Publicado em 18 de abril de 2022 às 11:37
Vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira (18) não haver o que apurar sobre tortura na ditadura militar (1964-1985) e ironizou: "Já morreram tudo, pô". Candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Mourão tem uma postura de defender e minimizar o regime que torturou e matou no país. "Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô", disse, seguido de risos. "Vai trazer os caras do túmulo de volta lá?".>
Mourão foi questionado por jornalistas a respeito de áudios inéditos de sessões do STM (Superior Tribunal Militar) apontam denúncias de tortura durante o período da ditadura militar. O conteúdo das gravações, fruto do trabalho do professor de história do Brasil Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi divulgado pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, e confirmado pela Folha.>
"História, isso já passou, né? A mesma coisa que a gente voltar para a ditadura do Getúlio. São assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente. Passado, faz parte da história do país", afirmou o vice-presidente. Ele disse, então, que "houve excesso de parte a parte". No primeiro ano de governo, em entrevista ao jornal francês Le Monde, Mourão chegou a dizer que a ditadura matou "poucas pessoas".>
O regime enaltecido por Mourão teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento. Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.>
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Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte.>
Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) listou 191 mortos e o desaparecimento de 210 pessoas. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas.>
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