Publicado em 17 de julho de 2020 às 10:29
Entidades ligadas à educação esperam que o novo ministro aprofunde o diálogo para a solução dos problemas, especialmente no contexto de desafios impostos pela pandemia do coronavírus. "Estamos aqui na ponta, precisamos ser ouvidos. Esperamos que o ministro nos escute e leve em consideração nossos questionamentos", diz Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). >
Segundo Cecilia, eventual retorno às aulas presenciais após mais de quatro meses com as escolas fechadas exigirá uma série de mudanças nas instituições de ensino. Ela cita desde a necessidade de lavatórios até readequações no corpo docente para contemplar professores com comorbidades. "Deverá haver aporte financeiro do MEC. Temos de voltar e várias coisas terão de ser adquiridas.">
Para Edward Madureira Brasil, vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), também é preciso que o ministro estabeleça relação de confiança com as universidades federais. "O que a Andifes espera é diálogo, algo que foi muito difícil com o ministro nesse período." A associação também pleiteia um alívio nas restrições orçamentárias, para que as universidades consigam cumprir seu papel. Durante a gestão de Abraham Weintraub houve bloqueio de recursos das instituições de ensino superior, o que motivou muitos protestos.>
"Com o financiamento adequado, as universidades conseguem fazer muita coisa. Esse não pode ser um ponto de preocupação. A universidade tem de se preocupar com problemas reais, como o desenvolvimento de vacinas e respiradores", diz o vice-presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele também espera que seja respeitada a autonomia das universidades em relação à nomeação de reitores. O MEC chegou a nomear reitores que não haviam sido escolhidos pela comunidade universitária.>
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Para Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, é urgente que o MEC se responsabilize pela coordenação de ações "para minimizar impactos brutais na educação básica por causa da crise provocada pela Covid". Essa resposta educacional à pandemia tem sido dada pelos secretários de Educação e pelo Conselho Nacional de Educação. Além de ações emergenciais, há ainda ações estruturantes como melhorar a formação inicial dos professores e o apoio à educação de tempo integral.>
Segundo ela, até agora não só deixou de haver diálogo com entidades que compõem a gestão pública da educação como as "pontes foram explodidas". "O diálogo não é apenas para dar maior legitimidade às ações. A articulação é necessária porque a implementação das políticas passa por vários atores que precisam ter alinhamento. Sem isso, a formulação perde a força. O MEC se isolou esse tempo todo, abdicou do seu poder de influência e contribuição.">
Em relação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), cuja continuidade deve ser votada na Câmara na semana que vem, o melhor que o MEC tem a fazer é apoiar a aprovação do texto, diz Priscila.>
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