Publicado em 25 de abril de 2020 às 20:18
A Justiça Federal do Amazonas deu prazo de 72 horas para que o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e a Funai apresentem justificativas sobre alta recorde de desmatamento que volta a ocorrer na região amazônica neste ano, ao mesmo tempo que o número de fiscalizações e autuações feitas por esses órgãos caíram expressivamente em relação a anos anteriores. A União também é alvo da ação. >
A decisão é da juíza da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária do Amazonas, Maria Pinto Fraxe. No despacho registrado nesta sexta-feira, 24, ela pede que os órgãos se posicionem sobre a tutela de urgência apresentada pelo Ministério Público Federal, que cobra ação imediata de comando e controle na contenção dos crimes ambientais.>
Na peça, o MPF lembra que, já em 2012, o desmatamento na Amazônia iniciou uma tendência de alta na floresta amazônica, mas que essa tendência se acentuou em 2019, quando cerca de 10.300 km² da Amazônia Legal foram desmatados, segundo dados do sistema Prodes, usado pelo governo. Foi o maior índice de desmate dos últimos dez anos.>
Paralelamente, houve um "afrouxamento da atividade fiscalizatória federal, exemplificada pelo número de Autos de Infração lavrados pelo Ibama por ilícitos ambientais na Amazônia", informou o MPF. No ano passado, foram emitidas menos de três mil autos de infração pela primeira vez em vinte anos na Amazônia.>
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No Estado do Amazonas, o Ibama lavrou 201 autos de infração, ao passo em que teria lavrado 320, 339 e 360 autos de infração nos anos de 2016, 2017 e 2018, respectivamente. "O mesmo fenômeno de afrouxamento da fiscalização se verificou no ICMBio, órgão responsável pelo enfrentamento de ilícitos ambientais em unidades de conservação federais", disse o MPF.>
No Estado do Amazonas, o ICMBio lavrou 184 autos de infração em 2016, caindo para 156 em 2017. Em 2018, foram 166 autos de infração, chegando a apenas 69 até o mês de setembro de 2019. >
O MPF apontou que, das 83 fiscalizações planejadas para o ano de 2019, o ICMBio teria realizado apenas 13 ações, diferentemente do ano de 2018, quando essa autarquia realizou 31 ações de fiscalização no Amazonas. >
Em março de 2020, houve alta de 30% na área de alertas de desmatamento em relação a março de 2019, segundo o Sistema Deter, usado pelo governo. O governo sabe exatamente quais são as regiões mais afetadas. No campo do planejamento estratégico do combate ao desmatamento, o Ibama tem mapeado as dez regiões com maior incidência de desmatamento, que respondem, juntas, por 60% de toda a degradação ambiental da Amazônia.>
"O Poder Executivo tem ciência de quais são as áreas nas quais sua atuação é imprescindível a fim de frear o desmatamento na Amazônia", afirma o MPF no documento, acrescentando que, apesar disso, esse conhecimento "não se consolidou em resultados, na medida em que a curva de desmatamento segue crescente, inclusive após o reconhecimento da pandemia de coronavírus".>
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