas para estimular o isolamento social. Os decretos estaduais apenas orientavam o funcionamento das atividades, mas a decisão pela abertura do comércio, shoppings e academias ficou a cargo de cada prefeitura.>
No anúncio das medidas, o governador defendeu o modelo adotado até então. "Não era inteligente soltar um mesmo decreto para Curitiba e Marumbi, [cidade] com 5.000 habitantes. Agora, nosso decreto é regional, para resolver problemas agudos, por isso tem força maior. Não é mais uma solução pontual da cidade, mas coletiva, de forma regional", disse.>
"É uma medida prudencial", avaliou o prefeito da capital Rafael Greca (DEM) sobre o decreto. Em nota, a prefeitura afirmou que deve publicar ainda nesta terça-feira novas medidas para adequar a cidade às determinações estaduais.>
O decreto do governador cita que, até domingo (28), em 14 dias, o registro de casos do novo coronavírus mais que dobrou no Paraná - de 9.583 para 20.516. As mortes pela infecção foram de 326 para 586 no período, ou seja, cresceram quase 80%.>
O documento considera ainda que a expansão de leitos de UTI exclusivos para pacientes com a Covid-19 está no último estágio programado pelo governo e que já estão escassos os medicamentos anestésicos e relaxantes musculares, necessários para intubação de pacientes.>
Mesmo ainda com capacidade para ampliação dos leitos, ao anunciar as medidas, o secretário stadual de saúde Beto Preto destacou que o estado possui um limite. "Não temos respirador, equipamentos, remédios e pessoal para ampliar de tal forma", disse.>
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