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Helicóptero desaparecido é localizado em mata em SP; não há sobreviventes

Helicóptero desaparecido é localizado em mata em SP; não há sobreviventes

Aeronave com quatro pessoas a bordo havia desaparecido na tarde de 31 de dezembro após adentrar em trecho de forte neblina

Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 11:32- Atualizado há 4 meses

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Destroços com identificação do helicóptero encontrado pela Força Aérea Brasileira na cidade de Paraibuna, no interior de São Paulo
Destroços do helicóptero encontrado cidade de Paraibuna, no interior de São Paulo . (Divulgação)

Após 11 dias de procura, o helicóptero que desapareceu em São Paulo foi localizado em área de mata em Paraibuna, na manhã desta sexta-feira (12). Imagem divulgada pela Polícia Militar mostra destroços do helicóptero em meio a vegetação fechada. De acordo com a PM, não há sobreviventes na aeronave.

Estavam a bordo o empresário Raphael Torres, 41, a vendedora de roupas Luciana Marley Rodzewics Santos, 46, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, e o piloto Cassiano Tete Teodoro.

"Todos os corpos foram encontrados dentro da aeronave. Todos estão mortos", disse o coronel Ronaldo B. de Oliveira, comandante da Aviação da PM.

O helicóptero com quatro pessoas desapareceu na tarde de 31 de dezembro após adentrar em trecho de forte neblina no trajeto entre a cidade de São Paulo e o município de Ilhabela, no litoral norte do estado. Vídeo e mensagens enviadas por piloto e passageira reportaram ausência de visibilidade para sobrevoar a serra do Mar e um pouso às margens de uma represa em Paraibuna.

Desde o primeiro dia do ano, as buscas eram feitas com helicópteros e aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), Polícia Militar e Polícia Civil. O trabalho ganhou reforço de equipes do Exército. A família do piloto e a empresa CBA Investimento, operadora da aeronave, também mantinha buscas em solo com cerca de 20 mateiros usando drones, binóculos e outros equipamentos.

Entre as vítimas, Luciana Marley Rodzewics Santos e a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, moravam na zona norte da capital paulista, no bairro do Limão. Segundo os familiares, elas foram convidadas por Raphael Torres, amigo da mãe, para passar a virada do ano em Ilhabela, no litoral paulista.

Durante a viagem, o empresário Raphael Torres chegou a avisar o filho por uma mensagem de áudio sobre as condições climáticas adversas na cidade litorânea e indicou que a aeronave faria uma mudança de rota para Ubatuba.

"Filho, eu vi que você leu a minha mensagem agora, acho que vou para Ubatuba. Ilhabela está ruim. Não consigo chegar", disse.

Em mensagem para o namorado, Letícia também falou do mau tempo. "Pousamos" e "No meio do mato", escreveu a jovem. O namorado então teria perguntado o local do pouso, e Letícia respondeu não saber.

Por volta das 14h do domingo, a jovem enviou um vídeo que mostrava forte neblina ao redor da aeronave. "Tá perigoso. Muita neblina. Eu estou voltando".

Os tripulantes pararam de fazer contato após o pouso às margens de uma represa em Paraibuna, no Vale do Paraíba, que investigadores acreditam ter sido feito para esperar passar o mau tempo.

O celular de Luciana parou de emitir sinais às 22h14 do dia 1º de janeiro, dia seguinte ao desaparecimento.

"Se o telefone da Luciana ficou funcionando até o dia 1º, às 22h14, que estávamos monitorando, ele ficou fora da água. Na água ele não iria transmitir [sinal]", afirmou à TV o delegado Paulo Sérgio Pilz no sábado (6).

As autoridades investigam se os passageiros eram conduzidos por um serviço irregular de táxi aéreo. O piloto Cassiano Teodoro teve sua licença e todas as habilitações cassadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em setembro de 2021 por transporte aéreo clandestino, fraudes em planos de voo e após ter escapado de uma fiscalização.

Ele obteve uma nova licença em outubro do ano passado, após ficar afastado pelo prazo máximo de dois anos, mas, segundo a agência de aviação, ainda não estava habilitado a realizar voos com passageiros.

Além disso, a empresa que operava o helicóptero tampouco tinha autorização para transporte aéreo de passageiros e, em 2022, o MPF (Ministério Público Federal) recomendou que várias empresas de aviação se abstivessem de alugar aeronaves às companhias de Teodoro, após identificar que ele atuava de forma clandestina.

A defesa de Teodoro afirma que houve uma punição indevida contra o piloto e que fiscais da Anac cometeram irregularidade durante uma fiscalização.

A reportagem obteve dois áudios da conversa entre o piloto e Jorge Maroum, dono do heliponto Maroum, onde o helicóptero deveria ter pousado em Ilhabela.

Teodoro solicitou que Maroun providenciasse um táxi para buscar os passageiros após o pouso no litoral. Pouco depois, o piloto e o dono do heliponto passaram a conversar sobre as condições meteorológicas que estavam atrasando a chegada do grupo a Ilhabela.

"Eu estou na fazendinha, mas não estou conseguindo cruzar, tá tudo fechado, tá colado [quando a camada de nuvem está 'colada' ao chão, impedindo visão horizontal e vertical]", relatou o piloto.

Segundo Maroum, fazendinha é como os pilotos costumam chamar uma parte mais baixa da Serra do Mar, antes da chegada a Caraguatatuba.

Para Maroum, cercado pela neblina o piloto pode ter tido uma "desorientação espacial". "Como se estivesse num labirinto", disse.

Errata Atualização
12 de janeiro de 2024 às 13:41

Esta reportagem foi atualizada com a informação da Polícia Militar de São Paulo de que não há sobreviventes entre as vítimas da queda do helicóptero.

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