Publicado em 16 de setembro de 2020 às 16:17
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse nesta quarta-feira (16) que levará, no final de outubro, embaixadores de países que criticam a política ambiental brasileira para conhecer a Amazônia.>
"Estamos planejando aquela viagem à Amazônia. Vai ser feita no final de outubro. Não são só embaixadores europeus. Para não ficar uma coisa tendenciosa, vai ter de outros lugares também", disse Mourão.>
Na terça-feira (15), oito países europeus: Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Noruega, Reino Unido e Bélgica enviaram uma carta ao vice-presidente dizendo que o aumento do desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros por consumidores do continente.>
"Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atenderem seus critérios ambientais, sociais e de governança", diz trecho da carta assinada pelos integrantes da Parceria das Declarações de Amsterdã e mais a Bélgica.>
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Segundo o documento, ao qual o blog Ambiência teve acesso na terça, agentes comerciais buscam estratégias corporativas que reflitam "um interesse legítimo dos europeus por alimentos e outros produtos feitos de forma justa, ambientalmente adequada e sustentável".>
A carta se soma a manifestações anteriores como as cartas de investidores estrangeiros e ex-presidentes do Banco Central.>
Pela manhã, Mourão reuniu-se com os ministros Tereza Cristina (Agricultura) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) e com o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Otávio Brandelli para discutir uma reação à manifestação dos países europeus.>
De acordo com Mourão, o Itamaraty procurará o embaixador alemão no Brasil, Heiko Thoms para uma conversa. Se for preciso, o diálogo será estendido aos representantes dos outros países.>
"Isso não são investidores. São países. Faz parte da estratégia comercial dos países europeus esta questão da cadeia de suprimentos. Isso é uma barreira. Existem barreiras tarifárias e não-tarifárias, então, isso daí a gente tem que fazer a negociação não só comercial, mas diplomática, como ambiental também", disse Mourão.>
O vice-presidente, que comanda o Conselho da Amazônia, também disse que está em discussão no governo um novo mecanismo de concurso para reforçar o contingente de órgãos de fiscalização como Ibama, ICMBio e Funai.>
"Tenho que criar um novo mecanismo de modo que ao contratar gente, esta turma saiba que só vai para a Amazônia. Senão ele vai ficar dois anos para Amazônia e depois vai pedir para ir para Fernando de Noronha", afirmou.>
Nesta quarta-feira, Mourão terá uma reunião com Darcton Policarpo Damião, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ele afirmou que cobrará qualidade dos dados do órgão.>
Na terça, o vice-presidente acusou funcionários do Inpe de fazer oposição ao governo federal.>
Segundo o general da reserva, dados positivos sobre a diminuição de focos de queimadas não são divulgados pela órgão, responsável pelos sistemas de monitoramento do desmatamento da floresta amazônica.>
"É alguém lá de dentro que faz oposição ao governo. Eu estou deixando muito claro isso aqui. Aí, quando o dado é negativo, o cara vai lá e divulga. Quando é positivo, não divulga", disse na terça.>
O vice-presidente afirmou que dados oficiais mostram que, até o final de agosto, o país registrou 5.000 focos de incêndio a menos do que no mesmo período do ano passado.>
Dados do instituto mostram que, nos primeiros 14 dias de setembro, já houve mais queimadas na floresta amazônica do que em todo o mês de setembro do ano passado.>
"A questão que eu falei ontem [terça], eu sei que aquele final de semana do 7 de Setembro, parece que a nossa turma saiu fora, não combateu nada e a turma do fogo entrou para valer. Teve um aumento de 400% de fogo no final de semana do feriado. Para eles não tem feriado", disse Mourão.>
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