Publicado em 16 de julho de 2023 às 10:07
A hostilidade ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e à família dele na sexta-feira (14) por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, se soma a outros episódios contra membros da mais alta corte do país.>
Nos últimos anos, magistrados foram alvo especialmente de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que também adotou comportamento agressivo contra integrantes do STF quando estava na Presidência.>
Barroso em Miami>
O ministro Luís Roberto Barroso foi xingado enquanto passava pelo aeroporto de Miami, na Flórida, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano. Ele recebeu vaias enquanto esperava em um guichê.>
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No voo, ele ouviu mais vaias e pedidos para que saísse do voo. Barroso não reagiu de imediato, mas depois afirmou que os ataques ocorriam por "uma mistura de ódio, ignorância, espírito antidemocrático e falta de educação".>
Lewandowski hostilizado em Brasília>
O então ministro Ricardo Lewandowski, agora aposentado da corte, foi xingado, em março deste ano, por uma passageira ao chegar em Brasília.>
Ela passou a hostilizar o magistrado durante o desembarque de um voo vindo de São Paulo e gritou que o jurista iria "para o inferno". Lewandowski ouviu os xingamentos de longe e não os respondeu. A tripulação do voo advertiu a passageira e a orientou para o desembarque.>
Xingamentos em Nova York>
Membros da Suprema Corte brasileira foram xingados em Nova York, nos Estados Unidos, onde estavam para participar de um evento do grupo Lide, em novembro de 2022. Também foi hostilizado o ex-presidente Michel Temer (MDB), presente na conferência.>
Um grupo de apoiadores de Bolsonaro passou a hostilizar os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso nos momentos em que circulavam pela cidade e saíam de restaurantes e hotéis.>
Foi neste contexto que Barroso disse a expressão "perdeu, mané, não amola", em resposta a um dos manifestantes.>
A perseguição às autoridades começou a ser orquestrada quando o endereço do hotel onde estavam hospedados foi compartilhado em canais de comunicação bolsonaristas.>
Cerco a Barroso em restaurante>
Um grupo de bolsonaristas cercou um restaurante e a casa em que Barroso estava hospedado, em viagem a Santa Catarina, em 3 de novembro do ano passado.>
O ministro precisou sair escoltado do restaurante em Porto Belo, no litoral catarinense. Os manifestantes o chamaram de "lixo", "ladrão" e "vagabundo", além de dizerem que "supremo é o povo" e "eleição não se ganha, se toma".>
Moraes insultado em clube>
Em setembro de 2021, um agente publicitário foi levado à delegacia por insultar Alexandre de Moraes no Clube Pinheiros, na capital paulista. O ministro é sócio do clube e mora perto do local.>
Segundo o boletim de ocorrência, feito pelo agente de segurança da escolta do membro do Supremo, o agente publicitário chamou o ministro de "careca ladrão", "advogado do PCC" e "careca filha da puta". A expressão "vamos fechar o STF" também foi dita, segundo o documento.>
Ainda segundo o documento policial, os dois vigilantes comunicaram o policial da escolta de Moraes sobre "indivíduos embriagados" que estavam "proferindo ameaças e injúrias" ao ministro naquela noite.>
Gilmar Mendes hostilizado em voo>
Em janeiro de 2018, ainda no clima de tensão política com a possível prisão de Lula e com a Operação Lava Jato na ativa, o ministro Gilmar Mendes foi hostilizado por passageiros em voo de Brasília a Cuiabá.>
"O STF não presta para nada. Tem que fechar aquilo lá", diziam os passageiros, referindo-se ao magistrado como "vergonha para o país", "vergonha para a família brasileira" e utilizando termos como "cagão". Gilmar não reagiu às provocações.>
Em julho do mesmo ano, o magistrado foi novamente hostilizado, desta vez, durante uma caminhada em Lisboa, em Portugal. Ele foi reconhecido por um brasileiro na cidade, que afirmou ter saído do Brasil porque o país estava "um lixo" e atribuía a culpa ao ministro. Gilmar também não respondeu.>
Em outubro passado, Gilmar foi novamente alvo de xingamentos em voo comercial. Além de palavras em favor de Bolsonaro, passageiros reclamaram da prioridade dada ao ministro no embarque.>
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