Publicado em 12 de maio de 2020 às 10:30
Dias depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter declarado inconstitucional, por unanimidade, uma lei municipal que vetava a discussão de gênero em escolas em Novo Gama (GO), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei federal com teor semelhante.>
Em 24 de abril, os 11 ministros da Corte votaram contra uma lei de Novo Gama sobre a chamada "ideologia de gênero".>
A expressão não é reconhecida no universo educacional. É usada por grupos conservadores e religiosos contrários ao debate sobre diversidade sexual e identidade de gênero.>
Nesta terça-feira (12), pouco antes de participar de cerimônia de hasteamento da bandeira nacional em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro conversou com o padre Pedro Stepien, que é um apoiador do mandatário, e com um grupo de crianças trazidas pelo religioso.>
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A pedido de Stepien, as crianças passaram a ler mensagens para Bolsonaro, entre elas uma que dizia: "nós crianças não queremos ideologia de gênero".>
"Sabemos que, por 11 a 0, o STF derrubou uma lei municipal que proibia ideologia de gênero. Já pedi ontem para o [major] Jorge [Oliveira], nosso ministro [da Secretaria-Geral], para que providenciasse uma lei, um projeto federal. E devemos apresentar hoje esse projeto com urgência constitucional", respondeu Bolsonaro.>
O Supremo julgou uma ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), proposta pela PGR (Procuradoria-Geral da República), contra a lei municipal de 2015.>
Pela lei derrubada na Corte, era proibido "material com informações de ideologia de gênero" nas escolas de Novo Gama.>
O combate a abordagens de gênero ganhou força no Brasil com o movimento chamado Escola Sem Partido e também por iniciativas legislativas ligadas a grupos bolsonaristas.>
O relator da ação no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, concordou com o entendimento da PGR de que a lei viola de modo "formal e material" princípios e dispositivos constitucionais.>
Segundo a PGR, a lei do município goiano feria, entre outros pontos, o direito à igualdade, a laicidade do Estado, a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, o direito à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento.>
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