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Homem é preso suspeito de aplicar golpe de adoção de órfão ucraniano em Goiânia

Homem é preso suspeito de aplicar golpe de adoção de órfão ucraniano em Goiânia

Segundo polícia, ele teria cobrado mais de R$ 10 mil de vítima com a promessa de facilitar o processo

Publicado em 21 de junho de 2022 às 07:16

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Um homem de 64 anos foi preso em Belém, no Pará, depois de receber 2.000 euros (R$ 10.900) de uma mulher de Goiás a quem ele teria prometido facilitar a adoção de uma bebê ucraniana que ficou órfã durante a guerra contra a Rússia. Auly Rosa de Paula foi preso na última quarta-feira (15), em operação conjunta das polícias Civis dos dois estados. Até o início da noite desta segunda, ele não havia constituído advogado, e a reportagem não conseguiu ouvi-lo.

Policiais de Goiás em operação que prendeu suspeito de aplicar golpe prometendo facilitar adoção de suposta criança ucraniana órfã da guerra.
Policiais de Goiás em operação que prendeu suspeito de aplicar golpe prometendo facilitar adoção de suposta criança ucraniana órfã da guerra. (PCGO/Divulgação)

A investigação começou em abril, depois de a mulher fazer a segunda transferência de dinheiro para a conta bancária do suspeito. Ela procurou uma delegacia depois que o homem parou de responder.

O delegado Paulo Ludovico, da Polícia Civil de Goiás, disse que o suspeito ganhou a confiança da vítima após dizer que era poliglota e que mantinha contato com jornalistas de guerra.

Com o passar dos dias, segundo a polícia, ao perceber que a mulher acreditava em sua versão, o suspeito também passou a citar nomes de diretores de TV para se aproximar ainda mais dela. "Ele foi se aproximando da família da mulher, e ela confidenciou que tinha interesse em ter outro filho. Passado um tempo, ele encaminhou mensagens no WhatsApp falando que estava na Polônia, com a equipe para fazer cobertura da guerra, e que alguns jornalistas estavam fazendo adoção de crianças órfãs e solicitou 5.000 euros [R$ 27 mil]", disse o delegado. Depois de negociarem, ele aceitou diminuir o pedido para 2.000 euros, de acordo com a polícia.

"Ela teve gravidez psicológica, mas ele cessou o contato com ela, em seguida", afirmou o delegado, com base nas informações do depoimento da vítima.

Dias depois, a mulher recebeu ligação de um novo número de telefone, dizendo que todo material de comunicação do suspeito e da suposta equipe de jornalistas tinha sido apreendido pelo Exército russo e, por isso, o contato com ela teria sido interrompido. O delegado diz que a principal hipótese é que o próprio fez a ligação.

A investigação aponta que o idoso continuou no Brasil durante todo o período do suposto golpe. "Ele não viajou para o exterior. O que a gente tem aqui é que ele cometeu todo o crime sozinho, sem nenhum comparsa, e ficou com todo o valor", disse Ludovico.

De acordo com a investigação, uma parte do dinheiro foi transferida pela mulher para o suspeito em março deste ano, assim que ele conheceu a família dela, e a outra, em abril.

A Polícia Civil informou que o idoso tem 24 passagens pela polícia no total, por falsificação de documento, estelionato, roubo, extorsão e homicídio. Ele também estava foragido da Justiça do Pará e, agora, a Polícia Civil de Goiás quer que ele seja transferido para Goiânia para responder por estelionato. "Caso queiram adotar alguém, deve-se seguir todos os trâmites de adoção e sempre questionar e duvidar de qualquer facilitação porque não existe facilitação para poder adotar qualquer pessoa", alertou o delegado.

Para formalizar um pedido de adoção, as pessoas interessadas devem iniciar o processo na Vara de Infância e Juventude mais próxima de sua residência. Em algumas cidades, é possível fazer o pré-cadastro no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, desenvolvido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

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