Publicado em 17 de dezembro de 2021 às 10:46
O presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém o pior nível de avaliação de seu governo neste final de terceiro ano de mandato, com 53% dos brasileiros reprovando a forma com que administra o país.>
O dado foi aferido pelo Datafolha, em pesquisa realizada em 191 cidades do país. Nela, foram ouvidas 3.666 pessoas presencialmente, de 13 a 16 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. >
Segundo o instituto, apenas 22% dos entrevistados considera o governo de Bolsonaro bom ou ótimo, enquanto 24% o avaliam como regular. Já 1% não opina.>
Os dados mostram uma estabilidade em relação à pesquisa anterior, de 13 a 15 de setembro. Ao longo desses três anos, a reprovação de Bolsonaro ultrapassou a aprovação já após oito meses de mandato, no longínquo agosto de 2019.>
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Dali em diante, com a chegada da pandemia em 2020, chegou a um ápice em junho daquele ano, com 44% de ruim/péssimo. O auxílio emergencial aos mais afetados na crise fez efeito, e Bolsonaro viu sua reprovação cair a 32% dezembro passado.>
De lá para cá, contudo, ela só fez subir, chegando ao nível dos 53% em setembro deste ano. Concorrem muito para essa deterioração a piora no ambiente econômico e social, devido à recessão técnica em que o país está e ao aumento da inflação.>
Até o 7 de Setembro, quando Bolsonaro promoveu um desafio golpista ao Judiciário, a crise institucional também tornava o ambiente político turbulento de forma apoplética. Atos de rua que vinham ganhando corpo contra o presidente, contudo, refluíram e sumiram da paisagem política.>
A relativa acomodação depois que o presidente selou o casamento com o centrão, simbolizado na entrada do PP no núcleo do governo e na sua filiação ao PL, reduziu a balbúrdia, mas é especulação associar isso à estabilização dos indicadores ocorrida no mesmo período.>
Seja como for, Bolsonaro só perde para Fernando Collor de Mello (PRN) em termos de reprovação de um presidente eleito diretamente em primeiro mandato desde a redemocratização. O hoje senador tinha 68% de ruim/péssimo em altura um pouco anterior do governo (2 anos e 6 meses), mas já estava no fogo do impeachment que o fez renunciar em dezembro de 1992.>
A mais bem avaliada pessoa nessa condição foi Dilma Rousseff (PT) em dezembro de 2013, quando tinha 41% de ótimo/bom e apenas 17% de ruim/péssimo. Sinal da impermanência da política, três anos depois o presidente era o seu altamente impopular vice, Michel Temer (MDB), no cargo após o impedimento da chefe.>
A aprovação de Bolsonaro seguiu estável, com alguns pontos altos, do início do governo até março deste ano. A partir daí, caiu do patamar dos 30% para o dos 20%.>
Tudo isso tem reflexo eleitoral, é claro. O mesmo levantamento do Datafolha apontou que Bolsonaro é rejeitado, como candidato à reeleição, por 60% dos ouvidos. Ele tem na corrida 22% a 23% das intenções de voto a depender do cenário, algo em linha com sua aprovação —mas bastante abaixo do líder da corrida agora, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que bate quase em 50%.>
O mesmo espelhamento com o desempenho eleitoral se vê na estratificação da pesquisa. Nos segmentos mais relevantes em termos de amostra, Bolsonaro é mais reprovado como governante no Nordeste (58% de ruim/péssimo) e entre jovens de 16 a 24 anos (59%).>
Como na avaliação eleitoral, tem baixa aprovação entre os 51% que ganham até 2 salários mínimos (17% de ótimo/bom) e melhor desempenho entre os mais ricos (28%, 31% e 28% entre quem ganha de 2 a 5 mínimos, de 5 a 10 ou mais de 10, respectivamente).>
O único segmento em que sua aprovação supera a desaprovação, de resto repetindo a simpatia em todos os itens pesquisados pelo Datafolha, é o dos empresários. Lá, tem 50% de ótimo/bom, ante 36% de ruim/péssimo. Numericamente, o grupo representa só 3% da amostra.>
Entre sua base evangélica, recentemente brindada com um ministro do Supremo "terrivelmente" aderente a ela, Bolsonaro ainda é mais mal avaliado, ainda que de forma menos chamativa: 39% o reprovam, enquanto 33% o aprovam.>
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