> >
Em meio à pandemia, Bolsonaro quer barrar 'ideologia de gênero'

Em meio à pandemia, Bolsonaro quer barrar 'ideologia de gênero'

O presidente prometeu enviar ao Congresso um projeto de lei que proíba discussões sobre gênero nas escolas. Ele usa uma expressão que nem é reconhecida no universo educacional

Publicado em 12 de maio de 2020 às 10:30

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Dias depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter declarado inconstitucional, por unanimidade, uma lei municipal que vetava a discussão de gênero em escolas em Novo Gama (GO), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei federal com teor semelhante.

O presidente da República,Jair Bolsonaro, participa do lançamento da nova linha de crédito imobiliário com taxa fixa da Caixa Econômica Federal
Jair Bolsonaro tem um histórico de declarações homofóbicas e uso de desinformação quando se trata de questões de gênero. O discurso encontra eco em seus apoiadores . (Antonio Cruz/Agência Brasil )

Em 24 de abril, os 11 ministros da Corte votaram contra uma lei de Novo Gama sobre a chamada "ideologia de gênero".

A expressão não é reconhecida no universo educacional. É usada por grupos conservadores e religiosos contrários ao debate sobre diversidade sexual e identidade de gênero.

Nesta terça-feira (12), pouco antes de participar de cerimônia de hasteamento da bandeira nacional em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro conversou com o padre Pedro Stepien, que é um apoiador do mandatário, e com um grupo de crianças trazidas pelo religioso.

A pedido de Stepien, as crianças passaram a ler mensagens para Bolsonaro, entre elas uma que dizia: "nós crianças não queremos ideologia de gênero".

"Sabemos que, por 11 a 0, o STF derrubou uma lei municipal que proibia ideologia de gênero. Já pedi ontem para o [major] Jorge [Oliveira], nosso ministro [da Secretaria-Geral], para que providenciasse uma lei, um projeto federal. E devemos apresentar hoje esse projeto com urgência constitucional", respondeu Bolsonaro.

O Supremo julgou uma ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), proposta pela PGR (Procuradoria-Geral da República), contra a lei municipal de 2015.

Pela lei derrubada na Corte, era proibido "material com informações de ideologia de gênero" nas escolas de Novo Gama.

O combate a abordagens de gênero ganhou força no Brasil com o movimento chamado Escola Sem Partido e também por iniciativas legislativas ligadas a grupos bolsonaristas.

O relator da ação no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, concordou com o entendimento da PGR de que a lei viola de modo "formal e material" princípios e dispositivos constitucionais.

Segundo a PGR, a lei do município goiano feria, entre outros pontos, o direito à igualdade, a laicidade do Estado, a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, o direito à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais