Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 14:06
A esperada reunião do ex-presidente Lula (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB) em um jantar, neste domingo (19), promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas, é considerada um primeiro sinal público da formação de uma chapa para a eleição presidencial de 2022.>
Até agora, a articulação para que o paulista seja vice do petista vinha ocorrendo nos bastidores. Para entusiastas da ideia, a participação de ambos no evento vai marcar essa aproximação. Há expectativa de que conversem, sejam fotografados juntos e até dividam a mesma mesa.>
O jantar para 500 convidados no restaurante A Figueira Rubaiyat, no entanto, não terá lugares marcados e deve reunir não só Lula e Alckmin, mas presidentes de partidos, senadores, governadores, prefeitos e deputados - do PC do B, PT, PSB, PSD, MDB, Rede, Solidariedade, entre outras legendas.>
O advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Prerrogativas, afirma que o grupo costuma fazer jantares amplos do ponto de vista político, mas que o deste domingo deverá ser o que mais congregará adversários nas urnas.>
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Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (17) mostra que, para 70% dos eleitores, a hipótese da chapa Lula-Alckmin não altera a chance de votar no petista, que lidera a corrida com 48%. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo com 22%.>
Questionados sobre o impacto da associação entre ex-adversários na possibilidade de escolher o petista, 16% disseram que ela aumentaria. Para 11%, a presença do ex-tucano na chapa diminuiria tal chance. Não quiseram opinar 4% dos ouvidos.>
O jantar ocorre após a saída de Alckmin do PSDB, anunciada nesta semana. A migração do ex-governador também foi vista como um avanço na direção da formação da chapa, articulada sobretudo pelo ex-governador Márcio França (PSB) e pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT).>
Como mostrou o Datafolha, Haddad e França, que pretendem concorrer ao Governo de São Paulo, são beneficiados com a saída de Alckmin do páreo - o plano original do ex-governador seria disputar novamente o Palácio dos Bandeirantes até que alas de PSB e PT se engajaram em lançá-lo como vice de Lula.>
Caso decida seguir esse caminho, Alckmin deve se filiar ao PSB. O ex-governador também foi convidado a se filiar no PSD para concorrer ao Governo de São Paulo.>
"O jantar de amanhã é um segundo passo da retomada do ambiente democrático do Brasil", diz França à reportagem, referindo-se à desfiliação de Alckmin como o primeiro movimento nesse sentido.>
Para ele, o sentimento de união na política já foi antes encarnado por Ulysses Guimarães, Mário Covas, Miguel Arraes, Eduardo Campos e Leonel Brizola.>
Um dia após a desfiliação, Alckmin publicou no Twitter que "o diálogo é o primeiro passo para enfrentarmos os desafios, avançar e garantir a retomada do crescimento".>
"Nosso país precisa de pacificação", disse. "O momento exige grandeza política, espírito público e união", completa. O discurso faz referência à propagada união de adversários para a superação do bolsonarismo.>
Em três cenários diferentes do Datafolha, Alckmin, Haddad e França lideram a pesquisa para o Governo de São Paulo.>
O imbróglio está no papel de Haddad e França nessa composição. Aliados do ex-governador defendem que o ex-prefeito seja candidato ao Senado e libere a dianteira da corrida estadual para França.>
A avaliação de petistas, no entanto, é a de que o partido não deve abrir mão da candidatura de Haddad, que tem chances de vencer num estado governado pelo PSDB há mais de 25 anos com breves interrupções.>
Além de Lula, outros presidenciáveis são aguardados no jantar, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Bolsonaro, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também pré-candidatos ao Planalto, não foram convidados.>
O Prerrogativas, que é um grupo progressista e contrário à Lava Jato, vetou os três nomes. "Doria e Moro, juntos, pariram o Bolsonaro. Não são bem-vindos, são radiativos", disse Carvalho à coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.>
São esperados ainda os governadores Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI) e Rui Costa (PT-BA), além dos prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB); do Rio, Eduardo Paes (PSD); e do Recife, João Campos (PSB).>
Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede AP) e Omar Aziz (PSD-AM) estão entre os convidados.>
A maior parte do público será composta por advogados, juristas, professores, defensores públicos e nomes da área do direito. Celso Antônio Bandeira de Mello, Antonio Cláudio Mariz, Alberto Toron, Flávia Rahal, Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), Fábio Tofic e Dora Cavalcanti estão entre os advogados de renome que o jantar deve reunir.>
A verba arrecadada com o evento será doada para a campanha "Tem gente com fome", da Coalizão Negra por Direitos. Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, até agora, o jantar levantou mais de R$ 200 mil em doações.>
O valor foi angariado apenas nesta última semana - os participantes do jantar também foram convidados a doar. Antes disso, o evento já havia coberto seus custos por meio da venda de ingressos, que custaram R$ 500 cada.>
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