Publicado em 20 de dezembro de 2021 às 06:41
O ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin fizeram neste domingo (19) sua primeira aparição conjunta em público em meio a articulações para que o ex-tucano seja vice do petista na disputa para a Presidência nas eleições de 2022.>
O esperado encontro entre os dois ocorreu durante um jantar promovido pelo grupo de advogados Prerrogativa, que contou com cerca de 500 convidados no restaurante A Figueira Rubaiyat, em São Paulo.>
O ex-presidente Lula chegou por volta das 19h20 e entrou pelos fundos do restaurante, afastado de jornalistas. O ex-governador Alckmin também chegou de forma discreta.>
Na entrada do jantar, petistas defendiam a manutenção da candidatura de Haddad, enquanto aliados de França pregam que ele concorra ao Senado e deixe o caminho para o Bandeirantes livre para o pessebista.>
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O argumento no PT é o de que o partido é maior em São Paulo do que o PSB e, portanto, teria mais estrutura para a campanha e para angariar votos.>
O entendimento geral, contudo, é o de que não há espaço para que Haddad e França se enfrentem nas urnas e, por isso, alguém vai ter que abrir mão da candidatura ao Governo de São Paulo.>
Do lado de fora do estacionamento, havia ao menos quatro apoiadores de Lula -um deles com boné do PCO (Partido da Causa Operária). Seguravam placas com os dizeres "Fora Bolsonaro. Lula presidente". No verso, à caneta: "Alckmin não".>
Um bolsonarista também foi ao local, com uma camiseta "Supremo é o povo".>
Dentro do restaurante, a área reservada a Lula, Alckmin e outros políticos foi separada dos demais convidados do mundo jurídico. O local era cercado por um biombo. Lula e Alckmin se sentaram na mesma mesa no jantar.>
O clima era descontraído e a conversa, segundo políticos presentes, girou em torno de assuntos gerais. Os detalhes do acerto entre Lula e Alckmin não seriam discutidos diante do público, dizem aliados de ambos.>
Além de Lula , também compareceram os governadores Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI) e Rui Costa (PT-BA); e o prefeito do Recife, João Campos (PSB);>
O jantar contou ainda com a secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo, Marta Suplicy; com o ex-prefeito de SP Fernando Haddad; com os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM) e o com ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ).>
O ex-senador Arthur Virgílio foi o único tucano visto entre os políticos. Estavam presentes ainda o ministro do TCU Bruno Dantas, a chef Bela Gil e a filósofa Djamila Ribeiro.>
Até agora, a articulação para que o paulista seja vice de Lula vinha ocorrendo nos bastidores. Para entusiastas da ideia, a participação de ambos no evento marca essa aproximação.>
Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (17) mostra que, para 70% dos eleitores, a hipótese da chapa Lula-Alckmin não altera a chance de votar no petista, que lidera a corrida com 48%. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo com 22%.>
O jantar ocorre após a saída de Alckmin do PSDB, anunciada nesta semana. A migração do ex-governador também foi vista como um avanço na direção da formação da chapa, articulada sobretudo pelo ex-governador Márcio França (PSB) e pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT).>
Um dia após a desfiliação, Alckmin publicou no Twitter que "o diálogo é o primeiro passo para enfrentarmos os desafios, avançar e garantir a retomada do crescimento".>
"Nosso país precisa de pacificação", disse. "O momento exige grandeza política, espírito público e união", completa. O discurso faz referência à propagada união de adversários para a superação do bolsonarismo.>
Caso decida seguir caminho da aliança com Lula, Alckmin deve se filiar ao PSB. O ex-governador também foi convidado a se filiar no PSD para concorrer ao Governo de São Paulo.>
Na manhã deste domingo, em mais uma sinalização de aproximação com a esquerda, Alckmin tomou café da manhã com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), que publicou uma foto falando em "diálogo, espírito público e responsabilidade".>
A verba arrecadada com o jantar, que contou com a participação de outros políticos, juristas e professores, será doada para a campanha "Tem gente com fome", da Coalizão Negra por Direitos. Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, até agora, o jantar levantou mais de R$ 200 mil em doações.>
Em encontro com dirigentes de centrais sindicais, no dia 29 de novembro, Alckmin obteve apoio para a dobradinha com Lula e disse que a hipótese caminhava.>
Ao comunicar que iria se desfiliar do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin deixou mais claro a pessoas próximas que hoje está propenso a encampar o projeto de ser candidato a vice ao lado do petista.>
Segundo relatos, o agora ex-tucano verbalizou que precisa pensar no país e que se aliar a uma chapa pode trazer a candidatura de Lula para o centro, afastando tentativas de atrelar a ela a pecha de radical de esquerda.>
Aliados de Alckmin que conversaram com ele nos últimos dias o veem maduro na decisão.>
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